Capítulo 10

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Devido ao tempo que levaram dentro do edifício, Yosano não fazia ideia de que horas eram. Por algum razão, a energia havia caído, e o relógio no topo de um dos arcos do corredor estava parado. Tudo que lhe restou foi ficar cara a cara com os três membros da Máfia do Porto; Hirotsu, Gin e Tachihara. Os dois subordinados a encaravam desde o momento em que se sentaram nas cadeiras de espera, com ela apenas evitando o olhar de cabeça baixa. Ao seu lado, Flora estava sentada e quieta.

Era nítido que algo incomodava a superintendente. Apesar de ser um imóvel recém comprado e sem muitas manutenções, não deveria sofrer problemas como aquele. Além do que, todo o Departamento de Desenvolvimento e Tecnologia, no qual Yukio Mishima coordenava, estava totalmente a frente desses assuntos. Então como estavam sofrendo com algo tão bobo como um queda longa de energia ?

—Que coisa patética. — a menina de cabelos trançados exclamou espantando seus próprios pensamentos — Um bando de adultos pobres que não sabem trabalhar com seus inimigos ? Isso é, no mínimo, bobo.

Aquela foi primeira vez que a médica levantou a cabeça desde que se sentara, se surpreendendo com as declarações. Embora ainda não fosse adulta, Flora sabia ser dura mesmo com desconhecidos.

— Ela tem razão. — o velho e recém nomeado executivo concordou — Não precisamos de mais intrigas desnecessárias em Yokohama.

O ruivo murmurou algo inaudível até mesmo para Gin, que estava ao seu lado.

Flora bocejou, curiosa em saber qual era o motivo de Yosano ter se mantido calada aquele tempo inteiro. Pelo o que ouviu Midori relatando, a médica não era alguém que levava desaforo para casa, então por que se manter calada diante de olhares tão pesados como dos mafiosos a sua frente ?

A garota bateu a ponta do pé no chão discretamente com a chegada de um dos profissionais de eletricidade.

— Senhorita Nwapa, o Senhor Yukio e alguns membros da Agência estão pedindo a sua presença e a da doutora Yosano no telefone. — o homem informou com a mão no capacete de segurança.

Desconfiando do pior dos cenários, Yosano se levantou rapidamente, indo atrás de Flora. Os mafiosos não se agradaram nem um pouco do surgimento de conversas privadas, principalmente Tachihara, que assim que notou a distância das duas, sussurrou:

— Então é isso ? Eles podem ter conversas particulares e nós  não ?! Que saco !

Hirotsu suspirou.

— Na verdade, todos tem direitos a conversas particulares, Tachihara, a questão aqui é o limite de equipamentos telefônicos. — o executivo argumentou.

Por debaixo da máscara branca, o ruivo sabia que a assassino estava lhe dando língua apenas com a intenção de provoca-lo. Irritado, ele apenas xingou algo e se levantou.

— Vou ao banheiro.

O caminho até a sala de comunicações era, de certa forma, longo. O percurso envolvia uma escadaria até os andares mais baixos, os quais Yosano não conseguia especificar. O silêncio era aborrecedor para a mais nova, que puxou a tona o primeiro assunto que recordou sobre a médica.

— O que é todo esse seu mutismo ? Uma cápsula de reflexão ? — a pergunta parecia ousada para quem havia acabado de conhecer, mas Yosano não se negou a responder.

— Veja isso como a verdadeira forma do meu medo.

— Oh, tudo bem. Posso tentar adivinhar ? Tem algo haver com Ougai Mori e a Máfia do Porto. — ela supôs em um tom suave.

Os passos da médica cessaram, o que foi mais do que uma resposta — não que os olhos arregalados já não fossem.

— C-Como...

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora