7. Meu novo emprego e um cadáver

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Bonnie saiu me deixando sozinho na cozinha. Outra vez.

Já temos um hábito se formando, pensei sarcástico.

Eu ainda não havia me recuperado daquela sensação estranha que eu sentia sempre que estava perto dela.

Pensei no nosso breve café da manhã, instantes atrás.

O jeito como ela sempre me ignorava e só me fazia querer chamar mais sua atenção. Não sei que tipo de força ela exercia sobre mim, mas me deixava louco. Só de pensar no modo como ela mordeu aquela torrada, me deixava alucinado.

Senti aquele fogo percorrer minhas veias de novo.

Que merda está acontecendo comigo?!, pensei exasperado. Devem ser essas emoções idiotas! Antes não tinha que ficar me preocupando com isso, mas agora tudo parece tão novo e mais forte!

Porra, se o Luke ainda estivesse vivo com certeza chutaria aquele traseiro louro dele.

Me levantei indo pro meu quarto. Ao passar pela porta, lembrei dos acontecimentos daquela manhã.

Cara, o que deu em mim noite passada para invadir o quarto daquela garota insuportável? E pior ainda! Dormir lá?!

E mais estranho?

Aquela foi a primeira noite em que dormi bem, sem nenhum pesadelo.

Sentei-me na cama, esfregando as mãos entre os cabelos, uma mania idiota que acabei desenvolvendo, depois que mudei para cá. Talvez fosse um trejeito de Lucas.

Bufei baixando as mãos e erguendo a cabeça. Meus olhos ficaram fixados na parede cinza ao lado da porta. A parede na qual a encurralei daquele jeito.

Eu fiquei tão bravo com o fato de ficar gritando comigo! Apenas fazia com que eu me sentisse mais culpado de ter invadido seu quarto. Naquele momento eu quis muito que Bonnie sentisse medo de mim.

E eu queria ter aquela sensação de liberdade, de poder fazer o que eu quiser com alguém sem me sentir culpado. E a forma que ela me olhava, como se sentisse nojo e ódio de mim, só fez com que eu sentisse mais raiva dela.

Porque é tudo culpa dela! Aquela necessidade estranha de querer estar perto. A confusão na merda da minha cabeça.

No entanto, depois de assustá-la daquele jeito eu... hesitei. Acabei contando a verdade e ainda assumindo que não sabia porquê havia feito aquilo.

Me senti a criatura mais miserável e patética da Terra.

E claro que aquele cheiro de jasmim me atacou de novo. Senti o calor dela me tomar, por causa da proximidade. E uma necessidade abrasadora me possuiu.

Eu queria colar meu corpo ao dela, beijar aquela pele linda...

Minha respiração ficou acelerada.

- Que MERDA, BONNIE! - gritei ficando de pé, me sentindo descontrolado.

Meu Deus, o que essa garota está fazendo comigo? Eu não quero sentir isso!

E eu nem sabia descrever direito o que estava sentindo. Era uma sensação estranha como se todos aqueles sentimentos estivessem misturados. Os bons e os maus.

Eu tenho que sair um pouco, pensando em me acalmar. Esfriar a cabeça, é disso que eu preciso.

Peguei minha jaqueta sobre a poltrona e saí.

O sol estava fraco e um vento gelado cortava o ar. Olha que estávamos no fim do outono.

Não me importei.

Na verdade, não tinha um lugar específico para ir. Apenas queria andar por aí. E ver coisas novas. Algo que me fizesse parar de pensar nela.

Caminhei pelas ruas de Mystic Falls, não prestando a mínima atenção nas pessoas que passavam. Só tentava me concentrar no som dos meus passos, não pensar em mais nada.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora