Capítulo 34

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A cena à frente de Aya era, no mínimo, curiosa. A fez relembrar um ditado dos centros urbanos: “Estraçalhe e jogue fora.” A forma como Kenji fazia isso com os vampiros a deixou admirada e receosa ao mesmo tempo, mas nada era tão estranho quanto a sensação de ser o alvo daquele olhar grato num rosto de linhas tão severas e frias.

Quando o loiro abriu o espaço, Clarice caminhou até a ruiva com as mãos no bolso. E novamente, seu estômago se sentiu gélido. Era como se aquele expressão não fosse comum no rosto da platinada — e de fato não era.

— Vocês estão bem ? Algum ferimento, ou precisam de algo ? — Ela perguntou atenciosa, vendo a menina posicionar uma das pernas para trás.

Clarice reconhecia aquela atitude. Aya estava desconfiada.

— Vocês são da Agência ? Como nos encontraram ? — ela “respondeu” com outro questionamento.

A superintendente deu espaço à menina e ao vampiro, que a olhava atentamente da cabeça aos pés. Aproveitou para sorrir, e logo apontou para as câmeras de segurança no ambiente fechado.

— Nós não cortamos o sinal e as imagens da segurança do aeroporto, apenas transferimos para outro computador. — Computador este monitorado por Mishima, mas não havia necessidade de citar essa informação — Por isso te encontramos. O Kunikida ficou preocupado com você. É Aya, não é ?

A garota confirmou com a cabeça, um pouco tensa pela proximidade e pelas afirmações tão precisas.

— Somos muito gratos a você. Se não tivesse pego o Bram Stoker, tudo estaria perdido. Digo isso tanto em nome da Agência como em nome da Diretriz. — atenta ao que Clarice dizia, o fungado de Bram despertou Aya.

— Eu sabia ! — sua exclamação inesperada lhe rendeu um susto.

— O que ? O que ? — a ruiva perguntou assustada e frenética, tentando virar a cabeça o máximo que podia.

— Esse cheiro de terra, essas vestes e este sotaque... — Bram tinha seus olhos agora fitados em Kenji, que estava ocupado limpando as mangas de sua camisa — Um camponês ! Estaria interessado em cultivar do meu domínio ?

Aya o encarou com indignação.

— Cale a boca. Você sequer tem um terreno. — disse irritada.

— Me impressionaria se defuntos tivessem outro domínio além do debaixo da terra. — a superintendente comentou baixinho, mas nada que o lorde vampiro não percebesse.

— O que ? — ele perguntou alto e ofendido.

— Nada não. — negou a platinada.

Quando finalmente compreendeu o diálogo, Kenji sorriu e abriu os braços.

— Muito obrigado pelo convite, senhor vampiro, mas já tenho minhas terras para cultivar e ainda tenho o trabalho da Agência.

A Agência é o extra...? Questionaram-se as duas jovens presentes, mas preferiram não pronunciar. Clarice balançou a cabeça, voltando para si e para a missão.

— De qualquer forma, temos ordens de levar vocês para um lugar seguro, ou...usar o Bram como isca para o Fukuchi. Acho as duas bem atrativas, mas não depende de mim, e sim do nosso estrategista, o Ranpo. Enquanto-

Sua voz travou. Mais especificamente, seus ossos, sua carne, seu corpo todo travou. Viu Kenji arregalar os olhos quando avistou a desobediente linha carmesim escapar de seus lábios. Suas costas doíam, perfuradas de maneira desprevenida.

—Maldição... — foi o que conseguiu dizer antes do mundo escurecer e seu corpo despencar no chão.

O loiro estremeceu vendo a lâmina se retrair novamente ao seu tamanho original, ficando mais próximas da mão de seu espadachim. Tetchoou portava um olhar intolerante, um sinal claro de irritação.

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora