A maioria dos animais inclusive os humanos, já paralisou diante do susto de ser pego aprontando, você congela o coração dispara, você prende o ar, mas seu cérebro obriga com dificuldade fazer seu pulmão trabalhar, sua voz se prende no fundo da garganta e seus olhos arregalam, tudo o que quer é sair correndo. Foi exatamente assim que me senti quando abri a porta e o vi.
— Pai. — A voz saiu um fio e automaticamente mordi o interior do lábio.
Engoli seco ao ver sua expressão, ele estava muito puto, via isso pelo seu olhar, apesar da expressão neutra até receptiva, para quem não o conhecesse.
— Eu disse que acharia vocês dois — ele suspirou, moveu o pescoço de um lado para o outro, fazia isso quando estava tenso. — Agradeça sua mãe, por eu estar nessa porta e não a polícia.
— Isso seria uma cena que eu gostaria de ver, a polícia batendo à porta — meu avô falava, olhei para trás. — Para encontrar seu filho que tá botando o pé para fora do armário e seu pai que bateu a porta do armário na sua cara. Me diz, é assim que contaria para polícia? Porque é assim que eu daria meu depoimento.
— Ou eu poderia te mandar para uma clínica, vim te buscar, alegando sua instabilidade mental — meu pai retrucou, irritado, entrando, passando por mim que queria correr para fora e deixar os dois se matarem.
— Ah, agora você quer me tachar de louco? Não basta a interdição...
— Porque você está com Alzheimer! — meu pai alterou a voz em um quase grito, passou a mão na testa e fechou os olhos. — E mesmo assim, a primeira coisa que fez foi planejar essa maldita viagem. Arrastou meu filho, aproveitou do seu neto, porra, pai. Até nesse estado você consegue ser um grande manipulador egocêntrico.
— Eu quis vim. — Minha voz saiu baixa, mas meu pai ouviu, virou o rosto para mim com a expressão irritada. — Essa viagem é importante para nós dois... eu também quero achar o Steve.
Ouvir aquele nome e a minha declaração foi como uma traição para meu pai, podia ver isso na sua expressão. Steve era para meu pai a figura que representava tudo que faltou da parte do meu avô. A distância e a frieza eram porque meu avô pensava em Steve, o amor que faltou era porque tudo era de Steve. Era o que meu pai via.
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Quando eu tinha 60 anos
FanfictionNo mesmo dia que é pego beijando um garoto, Peter e sua família descobrem que seu avô está com Alzheimer, deixando um dia complicado pior. Tony, o avô de Peter, logo após o diagnóstico, confessa muito angustiado que teve um relacionamento proibido...