Capítulo 23

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O som repetitivo na porta perdurou apenas por alguns segundos. Quando finalmente foi derrubada, a multidão adentrou o quarto silencioso, indo cautelosamente até a sala de estar. Lá estava sentada uma pequena senhora, que certamente nem sequer enxergava direito.

— O que está acontecendo ? — indagou a velha, estreitando os olhos para identificar as pessoas que se entreolhavam constrangidas.

— É que...A senhora por acaso viu ou ouviu dois soldados correndo por aqui ? — um homem se voluntariou a perguntar, falando bem perto da senhora para que ela escutasse.

Ela coçou a queixo pensativa, até reerguer a cabeça e dizer:

— Oh, sim ! Antes de entrar de volta, vi dois sujeitos fardados correndo para o escadas. Um rapaz e uma garotinha. — respondeu ela.

Os desconhecidos se olharam novamente, e logo agradeceram antes de partir em busca dos cães de caça. A velhinha saiu de seu quarto com um carrinho de bebê fechado. Caminhava tranquila, na direção oposta a multidão que a evitava. No caminho, enxergou por uma das portas dos hóspedes abertas a imagem do gerente na televisão.

Uma grande recompensa havia sido ofertada. Quem os atacassem teria sua dívida apagada, quem os ferissem ganharia dez mil, quem os apagasse ganharia cem mil, e quem os matasse ganharia um milhão. Realmente, uma boa jogada. Não havia como nem Tachihara ou Teruko machucarem civis como policiais, entretanto, a transmissão revelara a tão discreta localização de Sigma a todo o Cassino Celestial; a sala de comando.

Quando entrou no elevador, já tinha uma direção certa, o topo do cassino. As portas se abriram, revelando um ar mais fechado e dois seguranças em frente a uma porta.

— Oque faz aqui, senhora ? — perguntou o homem alto e careca — Este lugar é uma área restrita.

A senhora piscou, coçando o queixo.

— O que eu vim fazer mesmo ? Ah sim... — ela se lembrou e sorriu — Vim bater em um criminoso.

Seus pés saíram do chão, atingindo o careca que se aproximou em cheio na barriga. Ele voou para o outro lado. O outro homem não teve tempo de reagir, apenas levou chute na cabeça que o fez despencar no chão. Teruko pousou novamente no solo, fumaça brilhante expelindo de seu corpo, rugas substituídas pela pele fina de criança.

— Ei, já posso sair ? — perguntou uma voz masculina vindo de dentro do carrinho de bebê.

A garota riu.

— Pode sim, Tachihara.

Então o garoto de cabelo ruivo se colocou para fora do carrinho. Teruko não se aguentou e pôs a mão no rosto enquanto gargalhava. Usara sua habilidade tão bem que o garoto coubera perfeitamente no carrinho.

— Aí, me dê uma folga ! — ele exclamou.

A garota girou os pés em direção aos homens caídos. Fracos e incompetentes demais para se levantarem. Um sorriso marcou seu rosto novamente ao encara-los. Subitamente, e propositalmente também, suas faces começaram a mudar. Ficaram enrugadas, enquanto seus braços e pernas começavam a afinar simultaneamente.

— Minha habilidade é poder controlar a idade de quem eu toco. Isso significa que vocês não podem proteger o seu chefe e nem pedir ajuda, pelo menos não agora — o modo como falava causava calafrios em Tachihara, mesmo que fosse apenas um espectador e aliado.

— Posso ficar aqui até seus ossos doerem e seus órgãos pararem de funcionar. Não tem problema. Ver gente que prejudica outras pessoas se dando mal faz parte do orgulho do nosso trabalho. Manter tudo em ordem, esse é o meu serviço. — disse ela.

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora