Capítulo 38: Minhas Prioridades

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Eu sei que, ficar de pijama o dia todo, comendo sorvete até cansar e chorando sem parar, não era uma opção.

Mas para mim, eram as três coisas mais reconfortantes no momento.
Primeiro, porque eu estava muito cansada.
Segundo, porque eu havia brigado com Kai.
E terceiro, porque eu estava grávida e terrivelmente assustada.
Já haviam se passado oito dias desde que vi Kai, pela última vez. Ele não veio me procurar, depois de nossa briga.
Como se eu estivesse morando na Antártida..., resmunguei, para mim mesma, olhando para o dormitório em volta de mim.
Meu antigo quarto da faculdade, que dividia com Elena e Caroline.
Elas diziam, que eu era mais que bem vinda e ficaram radiantes, ao saber que eu ficaria aqui, por um tempo. E claro, que como uma boa amiga, contei o motivo de minha briga com Kai.
Elas ficaram extremamente alegres de saber que seriam tias, mas acho que também levemente chocadas de saber que eu havia me deixado engravidar por Kai. Mas apesar de todos os defeitos dele, era o homem que eu amava. Era por quem meu coração pulsava mais forte, era por causa dele que, aquele bebê vivia dentro de mim.
Afastei os cobertores, aos quais eu andava embalada nos últimos dias.
E pouco temerosa, coloquei a mão sobre minha barriga. Pude sentir o leve arredondamento dela- e eu só estava de dois meses de gestação.
Experimentei, respirar fundo e me concentrar.
Eu podia não ter o poder de Kai, mas possuía minha magia, o que era mais que suficiente.
Deslizei as pontas dos dedos sobre a pele, apenas me concentrando...
E senti uma corrente elétrica subir por minha mão, meu braço e reverberar por todo o meu corpo. Àquilo não doía; me fazia sentir uma serenidade tão plena, tão certa, como se todo aquele medo, que eu senti por vários dias, não fossem nada.
Por que eu deveria temer minha gravidez? Eu seria uma boa mãe, não? Eu cuidaria muito bem do meu bebê, não é?
Sempre me imaginei sendo mãe no momento correto de minha vida, quando eu já estivesse com minha carreira estabelecida. Com o homem que eu amava.
Mas, nada acontece, como planejamos, ouvi a voz de minha avó me dizendo, muito tempo atrás.
Eu estava assustada, pois essa gravidez veio muito rápida, não foi planejada. Não era para ter acontecido agora. Mas apesar de, todas as coisas, que gritavam o quanto àquilo era errado, havia algo, uma pequena vidinha, que sussurrava o quanto era certo.
Coloquei a outra mão sobre minha barriga, deslizando os dedos sobre a pele arredondada.
E fiz, algo que nunca tinha feito desde o dia em que descobri que estava grávida. Conversei com o meu bebê:
- Oi... você aí, dentro- minha voz saía um pouco hesitante, mas pelo pouco que sabia, conversar com o bebê nos primeiros meses de gestação era uma experiência boa para ele. Se familiarizaria com a minha voz- Desculpe, por ter ignorado você por todos esses dias, acho que a...- sorri, me sentindo boba, por usar àquela palavra- ... mamãe, ainda estava um pouco assustada com tudo, sabe? E apesar de você, ter nos surpreendido muito, quero que saiba, que já o amo demais.
E senti mais uma daquelas correntes elétricas me percorrerem, como uma espécie de resposta.
O bebê estava me respondendo...
Me sorriso ficou enorme e senti lágrimas querendo escapar de meus olhos. Talvez, fossem os hormônios agindo, mas não me importei, estava feliz demais com o meu bebê.
Continuei deslizando os dedos por sobre a barriga, gostando daquela sensação, como se eu estivesse o acariciando.
E ouvi o som da porta do quarto, se abrindo.
O mais rápido que pude me cobri com o cobertor azul, de novo, fingindo assistir ao noticiário na TV.
E Caroline irrompeu pela porta, com um vestido florido e bonito.
A loura parou no meio do quarto, me olhando com desaprovação.
- Ainda está deitada, Bonnie?- e arqueou uma sobrancelha loura- Tem todo um mundo lá fora e prefere ficar dentro desse quarto, chorando e tomando sorvete?
E fez uma cara feia para os três potes de sorvete vazios, sobre o criado mudo, ao meu lado.
- Por favor, Care, me deixa em paz...- implorei, pois não estava com a mínima vontade de discutir com ela.
- Por favor, Care, é o caramba! Você não tem ido para suas aulas, ligou para o trabalho, alegando que estava doente e fica jogada nessa cama o dia todo!- esbravejou, vindo até mim e arrancando os cobertores de meu corpo, deixando minha calça de moletom e a camisa enorme de Kai à vista- Já chega, Bonnie! Acha que isso faz bem para o seu bebê?
Àquilo foi golpe baixo.
Ela sabia, que eu me preocupava com ele.
- Care, eu só não quero...
Ela colocou as mãos nos quadris, fazendo aquele olhar assustador de Caroline.
- Você não quer sair desse quarto, porque sabe que vai encontrar o Kai por aí, não é?- alfinetou.
Me calei, desviando o olhar.
Pensar nele doía.
Eu não queria ficar longe de Kai, não conseguia viver sem ele. Mas, não podia voltar correndo para ele.
Kai tinha que entender que o que fez, foi errado.
E também, havia o bebê.
Não sabia o que Kai pensava daquela situação.
Acho que de certa forma, eu ainda temia o líder da Gemini. Não queria que ele fizesse algum mal a àquela criança.
E quase, senti uma tapa mental que minha consciência queria me dar.
Kai não seria capaz de machucar nosso filho.
Talvez, eu só tivesse medo de ele não aceitar aquela criança. Que não me quisesse mais, depois disso.
Eu não conseguiria suportar a dor de ser abandonada pelo homem, que eu amava. Kai era minha vida.
Contive as lágrimas, que cismavam em querer escapar de meus olhos. Eu estava me tornando uma molenga chorona irremediável. Tudo me fazia desabar.
Caroline percebeu, fazendo seus olhos azuis tornarem-se mais ternos e carinhosos.
A loura, caminhou até mim, soltando os cobertores no chão. Ela se sentou ao meu lado, na cama.
- Por que não conversa com ele? Kai precisa de você. Sabe disso.
Encarei seus profundos olhos azuis.
Àquela cor me lembrava ele, mas não tinha aquele cinza charmoso, que eu amava.
Suspirei.
- Eu tenho medo de que ele não me queira mais...- sussurrei, baixando os olhos.
Caroline riu.
A encarei, sem compreender.
- Kai Parker? O cara mais teimoso de todos? Que lutou para poder ficar com você? Você acha que ele desistiria tão fácil, assim, Bonnie?
Mordi o lábio, indecisa.
Kai era muito imprevisível, nunca sabia o que esperar dele.
Caroline estava prestes a dizer algo, quando ouvimos uma batida bruta na porta.
- Deve ser o Stefan- sorriu, caminhando para a porta- Ele vem me visitar, hoje.
O namoro dos dois estava melhor que nunca. Stefan e Caroline eram o equilíbrio perfeito, um do outro.
O que ela tinha de maluca e controladora, ele compensava com sua calma e paciência.
Care abriu a porta com um sorriso enorme, porém, rapidamente a fechou, a trancando em seguida.
Franzi o cenho.
Ela encostou na porta, me encarando alarmada.
- Por que trancou a porta?- eu ri.
Ela engoliu em seco.
- É o Kai.
Acho que meu coração parou e recobrou as batidas com o dobro da velocidade.
- K-Kai...?- gaguejei.
E para confirmar, ouvi outra batida na porta. E ele parecia bem impaciente.
- Pára de brincadeira, Oxigenada- ouvi sua voz rouca e profunda, e me arrrepiei inteira. Senti tanta falta de sua voz- Abre logo, essa porta.
Olhei para uma Caroline, ainda parada, segurando a porta.
- O que eu faço?- fez com os lábios, sem emitir som algum.
Engoli em seco.
- Sei lá... - sussurrei de volta- Manda ele ir embora!
- Ele é seu marido e pai do seu filho, Bonnie- repreendeu, ainda falando baixo- Não pode evitá- lo para o resto da vida.
Meu coração iria saltar pela boca. Sério.
- Abre a droga da porta, Loura, ou juro que derrubo ela em cima de você- ameaçou.
Caroline revirou os olhos.
E me lançou um olhar de "se resolva Bennett".
Merda..., pensei, apavorada. Merda dupla.
Mordisquei uma unha, que já estavam bem curtas.
- Tá. Ok. Diz que já vou falar com ele- sussurrei, me levantando da cama- Peça pra esperar, um pouco.
E tropecei no cobertor jogado no chão, quase caindo.
- Espera cinco minutos, idiot... quer dizer, Kai! Ela está se vestindo!- disse Caroline, ainda segurando a porta, como se Kai, fosse arrombar. Coisa da qual eu não duvidava.
Olhei alarmada para a vampira.
- Que foi?- perguntou.
E as batidas na porta recomeçaram.
- Eu já vi a Bonnie nua um monte de vezes, isso não é nenhum empecilho!- disse ele, parecendo irritado.
Sabia, o quanto Kai era louco pelo meu corpo e só a menção de me ver nua o estimulava mais.
- Espera um pouco... ela... ela... A Bonnie tá com cólica!
Arregalei mais os olhos, enquanto pegava uma peça de roupa nas gavetas de Caroline.
Era a desculpa mais esfarrapada de todas. E Kai não era idiota.
- Boa tentativa, Hello Kitty. Agora abra essa porta!
E esmurrou mais forte, ainda.
Como a madeira não cedeu, era um grande mistério para mim.
- Kai!- falei, com a voz incerta.
O som da porta balançando, parou.
- Bonnie... eu quero te ver- pediu.
E sua voz, parecia frágil e cheia de dor. Ele estava sofrendo, por estar longe de mim. Assim como, eu.
Estava doida para correr até aquela porta, a abrir e me jogar em seu abraço quente e carinhoso. Com aquele cheiro de almíscar, que era só dele...
Mas de jeito nenhum, eu o deixaria me ver naquele estado. Com aquele pijama ridículo e toda descabelada.
Nem pensar!
- Espera um pouco, Kai!- pedi, correndo para o banheiro.
- Você tem cinco minutos, ou então ponho essa porta abaixo com Caroline e tudo- resmungou.
- Bastardo mandão... - reclamei.
- Eu ouvi, isso!
Revirei os olhos, me trancando no pequeno banheiro de nosso dormitório.
Meu reflexo no espelho, estava horrendo! Eu estava toda descabelada e com a cara inchada de choro, e para reforçar, usava aquela calça de moletom cinza e a camisa branca e enorme de Kai.
- Deus... como ele gosta tanto, disso?- me perguntei, se referindo à minha pessoa.
Mas não havia tempo, para questionamentos físicos.
Prendi meus cabelos, com um grampo e me despi, entrando no boxe.
Me lavei e escovei os dentes, tudo ao mesmo tempo. Depois do banho rápido, me sequei como só uma grávida ninja conseguiria e coloquei a lingerie lilás e um vestido azul claro de alças finas, acinturado e com um decote profundo.
Era simples, mas elegante.
Soltei meus cabelos, vendo- os cair um pouco abaixo do queixo. Os penteei, até que estivessem macios e sedosos.
Voltei a me encarar no espelho...
Estava um pouco pálida, então passei um pouco de blush nas bochechas para deixá-las mais coradas. E claro, que não dispensei o rímel e um batom claro.
Calcei os saltos prateados de Caroline. E agradeci por ainda poder usá-los, pois minha gravidez não estava tão avançada.
Coloquei a mão na maçaneta, pronta para sair, quando me lembrei de algo.
Fui até a pia, pegando o Channel N°5 de Caroline.
Tá, era um pouco de exagero, mas estava muito nervosa.
O borrifei por todo o corpo, querendo ficar o mais perfumada possível.
Espero que esse cheiro, não me enjoe, pensei, pois meu estômago já estava agitado demais, só com o nervosismo.
Respirei fundo, abrindo a porta do pequeno banheiro.
Caroline, ainda se encontrava perto da porta, fazendo cara feia, para algum xingamento de Kai. E quando me viu, abriu um enorme sorriso de orgulho.
- Adeus Bonnie depressiva! Olá, mamãe gostosona! - ela riu.
Revirei os olhos, mas não pude conter meu sorriso.
- Pode abrir a porta- murmurei decididamente, mas por dentro, eu implorava para não desmaiar ou vomitar.
Ela assentiu, destrancando a porta. E nem precisou abrir, pois Kai, entrou como um furacão, quase a derrubando.
- Odeio que me façam esperar- disse, olhando de forma muito mal educada para minha amiga.
Empinei o queixo.
- Irá esperar o quanto for preciso- murmurei, o encarando seriamente.
Eu estava tentando parecer firme, mas só de olhar para Kai, senti meus joelhos tremerem. Ele estava lindo.
Usava jeans escuro e botas, com uma camisa cinza que realçava seus músculos e a tempestade em seus olhos.
Ele pareceu se dar conta de minha presença.
Kai tentava parecer indiferente, mas podia sentir a tensão que vinha de seu corpo, quase como se ondas elétricas que provinham dele, chegassem até mim.
Pude ver seus olhos azuis, percorrendo todo meu corpo e seu equilíbrio vacilou um pouco.
- Acho que vocês precisam conversar - disse Caroline, pegando sua bolsa em uma poltrona, indo em direção à porta- E o Stefan deve me encontrar no campus, mesmo.
E saiu, fechando a porta, deixando a mim e Kai, sozinhos.
Houve alguns segundos, de um silêncio incômodo.
- Como você está?- perguntou Kai, finalmente quebrando o silêncio.
Me remexi, cruzando os braços sobre o peito, com medo de que ele pudesse sentir o pulsar acelerado de meu coração. E de fato, ele podia.
- Bem...- respondi- O bebê...
Me calei.
Não queria gerar uma briga com aquilo, porém precisavámos falar sobre o assunto. Mas, eu não encontrava a coragem.
Kai me lançou um olhar sério, mas impossível de decifrar.
- Você tranferiu seus exames e o pré- natal, para o hospital de Whitmore- ele foi incisivo. E aquilo não foi uma pergunta.
Funguei.
- Andou me espionando, Kai?- questionei, sendo mais venenosa do que queria.
Ele pareceu incomodado.
- Eu... só perguntei para Jô- explicou, enrubescendo um pouco- Foi ela quem me contou. Aliás, nos deu... os parabéns... pelo...
- Bebê?- completei.
Não sabia o que me irritava mais nele. O fato de ficar bravo e enciumado, ou quando ficava distante e desajeitado, como agora.
Ele suspirou, cruzando os braços, também.
- É. O bebê - e disse a palavra, com uma entonação engraçada.
Continuei o encarando.
Kai fazia o mesmo, talvez, tentando encontrar as palavras certas.
- O que quer de mim, Kai?- fui direta.
Vi seu peito subir e descer, com a respiração acelerada.
- O que eu quero?- ele riu, mas foi um riso amargurado- Eu quero você, Bonnie. Quero nossa vida de volta. É tão difícil de entender?
Apertei meus braços, mais forte em volta de mim, como se um frio me dominasse.
- E você? Entende que o que fez com Noah, foi errado, estúpido, inpensado?! Hã?!- gritei, sem conseguir me conter.
Ele descruzou os braços, em uma expressão torturada. O vi passar as mãos pelos cabelos castanhos e macios.
Queria tocá-los, mas me contive.
Seus olhos recaíram sobre mim de novo.
- Eu sei... que droga! Eu sei que foi errado! Eu só... não estava pensando, direito. Achei que ele quisesse roubá- la de mim, Bonnie!
- Isso não é justificativa! - briguei.
- Eu sei, eu sei.. mas, eu te amo, tanto Bonnie. Você não entende. Eu vivo todos os dias, com medo de perder você para algo ou alguém. Tenho medo de te deixar sozinha, tenho medo de ficar muito tempo longe de você. E tenho medo, de não te amar o suficiente e você querer me deixar.
Kai parecia eufórico e desesperado, com seus olhos cinza me mirando.
- Ninguém, nunca me amou, como você- sussurrou, com a dor em sua voz- E eu sei, que não sou merecedor, mas eu amo tanto o que me tornou. E sem nenhum esforço, simplesmente... aceitando o que eu sou. Sem querer me prender ou domar. E isso me faz a amar muito mais.
Senti a ardência, se espalhar por meus dutos lacrimais.
- Kai... Quantas, vezes, eu vou ter que dizer o quanto eu amo você? Quantas vezes, eu vou ter que dizer o quanto seu sorriso, me faz sorrir? E quando você sofre, eu sofro?- murmurei, sentindo o nó em minha garganta- Quantas provas, você precisa, para se sentir seguro do meu amor?
Ela balançou a cabeça, negativamente.
- Não precisa. Nunca precisou. Eu sei que sente o mesmo. Eu só...
- Não se acha merecedor?- completei. Ele assentiu, desviando o olhar.
- Você o merece tanto, quanto eu. Nós lutamos para estar aqui. Eu mereço estar com você. E nada me demoverá, de minha decisão.
Ele assentiu, ainda muito distante de mim. Queria tocá-lo.
Kai sorriu um pouco, mas era um sorriso triste.
- Fui visitar o Noah, no hospital- explicou- Isso foi a alguns dias. O cara não gostou da minha presença, isso eu garanto. E o namorado dele, muito menos- ele riu- Noah disse, que só não mandou me prenderem, porque ele gosta muito de você. E que na próxima, com certeza quebraria meu nariz.
Eu sorri.
Esse era o Noah que eu conhecia. Claro, que ele não teria perdoado Kai, de primeira.
- E sob todos os protestos e xingamentos, consegui me desculpar com ele e sobre aquele... mal entendido. Acho que ele vai demorar à me perdoar.
Meu sorriso, foi sumindo aos poucos.
- Isso não teria acontecido, se eu tivesse contado desde o início, sobre o bebê- murmurei, cabisbaixa- A metade da culpa é minha, também.
Ele suspirou, cruzando os braços musculosos.
- Isso é verdade- assentiu.
- O quê?!
Ele deu de ombros.
- Se você não tivesse bancado a esposa misteriosa e me contado desde o início, teríamos um ser humano à menos no mundo, com uma concussão e um braço quebrado.
Semicerrei os olhos encarando-o.
- Então, a culpa é toda minha?
- Sim- deu de ombros.
Franzi os lábios em uma linha rígida, encarando aquele idiota. Kai definitivamente, conseguia me tirar do sério.
Nem Damon, que era um cara super irritante e antagônico, conseguia fazer isso.
- Vocês, sociopatas, são todos iguais, sempre colocando a culpa na vítima- resmunguei, ainda irritada com ele.
Vi o modo, como ele inclinou a cabeça de lado, me olhando com aquele sorrisinho cafajeste.
Seus olhos, pareciam chamas azuis e frias.
- Você fica uma graça, quando se irrita- murmurou, simplesmente.
Odiava quando ele fazia aquilo. Me desarmava completamente.
Empinei um pouco o queixo, tentando parecer mais digna, pois aquelas cantadas canalhas surtiam um efeito forte sobre mim. Mesmo, contra minha vontade.
O sorriso de Kai foi diminuindo, dando lugar à um ar mais terno e profundo.
Seus olhos insistiam em pousar nos meus.
- Eu entendo seu motivos, para querer esconder sua gravidez- murmurou, calmo. E isso me confundiu- Meu passado não é dos melhores. E claro, que você cogitaria a hipótese, de que eu mataria a criança por causa da liderança da Gemini.
Continuei calada.
Não podia dizer que não pensei nisso. Aquilo me aterrizou por dias, tanto que tive inúmeros pesadelos com Kai, matando nosso filho. Porém, essa era a parte inconsciente de meu cérebro, que ainda temia o lado mau de Kai. A parte dominante, acreditava cegamente em seu amor por mim, que mesmo que ele não viesse a amar nosso filho, talvez pudesse ao menos, tentar ser um bom pai para ele.
Kai prosseguiu.
- Eu sei, que agi como um garoto covarde, ao evitar você todos esses dias. Bem, fui pego de surpresa, sabe?- ele sorriu um pouco, como se tentasse se desculpar- Em um dia éramos, só eu e você. Agora, temos um bebê... E isso é estranho para mim. Eu nunca me imaginei sendo... pai. Nunca pensei que me apaixonaria por alguém e muito menos que teríamos um filho.
Engoli em seco.
Será que, aquilo era sua forma de dizer, que não me queria mais?
Senti um frio estranho me percorrer e a dor se apossar de meu peito.
- Você... - sussurrrei, com a voz fraca demais, para que saísse em uma frequência mais alta- Vai me... deixar?
E quis me bater, por soar tão ridícula e infantil, mas a dor estava me lacerando viva.
Kai descruzou os braços, me olhando com surpresa.
- O quê...?- disse, confuso e depois pareceu compreender- Acha que eu... estou terminando com você?
Ele parecia chocado.
Assenti, ainda tentando conter aquele choro idiota.
Hormônios de merda!, esbravejei, me sentindo uma completa garota ridícula.
Ele caminhou devagar até mim.
E parou, deixando um grande espaço vazio entre nós dois.
Meus olhos recaíram sobre o piso, com medo de encará-lo, de ver a vardade estampada em seu olhar.
Vi seus pés se aproximarem mais dos meus. E um toque suave, percorreu minha bochecha.
- Sabe, quando vou deixá- la?- perguntou, deixando seus dedos delinearem minha maçã do rosto, descendo para meu queixo.
Kai ergueu meu rosto carinhosamente, fazendo com que eu me perdesse naquela mar cinzento.
Funguei, sentindo uma lágrima descer por meu rosto.
- Nunca- ele sussurrou- Eu nunca vou deixá-la. Mesmo que um dia você venha a me odiar e não queira mais me ver. Eu sempre vou perseguir você, Bonnie Bennett. Isso é uma promessa.
Um risinho nervoso e aliviado, me percorreu, juntamente com uma vontade chorar mais, mas tentei me conter.
- Para sempre?- perguntei, ansiando por mais de suas promessas.
Ele sorriu, deixando seus dentes alvos e perfeitos à mostra.
- Para sempre.
E não me contive, praticamente pulando em cima dele.
Quando me vi, já estava com meus braços em volta do pescoço de Kai, pousando meu rosto em seu peito, em um abraço apertado e cheio de saudade.
Seus braços enormes, contornaram minha cintura, me puxando para mais perto, me abraçando dolorosamente.
- Eu senti sua falta- sussurrei, ouvindo seu coração descompassado.
O aperto em volta do meu corpo aumentou.
- Eu senti sua falta, dolorosamente, em todos esses oito dias, doze horas e trinta minutos.
Ele esteve contando?, me perguntei, impressionada.
- Esqueceu dos quarenta e cinco segundos e meio- adicionei, o que o fez rir.
No final das contas, acho que eu era tão obcecada por Kai, quanto ele por mim. Mesmo, que eu não demonstrasse atitudes psicóticas, como meu marido.
Ficamos assim por um tempo, que me pareceu indefinido. Talvez tenham se passado horas, ou só alguns segundos.
Não sabia dizer.
Estar com Kai, fazia com que me esquecesse de tudo à minha volta. O mundo parecia em preto e branco e Kai parecia ser a cor que dava vida à tudo.
Estranhamente, Kai começou a me afastar, olhando para mim de um modo... ansioso.
- O que foi?- perguntei.
Senti suas mãos, pousadas em cada lado de meus braços, apertarem de leve.
Ele não disse nada, apenas soltou- me, e puxou algo no bolso de trás da calça.
- Está um pouco amassado, pois não escolhi um bom lugar para guardar- se desculpou- Mas, espero que goste.
E estendeu um embrulho do tamanho de sua mão. Era azul-claro, com um laço branco e delicado em volta.
O encarei desconfiada.
- Se acha que vou ser menos dura com você, só porque me deu um presente, Parker, está muito enganado- ameacei, semicerrando os olhos.
Ele riu.
- Você nunca facilitou, para mim, Bon e como sei! Mas... apenas, abra.
Ainda desconfiada, peguei a caixa de sua mão.
Era de um papelão fino e azulado.
Sacudi um pouco, mas não ouvi o som de nada sólido.
Kai continuava me encarando, parecendo ansioso, para que eu abrisse logo.
Então, o fiz.
Puxei o laço branco em volta da caixa, vendo- o se desamarrar. E levantei a tampa da caixinha, esperando alguma jóia, pois Kai era extremamente exagerado em seus presentes, mas me surpreendi completamente.
Nao era uma jóia, e sim um par de sapatinhos de bebê.
Eram brancos como a neve, com um babado em volta dos tornozelos.
Peguei um deles, em minha mão, ouvindo meu próprio soluço. Era tão pequeno e fofo.
Gire-os em meus dedos, e notei um pequeno relevo. Uma espécie de bordado.
Uma letra K.
K de Kai.
- São seus- sussurrei, olhando para o dono dos sapatos.
Kai esfregou os cabelos, enrubescendo um pouco.
- Jô os guardou, junto com os dela, todos esses anos - falou, parecendo um pouco envergonhado- Minha mãe, quem fez, antes de nascermos. E eu queria que o nosso filho, também pudesse usar algo de Evelyn. Uma espécie de presente da avó.
Era raro ouvi-lo falando de sua mãe, pois devia causar lembranças tristes, mas até que Kai se esforçava mais ultimamente. Ás vezes, tínhamos longas conversas de como era Evelyn Parker.
Eu nunca viria a conhecê- la, mas parecia ter sido uma mulher maravilhosa.
Mas, uma outra coisa, chamou minha atenção.
- O que você disse?- questionei, o olhando, ainda sem acreditar.
Kai pareceu entender, abrindo um largo sorriso.
- Nosso filho- repetiu.
Senti mais lágrimas descerem por meu rosto.
- Nosso filho- parafraseei.
E o olhei de novo para aqueles sapatinhos lindos.
- É difícil de acreditar, que você tenha usado algo tão pequenino- murmurei, tentando imaginar o bebê que usara aquilo. Um Kai indefeso e fofo.
O vi cruzar os braços sobre o peito e olhando de maneira divertida, para mim.
- Acho que mereço um beijo, pelo presente, não é?
Semicerrei os olhos, o encarando.
- Está tentando tirar vantagem de mim, Malachai?- sorri.
- De forma alguma, amor - disse parecendo ultrajado, mas deu um passo em minha direção.
Dei dois passos para trás, colocando a caixinha sobre a cama de Elena.
Cruzei os braços, o encarando.
- Ainda não falamos sobre minhas condições- murmurei de maneira altiva.
Ele inclinou a cabeça, ainda me mirando com diversão.
- Condições?
Assenti.
- Achou que eu voltaria correndo, para você, assim?- disse eu, arqueando uma sobrancelha em desafio.
E estava fazendo um esforço enorme para não pular nele e arrancar aquela camisa e... Foco, Bennett!
Respirei fundo, tentando me acalmar.
- Na verdade, pensei que seria bem mais difícil- aquele convencido, riu- Mas quais, são suas condições?
E deu um passo à frente, ficando tão perto, que seu perfume me perturbou.
Franzi os lábios, tentando fazer a melhor cara séria e compenetrada, que eu podia.
- Sobre o seu ciúme...- arfei, por ele estar tão próximo. Dei mais um passo para trás, para poder pensar com clareza.
- O que tem ele?- questionou, com aquele ar divertido e com aquele olhar selvagem, que eu conhecia bem.
Engoli em seco.
- Vai ter que aprender a se controlar- murmurei, tentando ser o mais direta e incisiva possível- Nada de ficar arrumando confusão, com outros caras. Nem se olharem para mim. Tudo bem?
Ele franziu o cenho, parecendo pensar em minha proposta.
- Posso tentar, mas não prometo nada- resmungou.
- Kai.
- Tá! Vou tentar ser menos ciumento...- disse de má vontade.
Sorri internamente.
Ele sorriu, maroto.
- Mas isso, também serve pra você, Bennett- murmurou, com um olhar esperto.
- O quê? Eu não tenho ciúmes de você - rebati, tentando soar convincente- Deixe de ser convencido.
Seu sorriso se alargou, maldosamente.
- Não tem? Tem certeza, amor?- perguntou e fingi, não compreender- E aquela noite em que estávamos em uma lanchonete. Uma garota estava dando em cima de mim e o que você fez?
Fiz a cara mais inocente de todas.
- Nada, ué?
Ele semicerrou os olhos, com divertimento.
- Pelo que, me lembro... Você a seguiu até o banheiro e quando saiu, encontraram a garota, toda machucada.
Dei de ombros.
- Acho que ela caiu- menti.
- Ela caiu no seu punho?- ele riu.
Revirei os olhos.
- Tá, pode ser que nós tenhamos nos desentendido, um pouco- resmunguei- Ok, admito que eu sou um pouco... ciumenta, mas prometo ser menos, a partir de agora. Assim, como você.
- Fechado- aprovou, dando mais um passo em minha direção.
Me afastei, antes que ele pudesse me tocar e acabar com meu controle. Mas àquela boca... era uma provocação...
Concentra, mulher! Nada de Kai, agora!
Kai parecia frustrado com minhas esquivas.
- E sobre as suas ligações... - murmurei rápido, antes que ele me agarrasse ali, mesmo.
- O que tem elas?- suspirou, pesadamente.
- Não pode ficar me ligando nove vezes ao dia- citei.
Kai revirou os olhos azuis.
- Eu fico preocupado com você e quero saber se está bem- se explicou como se me ligar dez vezes por dia, fosse normal- E uma, que você nem me liga, pra saber se eu estou bem.
- Porque você, não me dá chance de fazer isso! Quando penso em ligar, você já o fez- reclamei- E não estamos mais em Mistyc Falls, nada de ruim pode acontecer, aqui.
Eu amava sua preocupação comigo, mas também, queria que ele se preocupasse consigo mesmo. Kai vivia tão focado em seu curso, no trabalho e em mim, que até se esquecia até de se alimentar e dormir direito. Eu vivia puxando suas orelhas, para que cuidasse mais de sua saúde.
Santo Deus, ele seria médico! Não podia viver se preocupando só com outros.
Kai sabia que eu estava certa, pois fazia aquela expressão de garotinho bravo, que eu tanto adorava.
- E o que sugere que eu faça?- questionou.
Cruzei os braços, o encarando com firmeza.
- Só me ligará duas vezes por dia.
- O quê?! Ah, não!- relutou- Pelo menos, sete.
Eu ri.
- Sete?! Não, tem que ser ao menos três- rebati.
Ele bufou, detestando a idéia.
- Seis vezes, então- tentou.
Balancei a cabeça negativamente.
- Três- não desiti.
Ele franziu o cenho, um pouco bravo.
- Cinco- lançou.
- Três- rebati de novo.
Ele respirou fundo, tentando ficar menos tenso.
- Quatro vezes e com direito à torpedos- essa era sua nova proposta?
- Três -continuei.
- Você não facilita, mesmo, não é?- resmungou, com um sorrisinho.
- Nunca disse que iria- murmurei, retribuindo o sorriso.
Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo.
- Mas, passamos muito tempo, longe um do outro e três ligações, não é o suficiente, para eu matar a saudade de você. Então, serão quatro ligações e torpedos.
Ele era bom nisso de negociar.
- Você não facilita, mesmo, não é?- provoquei.
Ele sorriu, com aquelas covinhas lindas.
- Nunca disse que iria.
Revirei os olhos, me rendendo. Era o melhor que eu podia arrancar dele.
- Tudo bem!
Pude ver, por sua expressão o quanto se sentia orgulhoso daquele feito.
E se aproximou mais de mim, e dessa vez, ficou perigosamente perto. Quase podia sentir o calor de seu corpo contra o meu.
- Ainda, não acabamos- murmurei, mas incerteza rondava minha voz. O meu coração martelava em minhas costelas, tamanha era sua empolgação.
Kai estendeu a mão, tocando meus cabelos, parecendo não se importar com o que eu dizia.
Sua respiração vinha entrecortada, enquanto seus dedos, desciam pelas madeixas escuras de meus cabelos, os colocando atrás de orelha.
Aquele simples toque me arrepiou toda.
- Se quiser continuar, falando sobre seus termos, pode prosseguir. Juro que estarei prestando atenção em todos- sussurrou com aquela voz rouca, com sua boca perigosamente perto da minha.
Ele acariciou meu rosto, descendo a mão por meu pescoço e pousando as mãos em meus ombros.
Kai sabia me tocar como ninguém. De formas sutis, mas que me enlouqueciam desesperadamente.
- Pode falar... Sou todo ouvidos- sussurrou.
Ah, Meu Deus, como um simples olhar fazia aquilo comigo?!
E cadê as palavras, quando eu precisava delas? Um gato tinha devorado minha língua. Bem, não um gato. Mas, acho que Kai estava bem próximo fazer aquilo.
E para piorar minha situação, senti suas mãos descerem por meus braços; espalhando sensações deliciosas por minha pele.
- Ah... Tem que parar de d-discutir...- arfei, quando senti suas mãos envolverem minha cintura, me puxando contra seu corpo.
Ele era mau.
Kai se inclinou, abocanhando minha orelha, mordiscando de uma forma que me fez retorcer os dedinhos dos pés.
Agarrei seus ombros fortes, procurando algum equilíbrio.
- Parar de discutir...?- perguntou, ainda mordiscando minha orelha, pude ouvir o sorriso em sua voz.
Tentei encontrar minha voz.
- Parar... Ah!- gemi baixinho, com uma mordida mais forte- De... de... discutir com... ah, a Caroline...
Seus lábios, deixaram minha orelha plantando beijos suaves em meu maxilar. Minha boca, procurou a sua, instintivamente.
Kai não me beijou, apenas voltou a me provocar, beijando meu maxilar devagar.
- Eu gosto de discutir com a Barbie- sussurrou, ainda me beijando- É divertido.
Agarrei seus ombros, com mais força, quando senti a forte mordida em minha outra orelha. E quase senti uma necessidade instintiva de cruzar e retorcer as pernas, de tão tensas e fracas como se encontravam.
- Ela...ah, é minha amiga...- arfei mais alto, tentando manter um pouco de minha dignidade.
E sei lá, por que eu ainda tentava falar alguma coisa. Acho que meu cérebro havia travado no modo tagarela, eu não conseguia pensar direito.
Ele riu.
- Eu sei- sussurrou, contra minha pele, me puxando bruscamente, para mais perto. Ah, que pegada forte...- E por isso adoro implicar com ela. Não parece, mas eu gosto daquela loura chata.
E afundou os lábios em meu pescoço e o pouquinho de sanidade, que me restava foi para o inferno.
Minha pele, se arrepiava dolorosamente, sob suas mãos e seus beijos estavam me deixando maluca.
Agarrei seus cabelos, o encorajando a continuar. Kai pareceu satisfeito com aquilo, soltando um gemido rouco e sensual.
E segurei sua mão, que estava em minhas costas e a desci por meu quadril, o incentivando a subir a saia de meu vestido. Kai pareceu entender. O contato de seus dedos quentes em minha coxa, me deixou ardendo de desejo.
E como o garoto mau, que ele era, agarrou minha coxa, a prendendo em seu quadril. Apertando e beliscando dolorosamente, se deleitando em minha pele.
Os beijos de Kai, eram profundos e devassos em toda a extensão de meu pescoço. Senti um chupão tão forte em minha pele, que me fez revirar os olhos nas órbitas, de tanto tesão, que aquilo me causou.
Mordi o lábio, segurando um gemido alto e doloroso.
E sem conseguir me conter, enrosquei meus braços, em seu pescoço, tomando impulso e rodeando sua cintura com minhas pernas. Pude sentir o quanto ele me queria.
Senti o leve balançar dos passos de Kai, enquanto me carregava para algum lugar.
Ele se sentou, comigo por cima dele.
- Kai...- implorei, sentindo seus lábios devorando meu pescoço- Pára... eu não vou aguentar.
Eu havia passado tantos dias sem ser tocada por ele, que somente alguns beijos estavam quase me aproximando perigosamente, de ter um orgasmo. Me sentia ridícula, mas com tanto tesão reprimido por meu marido, não sabia se aguentaria uma segunda transa. Acho que desmaiaria depois da primeira.
Kai afastou o rosto de minha pele, vermelho e ofegante. Seus olhos ardiam em um cinza sensual.
- Eu não vou aguentar...- repeti, me perdendo naqueles olhos.
Ele sorriu, compreensivamente.
- Então, vamos com calma- murmurou, me tranquilizando- Eu quero cada segundo do seu prazer.
Suas mãos, seguraram meu rosto com carinho, me puxando para o primeiro beijo em dias, depois de nossa separação.
Ele tentou ser gentil, mas eu fui mais bruta. Estava desesperada por sua boca, seu cheiro e sua pele macia.
Kai se deixou levar por minha euforia.
Suas mãos, tocaram as minhas, as guiando de seus ombros, até a barra de sua camisa. E entendi o que ele queria. Enfiei minhas mãos, por debaixo dela, sentindo os quadradinhos rígidos de seu abdômen. Kai gemeu, retribuindo meu beijo, com mais voracidade, enquanto tocava sua pele.
E ansiosa, como estava, arranquei sua camisa, deixando-o com o peito nu. O puxei para mais perto em um beijo mais profundo, apertando meu tórax contra o dele, deixando meus seios cobertos pelo vestido, roçarem na pele macia de seu peito.
E nem precisava dizer, que sua ereção estava imensa, sob a calça jeans. Aquilo deveria ser doloroso.
E sem nem saber o que tinha atrás dele, o empurrei, vendo- o cair deitado- felizmente- sob o colchão da cama de Elena.
O reconheci pelo cobertor rosa. Ela me mataria por transar com Kai na cama dela, mas não dava tempo de chegar na minha.
Me inclinei, beijando seu queixo áspero, pela barba, e fui descendo por seu pescoço. Caprichei naquela área, pois era uma das partes mais sensíveis do corpo de Kai.
Ele gemia alto, agarrando meus cabelos com uma mão, sem conseguir se conter, enquanto a outra pousava em minhas costas.
O mordi, sabendo que aquilo deixaria uma bela marca.
- Ah, Bonnie!- arquejou, surpreso.
Parei de beijar seu pescoço, descendo meus beijos, por seu peito e abdômen, vendo-o subir e descer pela respiração resfolegante.
Parei, mordiscando a branguilha de sua calça, o provocando com meu olhar.
Pude vê-lo dar um risinho nervoso, arfando, com seus olhos cinzentos em mim.
Sorri perversamente, saindo de cima dele. Fiquei em pé, mas rapidamente me ajoelhei e comecei a desamarrar suas botas, tirando suas meias em seguida.
E rapidamente, voltei a ficar sobre ele. Kai me lançou um sorriso determinado, e sentou, deixando seu rosto bem próximo do meu. Ele foi tão suave, que só percebi, que estava sem meu vestido, quando ele passou por minha cabeça.
Segurei seu rosto, entre minhas mãos, querendo sua boca na minha, mas Kai me impediu de continuar.
- O que foi?- questionei, confusa.
- Deixa eu olhar para você- disse, com seus olhos, aprofundados nos meus.
E tentei, me manter quieta, enquanto seus olhos me percorriam e suas mãos acariciavam meu corpo em admiração.
Kai pareceu gostar de minha lingerie lilás, pois deslizou os dedos pelas bordas do decote, descendo até pousar em minha barriga. Ele encostou o rosto em meu peito, ouvindo as batidas de meu coração.
- Eu amo os dois- sussurrou, inspirando o aroma em minha pele.
- Os dois?- perguntei.
Ele sorriu, ainda ouvindo meu coração.
- Você e nosso filho- sussurrou.
Acho que eu não poderia ser mais feliz. Meu coração estava transbordante de alegria e pensei que não conseguiria amá-lo mais, mas Kai superava todas as minhas expectativas. Meu amor por ele, conseguiu triplicar drasticamente.
- E nós o amamos, tanto- sussurrei, tocando seus cabelos macios.
Dei um beijo carinhoso em sua testa, em suas pálpebras cerradas, nas maçãs do rosto, na ponta de seu nariz. O enchi de beijos carinhosos.
Estava sendo um pouco cafona, mas queria demonstrar todo o amor e carinho que eu e nosso bebê, tínhamos por ele.
- Eu te amo, eu te amo...- sussurrava, dando selinhos cheios de amor em seus lábios.
- Eu amo você- sussurrou de volta, entre meus beijos- Eu a amo tanto, Bonnie.
E não podendo mais conter o amor e desejo, o puxei em um beijo.
Kai afundou os dedos em meus cabelos, aprofundando a carícia de nossas línguas.
Sua mão, desceu para minha cintura, puxando- me para mais perto de seu corpo. E subitamente, me girou, deitando- se com cuidado sobre mim, ainda me beijando.
Suas mãos percorriam todo o meu corpo, fazendo meu sangue virar lava escaldante nas veias. E também, não podia negar minha necessidade por ele, deixando minhas mãos traçarem gulosamente o caminho de suas costas fortes e definidas, apertando e arranhando devagar.
Ah, minha nossa... Kai estava se superando no quesito beijo. A cada vez que ele me tocava daquele modo, sentia minhas pernas tremerem e meu coração palpitar com uma força desmedida. Sua boca era devassa e sedenta, não me dando tempo para respirar um segundo sequer.
Tive que afastar meus lábios dos seus- de muita má vontade- para poder tragar mais um pouco de ar para meus pulmões ofegantes. E isso, só fez que com que se impacientasse mais, atacando meu pescoço novamente.
Agarrei seus cabelos, soltando um gemido abafado de prazer.
Kai não se contentou em ir só até ali. Senti seus lábios, descendo por meu colo, explorando minha pele, sem pressa nenhuma.
Tremores de prazer percorriam toda minha pele, fazendo-a se arrepiar com cada carícia de Kai. Sua boca devassa foi descendo por meu decote, indo para meu abdômen.
Ele se demorou mais em minha barriga, dando beijos mais carinhosos e profundos.
Ergui minhas mãos trêmulas e toquei seu cabelo macio e curto, puxando um pouco, o fazendo soltar um gemido baixo.
Mordi o lábio, sorrindo de prazer.
Claro, que ele me puniu, dando um mordida no osso de meu quadril, fazendo- me movimentar os quadris involuntariamente.
- Kai!- chamei, insandescida pela paixão.
Mantive os olhos fechados, absorvendo todos os mínimos prazeres daquelas carícias.
Seus lábios estavam perigosamente abaixo da linha de meu umbigo.
Senti o elástico de minha calcinha ser puxado, pelos dentes de Kai. Ele o soltou naquela provocação sexy, deixando bem clara suas intenções.
- Vai com calma, porque hoje eu estou sensível- murmurei abrindo os olhos, dando uma risadinha, enquanto seus dedos, começavam a puxar as laterais de minha calcinha.
Kai mordeu o lábio, daquele modo sexy, mostrando que não iria ser calmo de forma alguma.
Fechei os olhos, respirando com dificuldade, sabendo o tamanho do prazer que recairia sobre meu corpo.
E...
A porta do quarto se abriu em um rompante, trazendo uma Caroline que dizia alguma coisa sobre ter esquecido algo, quando a loura paralisou, olhando para mim e Kai.
- Eu ia... ia...- tentava dizer, parecendo ter perdido o dom da fala, vermelha como um pimentão.
E em um movimento, rápido, peguei a camisa de Kai que se encontrava jogada ao meu lado na cama e coloquei sobre meu tórax, tentando me cobrir.
- Caroline, já pegou o seu ce... lular..?
Claro que para piorar, meu constrangimento, Stefan Salvatore, estava bem parado na porta de nosso dormitório.
Kai foi rápido, se deitando sobre mim, tentando me cobrir com seu corpo.
Dei Graças, por ele estar usando as calças, ainda. Me encontrava muito mais exposta, usando apenas a lingerie.
Stefan, olhou de mim para Kai, parecendo levemente constrangido, mas com uma sugestão de sorriso de quem se desculpa.
- Hã... Olá, Bonnie... Kai...- disse educadamente, tentando amenizar a situação.
Eu não respondi, apenas acenei com a cabeça, envergonhada demais para fazê-lo.
- Hã... E aí, Stefan?- cumprimentou Kai, levemente incomodado.
Ele tinha uma cara- de- pau nata. Era impressionante!
- Ai, meu Deus... me desculpem- disse Caroline, parecendo extremamente envergonhada- É que eu estava na metade do caminho e encontrei o Stefan, mas aí me lembrei que tinha esquecido meu celular e...
- Na verdade- imterrompeu Stefan- Ela queria pegar o celular e ter certeza de que vocês não estavam estrangulando um ao outro.
Caroline, revirou os olhos.
- Obrigada, Stefan!- resmungou- Eu me preocupo com a minha amiga -e sua expressão mudou para angústia- E Bon, me desculpa! Eu juro que não queria interromper sua... hã... transa com o Kai.
Escondi meu rosto, no ombro dele, morta de vergonha. Nessas horas, eu gostaria muito de ser mandada para o Mundo Prisão, outra vez e nunca mais voltar.
- Nósnãoestavámostransando...- resmunguei, com a voz embolada de raiva e constrangimento.
- É- confirmou Kai- Ainda.
Belisquei o braço dele.
- Ai, Bon!
- Idiota- resmunguei de novo.
Caroline, foi até sua cama, pegando o aparelho em suas mãos.
- Achei- deu um sorriso empolgado, caminhando para a porta, mas parou no meio do quarto de novo, olhando para mim, com uma expressão angustiada- Desculpa, mesmo, Bon.
- Não, Care... tudo bem- sorri para ela, por cima do ombro de Kai- Já peguei você em cenas constrangedoras, também. Já estava mais que na hora de eu pagar.
Ela riu, se encaminhando para perto de Stefan, na entrada do quarto, não antes de parar e olhar para Kai de um modo ameaçador.
- E você, Parker... - semicerrou os olhos- Tenha juízo com a minha amiga.
Kai revirou os olhos, ignorando o comentário de Caroline.
- O que eu posso fazer de pior?- questionou- Eu já engravidei a Bonnie, mesmo.
A loura, mostrou a língua para ele, saindo do quarto.
- Peraí, a Bonnie está grávida?- Stefan perguntou, parecendo confuso.
Caroline o puxou pela mão, levando-o embora.
- Está, sim- explicou- Uma longa história. Eu conto no caminho.
E a porta se fechou.
Kai tratou de proferir um feitiço, a trancando.
E subitamente, fui acometida de um ataque de riso.
- Por que isso, só acontece, conosco?- perguntei para Kai, ainda rindo.
Ele não respondeu, fazendo um expressão séria.
- O que foi?- perguntei, parando de rir.
Kai fazia um beicinho fofo; quase o mordi.
- Você me beliscou- respondeu, ainda de cara fechada.
Eu ri.
- Own, me desculpe, bebê- e dei um beijo em sua bochecha- Onde dói?
E apontou, para a pequena mancha vermelha em seu braço.
- Aqui.
- Manhoso- sussurrei, me inclinando para dar um beijo em seu braço- Melhor?
Ele se esforçava para não sorrir.
- Não- respondeu, tentando parecer zangado.
Eu sorri mais ainda.
- Me mostra onde está doendo- pedi, com um sorriso sedutor.
E o empurrei, fazendo- o cair deitado sobre o colchão, ao meu lado e me sentando sobre ele.
E apontou para os próprios lábios.
- Aqui- sussurrou, com o sorriso mais canalha de todos.
Me inclinei, dando um selinho nele.
- Onde mais?- perguntei.
- Aqui - sussurrou, apontando para o espaço entre o pescoço e a clavícula.
Me aproximei mais, dando um longo beijo em seu pescoço, sugando sua pele um pouco, ouvindo- o gemer.
Suas mãos, apertaram meus quadris.
- Mais algum lugar?- provoquei.
Ele sorriu, um pouco ofegante.
- Bem aqui, está doendo, um pouco- disse apontando o próprio peito.
Me inclinei, dando um beijo carinhoso na pele macia de seu peito. E fui descendo até seu abdômen, distribuindo beijos ao longo de seu tórax.
Podia sentir seu coração acelerado em meu peito e sua respiração audivelmente alta.
Desci a lateral de sua calça e boxer cinza, dando um mordida leve no osso de seu quadril. Kai arfou.
Olhei para o rosto dele, começando a desabotoar sua calça. Ele levantou a cabeça, para poder me observar, mas pareceu se arrepender amargamente, deitando- se de novo sobre os travesseiros com a respiração mais acelerada que antes.
Pude ver o volume, sob seu jeans crescer mais.
E o fogo se espalhou por meu corpo, como um vulcão em erupção.
Rapidamente e sem nenhuma gentileza, desci sua calça, juntamente com a boxer, ouvindo o som que o tecido fez ao se chocar contra o piso.
À essa altura, Kai gemia e ofegava, antes mesmo que eu o tocasse. E pude ver seu membro ereto e rígido, implorando para estar dentro de mim.
Voltei a beijar seu abdômen, acariciando suas entradas.
Kai movia os quadris, praticamente, sem conseguir controlar o prazer que se apossava de seu corpo.
Meus dedos, desceram até seu membro o acariciando com gentilza, ouvindo sua respiração cada vez mais desesperada e cortante. O segurei, com firmeza, em minha mão, movimentando devagar.
- Bonnie! Ah, minha nossa!- ele gemia.
Antes, que ele pudesse pensar direito, comecei a masturbá-lo com muita rapidez, ouvindo com um prazer crescente, seus gemidos roucos.
Fiquei assim, durante alguns segundos, até que, simplesmente parei.
Kai estava vermelho e molhado de suor. E não parecia nem um pouco satisfeito de eu ter parado.
Voltei a beijar, seu abdômen descendo bem abaixo do umbigo.
- O que quer, que eu faça?- provoquei, mordendo o lábio e ollhando para seus olhos azuis.
Kai parecia desesperado, como se nem conseguisse pensar direito. Ele não disse nada, apenas enroscou meus cabelos em seu punho e empurrou o membro dentro de minha boca.
Eu gostei daquilo, engolindo o máximo que eu consegui e comecei a fazer movimentos de vai e vem, ouvindo os gemidos esganiçados e intensos de Kai. Ele ajudava, segurando meu cabelo e empurrando contra meus lábios.
Não perdi tempo, acariciando seu abdômen e coxas, passando as unhas contra a pele, o que só aumentava seu prazer.
Logo, ele inverteu as posições, me deitando na cama, tirando minha lingerie com tanta rapidez, que jurei ter ouvido o tecido se rasgar.
Kai não perdeu tempo, beijando e acariciando meus seios, me fazendo gemer dolorosamente alto, com aquele chupões.
Eu estava extremamente excitada, movendo meus quadris, contra os seus. Ele fez o mesmo, descendo seus beijos por meu abdomen e agarrou minhas pernas, mantendo meus quadris firmes no lugar.
- Fica quietinha- sussurrou, com aqueles olhos cinzentos nos meus e desceu seus beijos cada vez mais, até alcançar minha intimidade.
E senti, sua língua traçando caminhos devassos em meu interior. Fazendo uma onda de tesão intenso me percorrer.
E não precisou de muito para que eu um orgasmo, me pegasse.
Aí pensei: Bom, acabou. Não tenho forças para mais nada.
Doce engano.
Kai continuou, intensificando meu prazer, como nunca, até que eu já estava encharcada de prazer. Urrando por mais.
Ele parou, subindo os lábios em beijos carinhosos pelo meu corpo. Até, alcançar minha boca.
Ele girou, ainda me beijando, fazendo-me ficar por cima.
E me penetrou com tanta força, que acho que arranquei alguns fios de seu cabelo. Não quis pensar na dor, só no prazer que ele me proporcionava.
Movimentei os quadris com uma rapidez e força, que eu nunca havia feito antes, com as mãos espalmadas no peito de Kai, cavando sua pele com minhas unhas, incapaz de me conter.
Aquilo deveria estar o machucando muito, mas ele não parecia preocupado. Acho que, naquele momento, Kai tornou-se incapaz de sentir dor.
Sua expressão e gemidos de prazer, estavam me fazendo, pensar seriamente em gozar naquele momento, mas me segurei o máximo que consegui. Eu havia passado dias, sem seu toque e não estava com a mínima vontade de acabar com tudo agora.
Sentia o cansaço e meus pulmões, ardendo em brasa, por causa daquele esforço desmedido, mas continuei com aqueles movimentos, como se minha vida dependesse disso.
As mãos de Kai, pressionavam com força em meus quadris, sendo quase doloroso, mas queria que ele continuasse.
Ah, merda!, pensei, quando senti um orgasmo dos fortes chegando.
- Ah! Kai!- gritei, estremecendo de prazer.
E Kai veio em seguida, urrando, em um orgasmo igualmente forte, se derramando em mim.
- Bonnie!
Depois disso, desabei em cima dele, completamente exausta.
Não sei, se foi falta de oxigenação no cérebro, ou se foi por cansaço extremo, mas acho que desmaiei, mesmo. Só fui acordar depois de doze horas de sono.
Kai havia me vestido e levado de volta para o nosso quarto e cuidou de mim a tarde toda.
Definitivamente, gravidez e sexo intenso não deviam se misturar.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora