019 - Vulnerabilidade

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— Alune?! - Layla exclama e sua voz ecoa fortemente dentro da minha cabeça.

— Fala cacete. - Me viro nervosa chocando meu corpo contra o seu que estava encostado em minhas costas.

— Por que está estranha? - Ela pergunta com os olhos confusos e preocupados.

— Eu não estou estranha. - Me viro novamente para o espelho e continuo organizando as sombras e maquiagens na bancada antes de começar a executar a maquiagem.

— Sim você está! - Diz a garota novamente elevando o tom de voz.

Depois do ocorrido na casa dos Kaulitz e da grande notícia que eu recebi, eu confesso, tenho sim agido de forma incoerente com minha própria personalidade.

Mesmo sendo uma pessoa reclusa, eu nunca fui de me irritar com facilidade ou ficar nervosa constantemente. E é exatamente por isso que estou passando agora.

Eu ainda não contei para Layla sobre meu beijo com o garoto, e honestamente não sei se pretendo contar. Para ser sincera, eu não queria descobrir qual seria sua possível futura reação. Por mais que meu cérebro já processasse ela mentalmente, eu não tinha vontade de materializar essa cena.

Quando saímos do bairro antigo de Tom, viemos diretamente para a fraternidade onde encontramos o resto do pessoal se perguntando o que havia acontecido para que aquela bagunça ter aparecido. A ruiva me lançou olhares estranhos e confusos ao nos ver passar pela porta principal, provavelmente por pensar besteira. Naquela altura eu não queria dar explicações definitivas do ocorrido, para ninguém.

Mesmo sem combinar, eu e o guitarrista dissemos que eu havia passado mal e ele chegou por acaso me ajudando a ir no hospital. Foi engraçado a cena, nos entreolharmos confusos ao dizermos o mesmo em sincronia.

Os garotos começaram a perguntar se estava tudo bem e eu disse que havia sido apenas um episódio de labirintite, o problema foi Layla ter me questionado sobre eu nunca ter dito sobre para ela, foi aí que eu criei mais uma história.

Ficamos alguns minutos para convencê-los, mas no final tudo se acalmou, pelo menos eu acredito que sim. Até que todos foram para seus quartos e eu fui para o de hóspedes dormir sozinha.

No meio da noite, eu não conseguia dormir, pensei em visitar o quarto de Bill para que ele me fizesse companhia, porém tive medo de que ele entendesse errado, mesmo sabendo que ele é o Bill, preferi não incomoda-lo. Por essa razão também, não dormi nem um pouco essa noite.

A noite foi extremamente longa e complexa para mim. Dores de cabeça vinham como um soco dentro do meu cérebro e aquilo beirava o insuportável. Eu não conseguia juntar forças para me levantar e pegar algum medicamento ou algo do tipo, meu corpo enfraquecia a cada pontada dentro de mim.

Eu suava tão frio que o calor dos cobertores se tornavam pedras de gelo. Arrepios percorriam minha espinha e eu sentia que alguém entraria em meu quarto a qualquer momento.

As janelas faziam barulho ao choque contra o vento e meu corpo pulava do colchão todas as vezes. Minha boca era tão seca que eu podia sentir os rachados que se formavam e rasgavam meus lábios.

Meu corpo se movia de um lado para o outro na tentativa de buscar socorro, e nada adiantava. Quando eu menos percebi, o sol arrebentava as cortinas do quarto e o calor me informava que a madrugada angustiante chegara ao fim.

Ouvi barulhos vindos de fora e não entendia muito bem as palavras exclamadas pela figura feminina ao externo do quarto. Me levantei meio bamba e pulei no banheiro encarando a dura realidade de uma longa noite em claro.

PROMISE - Tokio HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora