30. Nas Sombras

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Alistair olhou para Kai rindo como uma criança travessa com um segredo.

— Você nem imagina por que está aqui ou quem eu sou, não é?

Kai continuava a encará-lo confusamente.

— Quem é você? — questionou, desafiando.

O loiro sorriu mais, se aproximando de Kai, chegando muito perto, seus olhos cinzentos nos azuis.

— Talvez eu devesse tirar esse bloqueio da sua cabeça para facilitar, não acha? — provocou.

Kai se limitou a encará-lo com ódio.

Nós dois sabíamos que aquele bloqueio era muito forte. E se retirado, poderia matar Kai, a mim e o restante da Convenção Gemini.

— Ou… talvez, não — riu Alistair. Ou seja lá quem fosse.

Ele se levantou e começou andar de um lado para o outro da caverna com as mãos entrelaçadas atrás das costas. Parecendo um professor prestes a palestrar.

Ele olhou para o céu noturno, com os olhos em fendas.

— Bem, temos algum tempo antes da lua cheia se posicionar corretamente — explicou, voltando os olhos cinzentos na minha direção e de Kai — Acho que temos tempo para uma histórinha.

Franzi as sobrancelhas, confusa.

Ele parou de andar, se concentrando.

Vi Sofia, encostando na parede e prestando total atenção. E seu pai, carrancudo da mesma maneira após a lição que... Alistair aplicou.

O louro cruzou os braços fortes sobre o peito.

— Como tudo em nossa Convenção — ele riu ao dizer a palavra nossa, já que havia sido banido há muito tempo — havia um jovem par de gêmeos. Alistair e Sanvine. Eles eram muito, muito unidos. Fazíamos tudo juntos. Eram os filhinhos perfeitos da mamãe bastarda, Theodora. Não havia nada de errado com eles, aparentemente…

Kai bufou revirando os olhos.

— Nos poupe da descrição ridícula do seu relacionamento com a sua irmã morta — resmungou.

Al semicerrou os olhos, encarando Kai.

— Poderia parar de me interromper? — questionou, fazendo uma carranca.

Kai revirou os olhos novamente, mas ficou quieto.

— Então, onde estávamos? — perguntou o homem à nossa frente, com uma mão no queixo questionando.

—"Não havia nada de errado com eles, aparentemente..." — suspirou Kai, com a voz arrastada de tédio.

— Isso! — aprovou — Eu e Sam éramos muito bons em magia, principalmente quando se tratava de fazermos algum feitiço juntos.  Acontece que éramos desequilibrados pois, enquanto um conseguia fazer feitiços fortes e complicados, o outro não tinha magia o suficiente para isso. Dividimos nossa magia, para que tentássemos ficar no mesmo nível, mas claro, que isso nunca acontecia. Sempre haveria o gêmeo dominante.

— Aí vem a parte em que você enlouquece sem motivo aparente e mata seu pai e sua irmã? — murmurou, o provocando.

Alistair riu.

— Não me julgue, Kai — disse suavemente — Você matou quatro dos seus irmãos e só não matou os mais novos, Olívia e Lucas, porque não conseguiu encontrá-los. Não somos tão diferentes assim.

Kai trincou o maxilar, olhando de um modo assassino para o louro.

— Pelo menos, eu tive um motivo — alfinetou — A liderança da Gemini. E você? Teve algum para fazer o que fez?

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora