Capítulo 32

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Passos largos e brutos percorriam o espaço aberto e climatizado do aeroporto. Fios ruivos se moviam a cada movimento da baixinha de cara emburrada e murmurando pelos cotovelos.

— Aquele irresponsável! O velho não consegue fazer algo certo uma única vez! Agora tenho que ir no banco de achados e perdidos porque o bonitão esqueceu alguma coisa mais uma vez ! — Ela dizia entredentes, com os punhos cerrados e as unhas alcançando a pele macia da palma da mão.

Aya era uma criança tranquila, mas muito desagradável quando irritada. O velho em questão era seu pai, que mandara a filha mais uma vez para buscar algo esquecido no aeroporto. Para facilitar as coisas, a menina pegou o celular e buscou o mapa do aeroporto, procurando o balcão de achados e perdidos.

Mais uma vez, o noticiário apresentava novas medidas internacionais contra os atos terroristas e a Agência de Detetives Armados. Aya não pôde deixar de ouvir com atenção. Desde o dia em que havia sido salva por Kunikida e Yosano no metrô, sentia que aquilo não batia com os acontecimentos mais recentes. Ela suspirava no silêncio da negação. A Agência não pode ser terroristas. Repetia a si mesma.

Seus pensamentos se desmantelaram quando um corpo se chocou contra o seu. O susto fez o celular cair de sua mão, e como a pessoa nem sequer olhou de volta, ela virou o rosto para tentar vê-lo.

— Ei, olha por onde anda ! — ela exclamou com fúria.

Freou suas emoções quando percebeu que a pessoa grosseira para quem olhava era um homem de estatura mediana, cabelo platinado e vestia um uniforme militar. Um policial ? Aqui ? Ela questionou em silêncio.

Jouno fez de conta que a garota nunca esteve ali, escutando apenas os batimentos que oscilavam de segundo em segundo.

— Desculpa a demora. — ele disse baixo, se aproximando de Tecchou e Teruko.

— Não aceito as desculpas. Por que demorou tanto ? — a vice comandante perguntou com o rosto franzido.

— Procurei o Tanizaki na esperança de que ele viria. Não temos notícias dele desde ontem. Se vamos realmente enfrentar a Agência e a Diretriz aqui, as habilidades dele seriam úteis. — respondeu calmo, controlando o tom da voz para não ser mal interpretado.

A garota soltou um riso seco.

— Podemos cuidar deles se aparecerem, afinal, lutar não é o nosso objetivo. — afirmou pondo as mãos na cintura — Somos a escolta do One Order. Devemos impedir que ele seja roubado quando chegar aqui no aeroporto, e se a Agência tentar algo, é aí que devemos lutar.

— E o aeroporto, cheio de civis, se tornara um campo de batalha. — Tecchou concluiu com certa oposição às ordens — Não tinha um plano que envolvesse menos pessoas ?

Teruko olhou para ele com serenidade, ao contrário do normal.

— Bem, dezoito caminhões saíram como iscas falsas, mas o Comandante disse que aquele garoto, o detetive que apareceu ao vivo na TV, com certeza perceberia. Não podemos deixar que eles roubem o dispositivo, nem que custe as nossas vidas. — elas respondeu.

Jouno soltou um arquejo baixo e preguiçoso.

— Só acho que podemos fazer algo melhor do que simplesmente lutar. Não creio que seja difícil encontrar um conhecido deles para fazer de refém, principalmente em um lugar como esse. — a declaração fez escorrer uma gota de suor pela têmpora.

Policiais iam tão longe assim ? Ou seria apenas uma exceção devido a gravidade do caso ? Ela não soube responder. Sua mente parou de funcionar quando o rosto de Jouno finalmente se inclinou para encara-la, dessa vez um quase sorriso.

Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs Onde histórias criam vida. Descubra agora