18. Sou dele

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Após nossa descoberta, Kai e eu saímos do hotel.

E durante todo o caminho, pude vê-lo ligando para um monte de pessoas, a maioria, Anciões de nosso clã. Tudo para saber de alguma informação sobre Theodora, mas ninguém a viu mais depois de nossa festa de noivado.

Eu ainda tinha lá minhas dúvidas sobre o tal desaparecimento. Não conseguia confiar em Theodora e não me surpreenderia em nada se descobrisse que ela era cúmplice nesse plano maluco ou que até fosse quem estava matando as garotas.

Mas Kai acreditava cegamente na inocência de sua tia.

Foi um choque para mim saber que Theodora era mesmo parente de Kai. Porém, aos poucos comecei a ligar os pontos. Fisicamente, Kai e Theodora tinham algumas semelhanças — que não sei como não havia notado antes — que eram bem contundentes. Por exemplo, o mesmo sorriso e os mesmos olhos cinzentos. A única diferença era que Kai tinha uma presença mais vivaz, enquanto que a Anciã era mais austera e rígida.

Estacionei o carro em frente ao Mystic Grill, pois havia prometido uma carona à Kai. E nem sei porque fiz aquilo. 

Quando o vi se levantando para ir embora na casa de Caroline, aquela sensação de tristeza se abateu sobre mim. Não queria que ele fosse.

Eu havia passado o resto da noite anterior chorando feito uma idiota. Tudo por causa da minha discussão com Jeremy e Kai. Não suportava a ideia de Jeremy me deixar e muito menos de ficar longe de Kai — o que era muito estranho. Se não fosse Caroline e Elena, eu nem teria forças para levantar hoje.

Vi Kai abrindo a porta do carona para sair, mas virou-se na minha direção.

Seus olhos estavam cheios de uma emoção que nunca pensei que fosse ver nele. Tristeza.

Ele parecia querer dizer alguma coisa. E o modo como seus olhos azuis-cinzentos miravam os meus, fez meu coração acelerar loucamente.

Ele aproximou-se.

E eu comecei a ofegar em antecipação, me perguntando se ele iria me beijar outra vez. Uma parte de mim desejava aquilo com todas as forças.

— Bonnie — sussurrou, igual a noite de nossa União.

E senti seus dedos tocando minha bochecha de leve, acariciando. E como das outras vezes, me inclinei em direção ao seu toque, suspirando de prazer. E cedo demais seu toque quente sumiu de meu rosto e ouvi o som da porta do carro batendo.

Quando abri os olhos, avistando Kai atravessar a rua em direção ao bar.

Havia dois outros garçons do lado de fora, e quando viram Kai, ficaram se cutucando e falando baixo. Silenciaram, quando ele passou perto deles. O bruxo não parecia se importar, simplesmente, passou por eles entrando no Grill.

Respirei fundo e tentei ficar calma, pois a proximidade de Kai sempre me deixava perdida.

Depois, fui para casa. E claro que ao chegar, chequei a secretária eletrônica em busca de alguma mensagem de Jeremy, mas não havia nenhuma. E fiquei desolada com isso. 

Será que ele não quer me ver mais?, perguntei-me, apavorada. 

No entanto, lembrei de que ele me deu um tempo para pensar se realmente queria reatar o que tínhamos.  E a possibilidade de voltar com Jeremy me deixou muito feliz. E me perguntei porque não iria querer ficar com ele? Ele era o que eu mais queria. Éramos compatíveis em tudo. E o amor dele era de um tipo calmo que fazia eu me sentir bem.

Será que ele acha que eu sinto algo por Kai?, pensei de súbito.

Óbvio que ele iria supor isso me vendo no maior amasso com aquele bruxo estúpido. E eu nem sei porque fiz aquilo. Acho que a ideia de ver Sofia perto de Kai me enchia de uma sensação assustadora. Era um sentimento estranho de posse. Como se ele fosse... meu?

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora