Capítulo 42

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As mãos trêmulas apertavam o metal frio e escorregadio de forma inconsciente. Seu corpo se curvava diante de seu próprio sangue derramado. Para Dostoiévski, aquela era uma cena de terror.

— C-Como você... — sua voz arrastada deixou Midori impaciente.

— “Chegou até aqui” ? Coisa simples. — ela respondeu — Chegar aqui não foi o problema, mas sim o tempo. Eu não me comuniquei com o Dazai, tive que esperar a confirmação da fuga dele através de um terceiro. A burocracia real girou em torno de você, seu demônio.

O russo arregalou os olhos. Dazai havia fugido ? Como ? E que terceiro seria este ? Como suas armadilhas e improvisos estratégicos haviam virado de ponta cabeça ? A respiração do mesmo acelerou, falhando algumas vezes.

— Que infelicidade a minha. — ele murmurou baixo, esboçando um sorriso frágil — Trair e matar uma das poucas pessoas capazes de se comunicar pelos universos do Livro. Devo considerar isso um acerto de contas ?

— Indubitavelmente. Você não imaginava que Vanguarda da Surpresa copiaria as habilidades do Livro não é ? — a moreno questionou com seriedade.

Aquela situação não era fácil de se explicar para qualquer um, mas quando se tratava de discutir com Fyodor tudo parecia mais esclarecedor e direto. Embora tivessem se passado seis anos desde o acidente provocado por Mori, onde Madame Bovery a salvou, ela ainda assistia pequenos flashs de suas “outras versões”, cercadas pela mesma sensação de angústia e pressa.

Todos tinham um inimigo em comum: Fyodor Dostoiévski.

• • •

As pistas do aeroporto começavam a se afogar, e o inferno úmido surgia diante dos céus que gritavam.

O som abafados ecoavam repetidas vezes pelo ambiente. O último deixou uma pausa mais longa. Era o Fitzgerald, após ser arremessado por Fukuchi durante seu contra ataque. Os três juntos até conseguiam superar as defesas do comandante, mas somente em oportunidades raras.

O americano se levantou com uma sensitiva indignação. Aquele era o quarto prédio demolido no combate de apenas seis minutos. A água começava a penetrar seus sapatos, e suas meias já estavam ensopadas. Afastou seus pensamentos e reergueu a cabeça ao ouvir um dos berros de Chuuya contra o velho.

O ruivo era bem...”expressivo” ao lutar. O choque de seus corpos e ataques geravam destroços e profundas crateras. Num específico momento, Chuuya foi mais ágil, levantando a perna a altura de Fukuchi e o lançando para longe. O homem não teve tempo para se equilibrar, na verdade nem teria aonde fazer isso.

Antes que se levantasse, a água pulou do chão. (Você não leu errado, leitor.) A água abandonou o chão, fazendo um movimento semelhante ao de uma planta carnívora ao abocanhar uma presa. Ele gritava em ira, expelindo apenas bolhas pela boca.

— Ele é tão forte que chega a ser podre. Acha que isso vai suporta-lo ? — O ruivo questionou o dragão de água atrás dele, que aos poucos libertava o corpo de Grace.

— Depende. Isso vai suporta-lo, mas não mata-lo. Estou preparada para os dois, mas há algo estranho. — ela comentou receosa, vagando com os olhos a espera da Amenogozen.

Chuuya bufou.

— Que bom que ele não percebe nosso esquema não é ? — Fitzgerald disse concertando o alinhamento de seu terno, soltando um sorriso ostentado.

Grace piscou. Embora estivesse feliz e grata pelo líder Guilda ter se juntado à luta, não conseguia explicar como, milagrosamente, os três haviam tido tanto êxito em encurralar o soldado. Foi uma junção excelente, ela admitia.

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