✿02- Quando eu soube que esqueceria ele✿

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"Quando eu tinha 60 anos, descobri, após saber que esqueceria todos que amava, que somos feitos de lembranças. E tudo é imediato quando você esquecerá tudo até quem você é."

Agora na estrada, eu decidi que preciso contar a minha história para mim mesmo na verdade. Enquanto vivo essa viagem, vou esquecer, e o tempo que tenho é no agora.

Papai era fechado; para ele, um bom homem é um homem que vive pelo trabalho e provê o melhor para sua família. Vivíamos em Nova York, numa época efervescente após a crise dos anos 30, o american way of Life estava a todo vapor, com uma ou outra tensão, éramos cosmopolitas. Vovô, por outro lado, era da parte mais ao norte da Califórnia, ele tinha uma fazenda de milho, era um grande nome no ramo alimentício. E graças a fazenda, a vida foi estável o suficiente para papai fazer faculdade de engenharia. Como sempre há um choque geracional, papai seguiu a globalização, para o horror de vovô, e aderiu ao ramo da tecnologia. Howard Stark, meu pai, era um visionário; e eu concretizei seus sonhos consolidando o nome Stark no ramo da tecnologia.

Passávamos os verões na fazenda de vovô, foi lá que eu o conheci. A família Rogers trabalhava para a de vovô há muito tempo. Conheci Steve com 9 anos, ele tinha 11 e provavelmente ele me odiava. Sempre sorrio pensando nisso, motivos é o que não faltavam para tal aversão. Eu era terrível e arrogante, sempre dizia que ele era obrigado a me servir, que iria demitir a família dele, mesmo que no começo não nos víamos muito, pois ele não trabalhava na fazenda só aparecia às vezes para ajudar os pais em alguma coisa.

Seus olhos azuis tão apaixonantes cheios de ternura, eu ainda me lembro dele.

Eu vou esquecê-lo! Havia uma voz gritando tão alto na minha mente que poderia jurar que todos à minha volta poderiam ouvir. Então veio a minha confissão tão desesperada e culpada diante da minha família. O olhar de Richard fazia a culpa me corroer e uma parte minha sussurrava "pelo menos o alzheimer fará você esquecer todos seus erros, não haverá mais culpa", mas eu preferia a culpa, a dor pelos olhares acusatórios do meu filho, não queria esquecê-lo, eu o amo.

Quando eu tinha 60 anosOnde histórias criam vida. Descubra agora