Eu sabia que tinha alguma coisa errada comigo quando acordei naquela manhã.
É claro que eu havia tido aqueles pesadelos horríveis. Já fazia parte da minha rotina, mas isso não me impedia de ficar apavorado com eles.
Mas a noite passada havia sido diferente.
Lembro de ter acordado assustado — como sempre —, mas eu não estava sozinho. Bonnie estava sentada ao meu lado, me sacudindo. E é claro que o susto foi tão grande que me afastei o máximo que pude dela, batendo minhas costas contra a cabeceira da cama.
Seus olhos verdes como pedras de jade, estavam mirando meu rosto. Ela parecia preocupada... comigo?
Ela tentava me acalmar dizendo que estava tudo bem. Então, me dei conta de que aquela não era a Bonnie monstruosa de meu pesadelo.
A garota disse que eu estava gritando.
Deitei—me cobrindo o rosto com as mãos e me desculpando com ela — outra mania idiota, que eu adquiri com a recém chegada empatia. Eu estava morrendo de vergonha de Bonnie me ver naquele estado, tão assustado e patético.
Senti um leve movimento seu e antes que percebesse o que estava fazendo agarrei seu pulso no ar. Foi um instinto de preservação maior do que eu.
Não estava acostumado com pessoas tocando. E minha mente irracional e assustada por causa daquele pesadelo idiota achou que Bonnie iria fazer algo contra mim.
Ela não parecia assustada com minha mão a agarrar daquele jeito, como das outras vezes. Foi como se a bruxinha estivesse intrigada com alguma coisa. Encarando—me com aqueles olhos penetrantes.
Devagar, soltei sua mão. Ela a estendeu em minha direção novamente. Fiquei tenso na hora, mas me mantive quieto. Seus pequenos dedos tocaram o alto de minha testa e deslizaram pelo meu cabelo. Meu corpo estava rígido de medo e surpresa.
Ela sempre me evitava, porque estava fazendo aquilo agora?
Sua mão deslizava pelo meu cabelo de um jeito tão gostoso.
Não me lembrava mais qual era a sensação de ter alguém cuidando de mim. Era tão bom. Fechei os olhos, suspirando de prazer.
Isso é bom, pensei, meio zonzo.
Me virei em sua direção, deitando—me de lado, inclinando a cabeça em sua direção.
Sua mão desapareceu de meus cabelos.
Abri meus olhos alarmados, não queria que ela parasse. Segurei seus dedos, que estavam se afastando, sentindo aquela eletricidade estranha me percorrer onde minha pele tocava.
— Continua, por favor? — implorei.
Seu olhar parecia mais terno e caloroso. E aquilo me surpreendeu, pois nunca tinha visto esse lado em Bonnie. Pelo menos, não comigo.
Então, ela voltou a acariciar meus cabelos do alto até minha nuca. E que toda vez que seus dedos esbarravam na pele do meu pescoço eu ficava todo arrepiado.
Lembrei de que quando estávamos no Mundo Prisão, Bonnie sempre cantava alguma música quando achava que eu ou Damon não estávamos por perto. E queria ouvir aquela voz linda de novo. Por isso, pedi que ela cantasse para mim.
Bonnie ficou relutante no começo, mas acabou cedendo e cantou, "Eternal Flame ", do The Bangles.
Sempre achei aquela música bem melosa e ridícula, mas na voz dela assumia um ar totalmente diferente. Era como se um anjo estivesse no meu quarto, cantando, apenas para mim. E a letra da música foi como se tivesse sido feita para caber naquele momento.
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Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃO
FanfictionDepois de fugir do Mundo Prisão de 1994, Bonnie acha que pode ter uma vida normal ao lado de seus antigos amigos, se não fosse por Kai a fazendo se lembrar constantemente do inferno que passou no outro mundo. Sem falar na presença de toda a Convenç...