Capítulo 37

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Atsushi sentiu um arrepio profundo percorrer seu corpo de uma maneira memorável. A visão se tornou turva devido aos aparelhos de transfusão, e que graças ao nervosismo fizeram seus sentidos falharem por um instante.

Embora estivesse amedrontado, o detetive notou que a vice comandante tremia. Parecia estar exausta, e o sangue em sua testa, juntamente com o movimento de sobe e desce de seu peito arfando eram evidências disso. Teruko girou a ponta da espada, fazendo Atsushi fechar os olhos com força.

Se assustou a princípio. Não estava sentindo nenhuma dor, nem mesmo um fio de agonia. Havia ele já chegado ao mundo dos mortos ? Bom, este não era o caso. A espada da ruiva cortou as amarras dos punhos e da cintura, o que deixou o menor impressionado. Enquanto a garota estava de costas, ele aproveitou para se sentar e retirar a máscara de gás. Sem muito esforço, fez o mesmo com os aparelhos de Tachihara, com muita medo que a ruiva fizesse algo contra o agente duplo dos Cães de Caça.

— Por que ? — foi seu pontapé para iniciar o diálogo.

Finalmente, Teruko se virou para ele. Atsushi arregalou os olhos. Seu rosto estava horrível, encharcado de sangue e com o tecido de seu uniforme desfigurado. Ela derrubou a espada, suprindo o desejo de apenas se jogar no chão e descansar — no entanto, estava cansada até para isso.

— Culpa sua. — declarou sem pretexto — Culpa de Clarice Lispector. Culpa do comandante. Culpa de Grace Aguilar. Eu perdi, e só percebi isso quando aceitei torturar um inocente.

Atsushi se sentiu lisonjeada ao ser chamado assim pela garota, mas guardou o sorriso gentil para depois.

— Foi o Fukuchi não foi ? Você sabe a verdade. — ele deduziu saindo de perto da cama de Tachihara. O silêncio da vice comandante foi sua resposta. — Junte-se a Agência. Podemos parar esse terrorismo juntos, e-

Num movimento rápido, a maca onde estava deitado minutos atrás voou contra a parede. Teruko a chutou com a cólera estampada em seus olhos.

— Mais uma palavra tola e eu mato você. — Alertou com a voz beirando a intolerância.

— Eu escolhi seguir o comandante por vontade própria. Embora tenha abandonado meus sentimentos pessoais, eu sigo acreditando na justiça. — Disse ela — Eu poderia amassar a sua cara até enfiar a realidade disto pelo seu crânio, mas aquela vaca me deixou sem força alguma, então terei que explicar isso em palavras.

— A realidade ? Como... — o platinado quis indagar mais, porém se calou.

— Contarei a verdade por trás do comandante, e vou lhe explicar como os objetivos dele são muito maiores do que o da Decadência e os da Agência.

• • •

Você é um fracasso. Sua mente ressoava com uma certa entonação forte. Não sabia dizer a quem pertencia a voz em sua cabeça. Se era de Kunikida — como uma forma de auto sabotagem — se era de seu negligente e exigente pai, ou se era dela mesma.

Aya despertou num pulo, sentindo suas costas e ombro serem cutucadas freneticamente pelas mãos geladas de Q.

— Finalmente ! Não é hora de hibernar ! — exclamou a criança de cabelos bicolor.

Aya, embora zonza, pensou em respondê-lo de imediato. Antes das palavras chegarem a língua, travou momentaneamente. Lembrou-se dos últimos acontecimentos com um aperto no coração, um medo vivo e vibrante.

— O Bram ! Onde está o Bram ? — ela questionava de olhos arregalando, virando a cabeça para vários lados até encontrar o corpo de Bram.

O lorde estava “de pé”, preso em uma cruz improvisada, feita apenas para que ele ficasse naquela posição. Ele bufou com a reação da ruiva.

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora