Capítulo 26

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— Ah que chatice !

A voz do detetive ecoou em seu pequeno bloco flutuante. Seu colega de quarto o olhou do outro lado, tirando os olhos do solo que ele não conseguia visualizar totalmente.

— O que foi agora ? — ele perguntou claramente desinteressado.

As pernas de Dazai balançaram na cama, se sentando nos lençóis.

— Ficar aqui sem fazer nada é muito entediante. Quer jogar pôquer mentalmente ? Ou prefere tentar adivinhar os números que pensamos ? — sua fala ligeira fez Fyodor olhar totalmente para ele.

Ele estreitou os olhos por um segundo, para dar em seguida um mísero sorriso.

— Tem certeza ? — questionou com os lábios um pouco curvados.

Dazai piscou e depois levantou a sobrancelha.

— Do quê ?

O russo segurou o riso, encostando-se na parede atrás de si.

— A Agência é bela. Devo admitir que é a melhor representação da luz em meio a escuridão que é a cidade de Yokohama. — ele refletiu — Entretanto, no momento essa luz ardente está se apagando rapidamente, já que eles foram vencidos no Cassino Celestial, a chance de provar sua inocência diminuiu drasticamente. Por isso eu pergunto, você tem tempo para ficar aqui jogando pôquer e adivinhando números ?

Dazai, com o queixo apoiado no punho, o fitou excessivamente.

— Tenho. — sua resposta soou fria e ríspida.

Até mesmo Fyodor se surpreendeu — tanto com a fala em si quanto com o tom da voz. Dazai bocejou, esticando os braços desleixadamente.

— Estou morrendo de tédio, bem mais do que você. Mesmo assim, tenho que te vigiar para que ele possa se mover livremente. — o moreno disse, um meio sorriso pintando rosto astuto.

— Ele quem ? — foi a vez de Fyodor não compreender.

Dazai então lhe lançou o sorriso completo. Olhos castanhos convictos e espertos lhe encaravam com uma irritante confiança.

— Ora quem ? Aquele que transcendeu toda e qualquer habilidade. O membro mais poderoso de toda a Agência de Detetives. — disse ele.

• • •

A respiração do presidente falhou por breves intervalos de segundos. O homem de preto tirava a máscara sem demora, e quando este deixou visível o queixo, o espadachim já conseguia ver o sorriso em seus lábios.

Cabelos negros se balançaram junto a um estridente sorriso vindo de Ranpo. De repente, a risada se calou, dando vez a uma estranha e dramática expressão de frustração.

— Como descobriu que era eu ? — Sua voz ecoou alta no ambiente, ao ponto que seus colegas mais a frente notaram.

Fukuzawa suspirou, exprimindo um grato sorriso.

— Bem, mais ou menos. Não achei que este era necessariamente você, mas acreditei que estaria por trás. No início, suspeitei de um tal “agente do governo” e de um “soldado” apressado. — seus olhos foram discretamente na direção do homem de terno e do outro fardado.

O de terno retirou o óculos e desprendeu o cabelo castanho, que logo retornou ao volume comum. O escritor deu um largo sorriso e abriu os braços.

— Eu mesmo ! Esse é o benefício de viver mil vidas como leitor e escritor ! — Poe afirmou olhando para o céu.

Por trás, o soldado disfarçado lhe deu um chute no joelho que quase o desequilibrou.

— Pare de se gabar ! Se não fosse a minha habilidade, não teríamos nem sequer saído do quartel. — Mushitaro o repreendeu, puxando a máscara que usava em seu rosto.

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora