Capítulo 21

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Um mês depois...

Juliette pov

Um mês já tinha se passado e as coisas estavam um pouco piores do que no dia que a gente descobriu o aborto da Sarah. Eu tô cuidando da minha empresa e da empresa dela nesse tempo, a Sarah continua muito mal com tudo, já tem dias que ela não come, não dorme direito. Ela emagreceu um pouco por conta de não estar se alimentando bem, a gente vive insistindo para ela e ela sempre diz que depois ela come. A maioria das madrugadas ela passa em claro, chorando.

Eu também estou muito mal com tudo, mas eu preciso me manter forte por ela, estou guardando tudo que eu sinto só para cuidar dela, ela precisa de mim e eu estou deixando meus problemas de lado. Sempre tem alguém 24 horas em casa, nunca deixamos ela sozinha, por medo de acontecer alguma coisa. Minha mãe está o tempo inteiro aqui, ela passa horas e horas no quarto conversando com a Sarah.

Vejo que a Sarah considera ela como uma segunda mãe, ela sempre desabafa com a minha mãe e sempre pede conselhos para ela também. Essa madrugada foi mais uma que passamos em claro, eu estou acabada mas ainda preciso ir para as empresas, a única pessoa que eu conseguia conversar sobre tudo isso era a Pocah. O Gil também me aconselhava muito, mas o coitado está atolado de serviço, eu deixei praticamente tudo na mão dele, não tínhamos nem tempo de falar "oi" um para o outro. Eu sempre ia primeiro para a Opya e depois para a minha empresa, essa estava sendo a minha rotina nesse mês que passou.

Era da casa para as empresas e das empresas para a casa, chegava e ajudava a Luana com a Sarah. Já teve várias vezes que eu cheguei e a Luana estava desesperada porque a Sarah estava tendo alguma crise, era difícil acalmar ela, mas eu já tinha pegado alguns métodos que acalmava ela um pouco mais rápido. Estávamos indo atrás de uma psicóloga confiável para ela, eu sei que nos primeiros dias vai ser difícil, até porque a Sarah não está conversando direito nem com nós aqui de casa.

Minha mãe já tinha chegado em casa e ela estava no quarto com a Sarah, ela disse que tentaria fazer ela comer pelo menos um pouco do café da manhã. Era meio difícil, esse horário era sempre quando ela conseguia pegar no sono e dormia pelo menos até a hora do almoço, ou acordava um pouco antes. Luana estava sentada na mesa comigo, comia tudo em silêncio. Nossos dias eram assim agora, um silêncio absurdo. Sentia falta de ter a Sarah na parte das manhãs comendo com a gente, ela nunca deixaria esse silêncio, estaria sempre puxando algum assunto. Vejo minha mãe descer com a bandeja de café e colocando ela em cima da mesa.

Juliette: Ela comeu? - minha mãe negou e eu respirei fundo.

Fátima: Não quis nem as frutas. Você conseguiu algum psicólogo para ela? - eu neguei.

Juliette: Pedi pra Pocah procurar alguns para mim, vou ver se ela conseguiu e vou entrar em contato com eles hoje mesmo.

Luana: Eu nunca vi ela tão mal desse jeito.

Juliette: Logo, logo vamos sair dessa. Precisamos lembrar que tudo é uma fase, algumas boas e outras ruins. Infelizmente estamos passando pela ruim agora.

Fátima: Não é fácil aceitar a perda de um filho, você sabe o que ela está sentindo, Juh. - eu apenas concordei e me levantei.

Fui até a dispensa e peguei um chocolate, eu sabia que não era a melhor coisa para se comer na parte da manhã, mas era o preferido dela e eu iria deixar ao lado dela. Subi para o quarto e assim que eu entrei nele eu vi ela enrolada no cobertor, o quarto estava gelado por conta do ar-condicionado. Me aproximei da cama e sentei perto dela, tirei algumas mechas do seu cabelo que caiam em seu rosto e fiz um carinho nela.

Juliette: Eu preciso ir para a empresa agora, mas logo eu estou de volta. Vou deixar aqui o chocolate que você ama, come um pouco pelo menos. Eu amo você! - dei um beijo em sua bochecha e sai do quarto.

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