10. Meu novo colega de quarto

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Me despedi de Damon e Caroline. Eu fiquei muito irritada com minha melhor amiga, mas era praticamente impossível ficar muito tempo sem falar com Caroline Forbes e seus olhos azuis e meigos. Principalmente, quando ela ficava me perseguindo e pedindo desculpas.

Sorri, revirando os olhos e voltando para a cozinha, onde Kai se encontrava.

Ele estava sentado em seu lugar de costume, brincando distraidamente com sua lata de refrigerante vazia. 

Suas sobrancelhas estavam juntas; ele parecia muito preocupado com alguma coisa.

— Vou brigar com você mais vezes assim, de repente, você para de ser tão irritante — provoquei—o.

Seus olhos cinza voltaram para mim. Kai sorriu daquele modo exasperante.

— Então, quer dizer que sua mãe vem nos visitar? — provocou ele.

— Pelo visto, sim — respondi sem olhar para ele, pegando a louça suja sobre a bancada e pondo na pia. 

— Que foi? — perguntou, daquele modo brincalhão, mas havia um quê a mais em sua pergunta, como se estivesse tentando esconder o que realmente sentia — Você tem vergonha de mim?

Continuei colocando os pratos na pia sem olhá—lo nos olhos, porque tinha medo de ter aquela sensação estranha que tinha sempre quando ele estava por perto.

— Sentir vergonha implica em sentir alguma emoção por você — disse bruscamente — Coisa que não sinto. Então, não. 

— Ui! Você acabou de partir meu coração de sociopata — cantarolou, fingindo dor.

Suspirei.

Quando ele vai deixar de ser tão idiota?, me perguntei. Me virei, indo pegar outros pratos na bancada.

— Me passa esse prato, por favor? — pedi, apontando para um que estava em frente à ele.

— Olha, como ela é educada! — disse ele, sorrindo e inclinando para frente, pegando o prato na bancada e o estendendo para mim. Nesse momento, ele se encolheu, fazendo uma careta de dor. Sua mão que segurava o prato tremia levemente.

Eu tinha notado que Kai estava meio esquisito naquela manhã. Percebi quando ele fez uma careta ao abrir a geladeira. Mas como ele sempre foi meio estranho, não me importei.

Entretanto, não deixei de notar que durante o café da manhã, ele não mexia muito o braço direito.

— Tira a camisa — disse eu contornando a bancada indo até ele.

Ele ergueu uma sobrancelha, sorrindo de um jeito totalmente canalha.

— Opa, vai com calma, BonBon. Não vou deixar você se aproveitar do meu corpinho assim — disse, me provocando. Mas pude sentir seu coração acelerando.

Senti um rubor cobrir minhas bochechas.

— Você seria o último homem na face da Terra de quem eu tentaria me aproveitar, Kai — disse eu, tirando o prato de sua mão e colocando na mesa — Agora, tira a droga da camisa.

Seu sorriso divertido diminuiu e sua expressão se tornou desafiadora.

— Por que você quer que eu tire? — perguntou, me encarando.

Ergui uma sobrancelha.

— Porque tem alguma coisa errada com você.

— Bobagem, estou ótimo — disse ele, se virando para a bancada e voltando a mexer naquela lata.

— Para de ser infantil, Malachai, me deixe ver — murmurei, já puxando a manga de sua camisa para cima, mas ele me afastou, bruscamente.

O encarei com uma mistura de raiva e ressentimento. Seus olhos cinzentos focaram nos meus e sua expressão de indiferença sumiu. Ele parecia mais terno.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora