A ESPOSA DO GUARDIÃO

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Deixa eu situar vocês, caso fique difícil entender.

Esses eventos que acontecem aqui são antes do Ananta ter "ataque de ciúmes", irei desenvolver até chegar naquele ponto.

Tudo explicado, vamos ao capítulo.

Votem e comentem!
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Lya

Acordei aos poucos, me sentindo confortável e aconchegada como há muito não ficava. Abri meus olhos com certo temor de estar apenas sonhando, mas eis que tudo parece bem real, aliás, surreal. O quarto lembrava os de princesa, com tons de azul celeste, dourado e rosa no tecido do dossel e das cortinas. As próprias cobertas tinham a mesma tonalidade. Ao redor da cama identifiquei um carpete branco e aparentemente super fofinho. Deu vontade de rolar nele como um gatinho. 

Que pensamento bobo!

Mas não tem como não se encantar com a beleza diante dos meus olhos. O teto abobadado possui um lustre com pedras de tons variados, mas que harmoniza com todo o resto.
Aliso o tecido sob minhas mãos…hum tão macio e perfumado que me sinto até mal por está sujando tudo com os trapos que estou vestida.

Subitamente, a lembrança do que aconteceu estala em minha mente, me fazendo saltar da cama aos tropeços. 
Onde está meu pequeno?! Aqueles brutamontes o levaram bem debaixo do meu nariz. Que merda!
Precipito-me na direção da porta gigantesca à minha direita; olhando bem, tudo aqui é gigante. Não é para menos, são quartos que acomodam Nagas enormes, suponho.

Ao contrário do que imaginei, não foi difícil empurrar e abrir a bendita porta. Parei abruptamente ao me deparar com uma mulher ali parada, como quem está pronta para se anunciar.

— Que bom que está acordada! — a loira de cabelos cacheados me fala com um sorriso de orelha a orelha. Temos praticamente a mesma estatura. Será que é uma mulher meio cobra? — Trouxe um presente pra você…ah, me desculpe…estou tão empolgada que não me apresentei, meu nome é Eva…sou esposa do Armet e vim me desculpar pelo modo que ele te tratou…ah, meu Deus, estou muito empolgada mesmo…— foi falando atropeladamente e só pela última expressão já entendi que é humana, assim como eu — Como está as coisas na Terra?! Tenho tanta saudade… — "Eu poderia responder se você me deixasse falar loirinha". Esse pensamento é inevitável. — Espera, não estou deixando você falar, não é?! — Ah, enfim percebeu e ficou instantaneamente vermelha, salientando ainda mais suas sardas nas bochechas.

— Eva, não é?! Meu nome é Lya, é um prazer te conhecer…— falei calmamente — Você sabe me dizer onde está Vāyu?! — fui direto ao ponto.

— Ah, o filho do rei com aquela vadia…? Bem, ele está no quarto ao lado do seu…não se preocupe, o menino está ótimo! — ela aponta a porta adiante, o que me faz ignorá-la totalmente para ir naquela direção.

Empurrei o mega "portão" devagar, entrando em silêncio no recinto. Meu neném está dormindo tranquilamente numa cama quentinha e aconchegante. Os tons do cômodo são semelhantes ao que estou, como se fosse um padrão. Seu corpo está coberto por uma túnica dourada. Cheguei um pouco mais perto para observá-lo e foi então que vi uma naga ali sentada ao lado da cabeceira, até então encoberta pela cortina do dossel. Era uma mulher naga, lindíssima, por sinal. Sua imensa cauda verde combinava com o tom pálido de seus cabelos e pele, esbranquiçados. Havia um tecido atado em sua cintura por corrente dourada, lembrando uma bandeira na frente e atrás. Pois ao que percebi  dividiam-se em duas bandas. Não tem como não olhar para os montes onde seriam seus peitos, eles estão cobertos por escamas verdes, iguais às de sua parte inferior. Seus olhos marrons lembram uma íris de réptil.

— Eva, que prazer revê-la! — ela saúda a mulher atrás de mim — Imagino que essa seja a nossa convidada?! — se dirige a minha pessoa.

— Óh, sim…esta é a Lya ! — aponta para mim — Lya, esta é Jāhnavī. 

— Que nome legal…— ela arqueia uma sobrancelha, aliás falta dela, porque é só o lugar, não tem um pelinho sequer. Provavelmente não entende o que quis dizer — É um nome lindo… — digo e ela sorri mostrando dentes branquíssimos e dois caninos na parte superior levemente arqueados para dentro e aparentemente muito afiados.

— Agradeço o elogio, Lya! Acredito que tenha vindo pelo filhote, não é?! — assenti me aproximando e fazendo um carinho na bochecha do meu pequenino. — Ele foi vê-la mais cedo, só aceitou ser cuidado depois de ver que estava bem! Não há com o que se preocupar, os Nagas dormem muito e ele demora a despertar! Você pode ir cuidar de sua higiene que ficarei de vigília aqui. — olho entre ela e Eva, que faz um sinal positivo.

Não há muito o que fazer. Ele parece estar em segurança. Dou um beijo em sua testa e me retiro.

— Eva, ela vai ficar bem mesmo?! — Acabo me perdendo com esses pensamentos.

— Sim! Jāhnavī é uma fêmea doce…ela irá protegê-lo! 

— Fico feliz em ouvir! — suspiro — Acho que ela quis dizer que estou fedendo! — sorrio sem jeito.

— Não é nada pessoal… — ela ri de forma contida — Eles têm um olfato muito apurado…

— Resumindo…estou fedendo mesmo! — agora a risada é minha.

Entramos em meu suposto quarto e ela me entrega um pacote que trazia embalado junto ao peito.

— Isso é o melhor que disponho…espero que goste! — o brilho jovial e sincero em seus olhos me faz receber o pacote e abrir — Pode não ser o seu estilo, mas ainda é melhor do que as roupas que as fêmeas Nagas vestem! Fui eu quem costurou! — avisa ao me observar desenrolar um vestido de tonalidade vermelha, com um brilho levemente dourado. Lembravam escamas de cobra. — Elas também não usam roupa íntima, então tive que improvisar calcinhas! — sorri divertida, enquanto arruma uma madeixa teimosa atrás da orelha.

O vestido é simples, com alças finas e uma lasca na lateral direita. Imagino que fique soltinho do meu quadril para baixo e me cubra até os joelhos.
Pelo que reparei, o tecido é o mesmo que ela está vestida, mas diferente desse que me deu, o dela é longo e justo, com um lindo decote em V, o que combina muito com seus peitos avantajados.

— Obrigada, Eva! Irei usar! — agradeci, mesmo não sendo o meu vestuário básico. 

Meus tios me ensinaram a ser grata a tudo que recebia. Fui criada por eles, já que eu não estava nos planos dos meus pais, que preferiram viajar pelo mundo a cuidar de uma filha não "planejada". Não posso reclamar, tive todo amor que uma criança deveria ter. E por falar nos meus tios, como será que estão lidando com o meu sumiço?!

— Você parece triste?! 

— Lembrei da minha família…— Acabo dizendo — Como veio parar aqui?! — Procuro mudar de assunto — Você disse que é esposa do Armet?! Imagino que seja o "cobrão" de cabelos vermelhos…espera um pouco: como isso é possível?! — só agora minha ficha caiu. Mas que merda! Ela é casada com uma cobra!

Definitivamente, vou precisar de terapia depois de passar por esse lugar.

— É uma longa história, mas o resumo é: fui abduzida por uns nanicos cinzentos e leiloada…Armet me comprou e me trouxe para cá e antes que me pergunte, ele não me obrigou a nada…até estava disposto a me mandar de volta, mas me apaixonei e decidi ficar por conta própria… — Tive vontade de perguntar se tinham compatibilidade, mas então lembrei que os vi nú e a pergunta morreu na garganta. — Fiquei sabendo que você caiu aqui num módulo… em que ano estava quando veio?!

— Fui lançada aos 14 de junho de 2023 e você veio há muito tempo?! — ela me olha confusa.

— 2023?! Como é possível?! Vim do ano 2050… você veio do passado?! Minha nossa… — Eita loirinha tagarela.

Passado?! Que porcaria está acontecendo aqui?!

Minha cabeça começa a dar pontadas. Se isso for real, não tem como eu retornar ao meu ponto de partida. A não ser que eles conheçam a viagem no tempo. Será possível?!

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O REI DE NAGAH: Contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora