29. Reunião de família

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Havia um gotejar irritante que não me deixava dormir em paz. Suspirei, me remexendo no colchão desconfortável. Era duro demais.

Deslizei minha mão por uma superfície arenosa e áspera, procurando por Kai. Queria dormir abraçada com ele.

Ouvi um som estranho e metálico.

— Bonnie?

 Parecia a voz de Kai.

— Hum… — resmunguei, mexendo a cabeça. Doeu. Uma dor de cabeça horrível.

— Bonnie? — chamou e sua voz era alarmada. Me perguntei por que ele não me tocava. Kai vivia me tocando — Amor? — chamou outra vez.

Me remexi, abrindo os olhos devagar.

Demorou um pouco para focar nas coisas, mas logo minha visão melhorou.

— Kai? — disse, tentando me levantar e encolhi com a dor em minha cabeça. Toquei meus cabelos e vi meus dedos manchados de sangue. Muito sangue.

Havia um cheiro metálico, farejei, encontrando a origem. Olhei para meu ombro, vendo a camisa branca de Kai, ensopada de meu sangue fresco.

— Bonnie? Meu Deus, como você está?! — perguntou Kai, alarmado.

Olhei em volta o procurando.

O lugar onde nos encontrávamos parecia com uma caverna. Uma luz suave, irradiava do alto. A lua.

Voltei meu olhar para o interior do lugar, procurando por Kai. Havia sombras em lugares estranhos...

O vi parado em um canto.

Meus olhos encontraram aquele azul lindo, mas eles pareciam assustados e cheios de preocupação.

— Bon… — disse ele, tentando se levantar e vir até mim, mas foi bruscamente puxado de volta, caindo no chão de terra. Ele grunhiu de raiva, como um animal enjaulado.

E vi as correntes atadas aos seus pulsos, que estavam completamente ensanguentados.

— Oh, meu Deus! — murmurei horrorizada, tentando me levantar. Minha voz estava rouca pela falta de uso. Porém, fui bruscamente contida e olhei para minhas mãos, vendo as correntes atadas aos meus pulsos, me prendendo à parede rochosa.

— O que é isso? — questionei, ficando assustada — Kai, onde estamos?

Ele balançou a cabeça em sinal de negativa.

— Eu não sei, Bonnie — explicou,  tão confuso quanto eu — Lembro de estarmos no carro. Ele caiu no barranco. Capotamos e… mais nada. Eu apaguei.

Engoli em seco. Meus olhos percorreram a caverna novamente.

— Liv e Tyler não estão aqui — respondeu minha pergunta silenciosa. Olhei para ele assustada.

— Kai e se eles estiverem… — tentei dizer, mas a palavra não queria sair.

Ele me fitou com pesar.

— Espero, realmente, que não estejam — suspirou, trincando o maxilar.

Silenciei, tentando controlar minha mente preocupada que imaginava toda sorte de coisas ruins para meus amigos.

Suspirei, buscando acalmar o turbilhão.

— Kai… — disse eu.

— Sim?

— Eu acho que o vi — engoli em seco — Alistair.

Ele me deu um olhar muito sério.

Rapidamente, comecei a me explicar, dizendo que não tinha visto seu rosto. E não fazia ideia de como ele era. Kai ouviu tudo em silêncio.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora