MINHA ESCOLHIDA

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Primeiro capítulo de hoje!

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Rei Ananta 

Desço ainda mais para o centro da caverna, vagando entre as câmaras e desligado da minha consciência racional. Minha fera quer agradar a estrangeira e eu só quero quebrar qualquer vínculo entre nós. 
No fim das contas, estou de volta ao lago sagrado, minha pele antiga jaz em um canto, chamuscada em muitas partes, ainda assim exala um odor agradável de especiarias.

Será aproveitável?!  Daria boas roupas para ela.

"Não, minha fêmea merece mais que isso! Preciso oferecer um pedido de perdão verdadeiro aos seus olhos." Ouço isso em minha mente quase como um grito de advertência.

Minhas garras crescem no lugar das unhas, totalmente fora do meu controle; sem pensar duas vezes, rasgo minha própria pele num corte cirúrgico. Ignoro a dor excruciante, enquanto faço esse trabalho. Meus fluidos respingam pelo chão imaculado. Em alguns minutos tenho um significativo pedaço de pele em mãos. É mais que suficiente para meu propósito, então entro na água para me curar e curtir a pele até que se torne um tecido macio e agradável ao toque.

"É isso que minha escolhida merece". A fera regozija-se por esse feito.

Não acredito que arranquei minha própria pele, de bom grado, para satisfazer uma fêmea humana. Certamente enfrentarei essa dualidade com a fera em mim. Esse instinto primitivo deve ser contido. Se ela tiver de morrer, que morra!

"Não!" — sinto um golpe doloroso em meu coração, como se uma mão invisível o estivesse apertando.

Maldição! Eu já não tenho problemas suficientes?! Por que fui despertar um ser primitivo?!

Continuei a fazer esse trabalho até o ciclo seguinte, até que alcançasse uma textura digna para ela usar. Depois levei a peça para uma tecelã num vilarejo próximo e desenhei o que queria que fosse feito. Meio ciclo depois ela havia aprontado um par de cada item que solicitei. As fêmeas humanas se vestem diferente das da minha espécie, por isso não dispunhamos de um método de costura avançado. No máximo se fazia uma saia com duas bandas, prendendo uma na outra com escamas ou uma corrente de material precioso.

Retornei para o palácio depois de quase dois dias ausente e já imaginava a tensão que encontraria por conta do meu recente "descontrole", só não esperava que meu irmão fosse trazido de volta para me conter. 
Kroḍha era o total oposto de mim, rebelde, intempestivo; porém, um excelente guerreiro. Era ele quem estava à frente do comando dos exércitos, acima dos generais designados para cada guarnição. 

Ele sempre esteve do meu lado, exceto quando resolvi que as humanas seriam nosso "objeto de desejo". Ele não via com bons olhos uma relação interracial. Ele considera o povo da Terra vil e traidor. E agora concordo com ele.

— Precisamos conversar…— ele me intercepta no meio do caminho, quando tudo que desejei era que me ignorasse e continuasse conversando com a guarda. 

— Agora não…— retruco sem sequer encará-lo e sigo adiante, direto para os meus aposentos.

Sei que a fêmea ainda está ali, porque a quantidade de veneno que injetei nela é o suficiente para derrubá-la por um tempo. Como esperado, ela ainda está dormindo tranquilamente.

— Ananta, o que significa isso?! — esse bastardo me seguiu — Você não aprende mesmo, não é?! O que essa humana faz em sua cama?! — ele parece bem irritado olhando para a pequena criatura sob as cobertas.

— Isso não tem nada a ver com você! Saia! — exijo.

— Eu sou o seu irmão! — ele se indigna.

— E eu ainda sou o seu rei, portanto saia dos meus aposentos agora mesmo! — ordeno.

Há uma expressão repulsiva em seu rosto, mesmo assim ele se direciona à saída.

— Está certo! Mas não conte comigo para juntar seus destroços…— fala antes de ir, batendo a porta com tanta força que jurei que ela se soltaria das dobradiças.

Volto-me para a fêmea e o ambiente em si. Há pedaços de roupas pelo chão e sandálias. Tudo irá para  incineração. Não quero qualquer resquícios da pele do guardião por aqui.
Nesse momento, a fêmea se move na cama. Ela dorme de um jeito despreocupado, está com a perna sobre um dos travesseiros e abraçada a outro, ao se movimentar, o lençol desliza para o lado, expondo maior parte do seu corpo.

Não posso deixá-la assim. É minha obrigação cuidar dela depois do que fiz.
Desembrulhei o pacote que trazia em mãos e peguei a peça inferior. A artesã fizera um bom trabalho com a pele. Ficou muito delicado e extremamente macio ao tato.
Não foi difícil pôr a roupa nela; o vestido ficou perfeito, como imaginei que ficaria.

Acabo tomando minha forma humanóide para estar mais perto dela. Temo que se assuste se me vir por perto ao despertar. 
Deito ao seu lado, aproveitando para acariciar sua bochecha. Minha fera fica satisfeita com o contato.

Ela é tão linda dormindo e fazendo esses barulhinhos roucos em sua garganta. Há um fio de saliva escorrendo no canto da boca.
Humanos são sempre engraçados enquanto dormem?!
Enxugo o líquido com a ponta do lençol e ela parece se incomodar com o contato.
De repente, empurra os travesseiros e me agarra, se aninhando entre a curva do meu braço e ombro. Sua perna vem para cima de mim, se acomodando entre as minhas e entrando em contato direto com meu falo.

A sensação foi o suficiente para me deixar em riste, porém estou ciente que esses movimentos são involuntários; ela não sabe o que está fazendo, então não me atrevo a tirar proveito da situação, se bem que só o fato de estar deitado ao seu lado já conta como tirar proveito. Fico ali quietinho, observando seu peito subir e descer…calmamente…sem temer qualquer perigo.

Meus próprios batimentos vão se acomodando em meu peito conforme os dela…suavemente…o cansaço me reclamando. Só agora recordo que não descansei nada nos últimos dois ciclos.
Não é ruim dormir um pouco, então me deixo ir.

Seu calor é tão reconfortante…sei que não deveria me sentir seguro ao lado de uma fêmea humana, mas sou tolo o suficiente para me deixar levar…talvez meu irmão tenha razão por me considerar um fraco. 

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O REI DE NAGAH: Contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora