24. A Revanche

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— Só pode ser brincadeira, não é? — murmurou Kai, desdenhando — Você?

Olhei para quem estava destinado a viajar conosco.

Ele vestia jeans surrados, botas e um casaco grosso e cinzento, com um cachecol vermelho em volta do pescoço. Tudo muito simples, mas que sugeriam boas marcas.

— Oi, Bonnie — disse Tyler e suspirou pesadamente — Oi, Kai — e o disse com uma tremenda má vontade. Pois é, nem todo mundo era obrigado a conviver com Kai como eu.

— Bonnie — murmurou Kai, me voltando para ele — Desfaça as malas, eles estavam zoando com a nossa cara.

Revirei os olhos.

— Para de ser dramático, Kai — murmurei, me soltando de suas mãos e me voltando para Tyler — Não me leve a mal, Tyler, mas não esperávamos que fosse você a viajar conosco.

— Na verdade, eu não vou com a sua cara depois daquela festa na casa do Damon — me interrompeu Kai, cruzando os braços sobre o peito.

Tyler respirou bem fundo.

— Cara, eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo — explicou — Eu comecei a me transformar do nada. E eu juro que minha maldição está controlada. Acho que alguém fez isso comigo, ou se lá, o quê.

Eu entendia que Tyler se sentia culpado por ter feito aquilo e sabia que ele não o fez por vontade própria. Foi obrigado pelo mesmo bruxo que estava perseguindo nossa Convenção.

— Está tudo bem, Ty — murmurei, colocando a mão em seu braço — Sabemos que não foi culpa sua e ninguém se machucou.

— Ei, eu me machuquei!— disse Kai, ficando ofendido.

Olhei para ele.

— Mas você mereceu, idiota — murmurei, o empurrando para dentro de casa — Vá pegar as malas. E não demore.

Kai saiu resmungando, algo sobre odiar lobisomens e querer dar palmadas no bumbum de alguém.

Maluco, pensei. Voltei a olhar para Tyler.

— Vocês são estranhos… — murmurou ele, sorrindo.

— Eu sei — respondi, sorrindo também — Tyler?

— Sim?

— Por que escolheram você para nos acompanhar? — perguntei de forma hesitante.

Ele deu de ombros.

— Porque eu era uma escolha muito improvável — explicou — Quem escolheria o cara que foi usado como arma de destruição em massa para proteger vocês dois? 

Olhando por aquele ângulo até tinha uma certa lógica naquilo.

— Ty, não me leve a mal — hesitei — mas o que nos garante que esse bruxo não o use de novo para nos atacar? É muito arriscado.

Ele sorriu com seus olhos negros repousando nos meus.

— Eu já dei um jeito nisso.

Franzi o cenho.

— Um jeito? Como assim..?— tentei dizer, mas fui interrompida com a chegada de Kai, que carregava nossas malas.

— Vamos ou vocês vão ficar de fofoquinha aí? — perguntou ele.

Franzi o cenho.

Kai estava muito esquisito...

Eu não disse nada, apenas fomos em direção ao carro de Tyler, que estava estacionado em frente a nossa garagem.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora