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" "Do Not enter" is written on the doorway Why can't everyone Just Go away? Except you, you can stay"— Treehouse — Alex G, Emily Yacina

Tara's Point of view

"Porque eu gosto de você" foi o que Amber falou, por alguns minutos meu mundo parou, um nervosismo completou todo vazio no meu corpo, olhei a garota com meus olhos arregalados enquanto um sorriso brotava lentamente no meu rosto, Amber percebeu depois do meu silêncio tão constante.

—Não romanticamente! Como amiga, óbvio.— Meu pequeno sorriso se desfez, olhei pra frente evitando qualquer tipo de contato visual com Amber, ri de nervoso e voltei a olhar a garota.

—Eu sei, boba.— Empurrei ela de leve e sorri fraco, continuei comendo o sorvete em silêncio até eu ver em reflexo Mindy atravessar a porta.

—Ops! Foi mal aí! Não sabia que vocês estavam aqui, vim tomar sorvete antes de ir pra casa de uma gatinha aí.— Mindy me olhava com um olhar de desculpas.

—Mindy! Senta com a gente, não tem problema.— Olhei para a Freeman, ela também me olhava com um olhar de desculpas, como se tivesse se arrependido do que falou, a garota sorriu de canto, devolvi de supetão o ato da garota, isso era inevitável.

Mindy pegou seu sorvete e se sentou com a gente, a garota tinha um arco íris em seu pote.

—Voce parece eu quando era criança misturando um monte de massinha pra saber que cor ia dar.— Falei e as garotas riram.

—Aí vamo no cinema amanhã? Eu e a liv estávamos vendo de ir, você pode ir também se quiser Amber.— Olhei para Amber esperando a resposta da mesma, ela olhou para mim e para Mindy, sorriu e assentou com a cabeça.

—Obvio que eu vou.— Sorri animada, Mindy me olhava com um sorriso malicioso, aquilo foi uma forma de se desculpar por "arruinar" meu "encontro".

Ficamos conversando por vários minutos sobre assuntos sem nexo, eu havia esquecido completamente do que tinha acontecido e aparente Amber também. Estávamos rindo até o celular da Freeman tocar, ela pegou o telefone e leu a mensagem, a garota pareceu nervosa e logo se levantou.

—Galera tá bom o papo mas eu tenho que ir, minha mãe e meu pai estão na cidade e querem me ver.— Amber abraçou Mindy e logo me abraçou só que mais demorado, ela separou o abraço e me olhou com seus olhos um tanto quanto arrependidos.—Tchau.— A Freeman hesitou um pouco mas logo saiu da sorveteria, acompanhei a garota até ela sumir de vista, ela parecia muito nervosa, suspirei e percebi o olhar de Mindy sobre mim.

—O que foi?

—Voce gosta da Amber?—engoli seco com a pergunta, eu sabia que eu não gostava de Amber, mas aquela pergunta me deixou sem reação, em alguma parte de mim eu não sabia a resposta.

—Não, ela é minha amiga e só isso Mindy! A gente se conhece a duas semanas só! Eu sou lésbica mas não sou emocionada.— A cacheada riu, ela claramente não ia levar minha resposta em consideração.— Você e Liv não estavam vendo de ir no cinema merda nenhuma né?

—Nao né! Mas você é tão brocha que eu tenho que descolar o encontro pra você, duas vezes! Na terceira você vai me dar alguma coisa!— Eu ri, talvez a ideia de eu e Amber sermos só amigas não entrou na cabeça de Mindy ainda.

—Muito obrigado salvadora das extras virgens!— Falei ironicamente e Mindy riu, eu confesso que estava sentido falta de passar tempo com ela, só eu e ela. Sempre foi eu e Mindy desde crianças, eu amo minha amizade com ela e não trocaria isso por nada, ela sempre esteve lá por mim quando eu chorava pela minha mãe e minha irmã, em meu aniversário de 15 nenhuma das pessoas que eu havia chamado apareceu, quando Mindy viu isso ela me levou ao parque de diversões que estava aberto no momento, a garota fez aquele o meu melhor aniversário, quando meu pai morreu ela passou o dia inteiro comigo apenas enxugando minhas lágrimas até eu dormir. Quero dizer que Mindy Meeks é a melhor amiga que eu poderia ter e nada se compara ao amor fraternal que eu sinto por ela, eu morreria por Mindy e eu sei que ela também morreria por mim, isso tudo faz nossa amizade ser incrível.

Amber's Point of View

Caminhei até minha casa desesperadamente, minha mãe e meu pai chegaram na cidade de surpresa, aquilo me deixou nervosa porque eu sabia que tinha algo a mais nisso.

—Oi mãe, oi pai!—Gritei assim que entrei em casa, me deparei apenas com minha mãe na cozinha, estranhei a ausência de meu pai.

—Oi meu amor! Eu tava morrendo de saudade de você!—Minha mãe se levantou e me abraçou me dando um beijo na bochecha.

—Aposto que estava, aonde está o papai?— Procurei ele olhando para os cantos, minha mãe fechou a cara na hora e seus olhos ficaram marejados.— O que foi? Aconteceu algo com ele?— Perguntei desesperada, me sentei na cadeira assim como minha mãe fez, a mulher me olhou e segurou minhas duas mãos.

—Querida, era isso que eu queria te falar...—Ela encheu seus pulmões de ar e soltou—...eu e seu pai estamos nos divorciando.— Minhas mãos começaram a tremer assim que minha mãe falou, meus olhos encheram de água, meu pai e minha mãe eram inseparáveis em minha visão.—Seu pai e eu não estávamos nos dando bem mais e ele se apaixonou por outra pessoa, não fique brava com ele, nós dois estamos muito bem resolvidos.— Eu respirava sem controle tentando absorver as palavras de minha mãe.

—Por que você não me contou antes?

—Preferi falar isso pessoalmente, eu vim pegar alguns documentos que faltavam, mas eu já vou ter que ir.— Minha mãe se levantou vindo em minha direção me abraçar.

—Voce só veio pra isso? Pensei que iria passar algum tempo comigo dessa vez.— Neguei o abraço da mais velha, ela me olhou com aquele olhar, o olhar que ela me olhava para pedir desculpas, para mentir que iria compensar as horas perdidas, pra mentir que ia vir me ver outro dia. As lágrimas começaram a cair e minha mãe me abraçou, eu não quis resistir, só queria que aquilo acabasse logo, só queria que ela fosse embora de novo, eu não tinha mais um pai presente, não que eu tinha antes, mas agora eu não vou ter de maneira alguma.
Minha mãe se separou do abraço limpando minhas lágrimas, logo ela saiu para pegar os documentos que já estávamos separados em cima do armário.

—Eu sinto muito querida, tudo vai dar certo! Mamãe promete, você sabe que eu te amo mais do que tudo nesse mundo e que sempre vai ser eu e você pra sempre né? Eu te amo, volto logo.— Ela sussurrou em meu ouvido depositando depois um beijo em minha testa, assentei com a cabeça e sorri fraco pra mais velha que fez o mesmo e logo foi embora. Meus lábios tremiam e eu chorava como uma criança, as palavras da minha mãe soavam como mentira até porque elas eram, era uma droga ser sozinha, era uma droga não ter uma família presente, era uma droga não ter amor o suficiente.
Chorei por alguns longos minutos, logo parei tentando distrair minha cabeça com uma série qualquer que passava na tv.
Eu mexia em meu celular vendo apenas vídeos no tik tok, de repente recebi uma mensagem de Tara, sorri de leve rapidamente, hoje eu e ela estávamos de boa de novo, não que já não estivéssemos, eu só tava sendo uma babaca como sempre.

*chat com "Tara gatinha" on*

Tara gatinha: Como foi com seus pais?

Voce: uma merda, minha mãe já foi embora

Tara gatinha: Quer que eu vá aí? Podemos continuar nossa maratona e conversar se quiser😄

Você: quero, vem e trás chocolate, quero explodir de tanto comer chocolate

Tara gatinha: ao seu dispor 🫡 estou indo, aguenta ai

*chat com "Tara gatinha" off*

Sorri de imediato com todas as mensagens de Tara, eu amo o jeito que ela se preocupa e cuida de mim, Tara merece todo o amor e carinho do mundo, ela é a garota mais gentil que eu já conheci e o jeito dela é tão encantador. É uma droga meus sentimentos em relação a Tara serem tão confusos e tão novos, eu nunca me senti assim por nenhuma garota antes, eu achava que era hétero, eu sou hétero, mas o que diabos eu sinto por Tara? Isso não é normal e eu sei que não, mas eu não quero estragar nada e nem machucar ela com minha confusão então eu prefiro só ignorar tudo, sempre ignorar tudo.

Moonlight - Tamber Onde histórias criam vida. Descubra agora