1. Eu me caso com um sociopata

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Estava terminando de ajeitar a parte da frente de minha saia, tentando retirar um leve amassado que havia se formado ali.

Suspirei me avaliando no espelho. A saia de cintura alta que caía como uma cascata branca da coxa até a parte de trás de meus tornozelos estava perfeita. E o top branco de renda, também estava lindo, se agarrando perfeitamente às curvas de meu corpo.

A garota de cabelos negros e pele morena me encarou de volta com seus olhos verdes. Ela parecia muito triste.

Meus devaneios foram interrompidos com a entrada de Caroline no meu quarto. Ela usava um vestido azul claro na altura dos joelhos, que deixava seus olhos azuis e cabelo louro em destaque.

— Ainda não está pronta, Bonnie? — disse Caroline em exasperação, pegando minha tiara de flores sobre a cama.

Eu odiava aquela coisa, pois esperava todo meu crânio, mas era obrigatório que a usasse na cerimônia.

Caroline se adiantou, colocando—a em minha cabeça.

— O sol já está quase se pondo. E estamos atrasadas.

— Se dependesse de mim, trocaria tudo isso por dez anos — dei de ombros, tentando não deixar transparecer a agonia e a amargura que me corroía, embora, fosse algo visível. Caroline percebeu, pois parou de alisar o amassado em minha saia . Colocou as mãos em meus ombros e olhou—me seriamente.

— Bonnie, sabe que não precisa fazer isso, não é? Se quiser desistir, nós paramos com essa besteira agora, mesmo...

— Care, está decidido — disse eu calmamente.

— Ah, qual é, Bonnie? — ralhou ela, colocando as mãos no quadril. — Você quer realmente passar o resto da sua vida com uma pessoa que você odeia mais do que tudo no mundo?

Claro que eu não queria, mas não havia outra saída. A menos que eu quisesse que todos os meus amigos morressem, o que não era uma opção para mim.

— Não quero mais falar sobre isso — falei, pondo a fim a nossa discussão.

Caroline parecia querer dizer mais alguma coisa, porém, silenciou. E continuou arrumando minha roupa e ajeitando tudo para a cerimônia.

— Care, pode me dar um minuto? — perguntei de súbito. Havia um nó em minha garganta, como quando eu sentia sempre que estava à ponto de chorar. Então, forcei um pequeno sorriso, na tentativa de não ser tão óbvia.

— Claro — murmurou ela notando algo estranho em minha expressão, embora, não tenha dito nada — Eu e Elena a esperamos lá embaixo.

E bateu a porta ao sair.

Imediatamente meus joelhos cederam e eu caí aos prantos. As lágrimas vinham com força como uma represa se rompendo violentamente.

É claro que eu não queria me casar com aquele monstro que tanto me machucara. Queria que ele queimasse no inferno a ter que me casar com aquele sociopata. Eu sentia um ódio tão profundo dele!

Desde o dia em que eu saí daquele Mundo Prisão de 1994, pensava apenas em me vingar, mas nunca tive uma oportunidade, ou talvez, não tivesse coragem suficiente. Após ter conseguido escapar daquele inferno, prometi a mim mesma que nunca mais me deixaria chantagear por ninguém, nunca mais deixaria que usassem a mim novamente. No entanto, foi apenas uma questão de tempo para que a Convenção Gemini — um grupo de bruxos poderosos, liderados pela família Parker — aparecesse na cidade, com aquela mulher detestável, Theodora Nessboth, e começasse a ameaçar meus amigos e a Bonnie boa e prestativa que eu não queria mais ser voltou com toda a força.

E ali estava eu. Me sacrificando de novo pelos que eu amava. Eclipsando todas as minhas chances de ser feliz em prol de outros.

Meu corpo convulsionou em outro forte soluço. Simplesmente não conseguia parar de chorar. Era a sensação mais humilhante de todas! Eu não estava acostumada a ter rompantes deste tipo, mas, essa semana foi muito estressante até mesmo para mim.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora