Notas: Me desculpem se algumas frases soarem confusas, não consegui tornar isso muito melhor... No demais, desejo boa leitura e passo para avisar que o próximo capítulo será o último. Espero que estejam gostando até aqui.
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11° shot
Kaz teve alguma dificuldade de acompanhar Inej, pelo menos a princípio. A garota estava evitando toques por pura força do hábito, mas ao ver que o Brekker jamais conseguiria subir um lance de escadas sozinho, ela passou o braço ao redor de suas costas e o sustentou para que tivesse mais firmeza ao andar. Subindo o terceiro degrau, Inej teve a sensação de que o moreno estava prestes a desmaiar. Os dois travaram por um instante e interromperam o trajeto.
— Você está bem? — Inej questionou com um olhar preocupado. Os olhos da Ghafa seguiram para uma de suas mãos — Kaz... Você perdeu uma das suas luvas.
— Eu não me sinto bem, mas consigo andar — Ele murmurou baixo, claramente passando mal depois de ingerir tanto álcool. Seu rosto estava manchado de sangue, algo que Inej percebeu tardiamente.
— Seu nariz está sangrando, vem... — falou, ajudando-o a concluir o trajeto até o quarto de Jesper.
Chegando lá, mais uma vez a Ghafa teve que ser paciente com o Brekker. Honestamente, ela imaginou que era uma provação dos Santos para testar sua fé. Embora ela precisasse admitir que a sua raiva já estivesse se esvaindo ao ver Kaz tão mal.
A garota acendeu as luzes e ajudou Kaz a se sentar na cama. Quando estava procurando algo para limpar o rosto de Kaz, no banheiro que acompanhava o cômodo, ela ouviu um barulho que a fez fechar os olhos por um segundo antes de pegar um balde e ajudar Kaz Brekker a vomitar.
Não havia cabelo para segurar (o que era uma boa notícia) e muito menos Kaz estava vomitando nas roupas, o que em si tornou o trabalho mais fácil. Ela apenas segurou o balde e tentou acalmar o amigo, pelo menos até ele tirar o recipiente das mãos dela e se abraçar nele. Nesse ponto, Inej decidiu segurá-lo como em um abraço e manteve as mãos pressionando seu estômago na tentativa de tornar as coisas mais rápidas. Quando a sessão de vômitos teve fim, a Ghafa soltou Kaz e correu buscar um pano molhado para lavar o rosto do garoto (um ato bondoso, pois ela não queria que ele acordasse ensanguentado e cheirando mal).
Kaz deitou na cama e Inej o ajudou a remover os sapatos, ela também aproveitou a oportunidade para afagar seu rosto, esperando que ele não se lembrasse disso no dia seguinte. O Brekker era uma bagunça, nem por isso Inej deixava de gostar dele – E, honestamente, ela não gostava de ninguém como gostava daquele garoto problemático.
Por isso, quando fez menção a se levantar e deixar o quarto, seu coração disparou ao ver Kaz arquejar um xingamento e pedir para ela ficar.
— Kaz, é melhor você descansar agora, sério — a Ghafa disse, hesitando por um segundo. Ficar. Ela não podia simplesmente fazer isso, ela tinha que descer as escadas e ajudar com a bagunça criada.
— Jes está bravo comigo? — a pergunta pegou os dois desprevenidos; Kaz não achava que era isso que ele queria falar, mas sabia que era algo importante. Um suspiro escapou pelos lábios de Inej.
— Sim — respondeu e assistiu ao amigo franzir a testa.
— Você está? — O coração do Brekker se retorceu ao perceber que essa era uma preocupação válida. Talvez sua maior preocupação (maior que as consequências, maior que deixar Jordie descobrir daquela festa).
— Não — falou incerta se era uma mentira ou uma verdade recente — Mas você comprou uma briga feia com Matthias essa noite.
— Eu me arrependo... — A frase pareceu pronta para qualquer um que a ouvisse. Pareceu pronta até mesmo para Kaz, como quando você diz "obrigada" só pela força do hábito.
— Não minta... — Inej sibilou fraco, ela realmente detestava que mentissem para ela, mesmo se a intenção fosse boa (ou minimamente educada).
— Você vai embora? — A Ghafa mordeu o lábio ao notar os olhos fechados de Kaz. Ele estava quase se desligando de tudo, mas ainda parecia aflito o bastante para manter os punhos fechados e uma respiração controlada.
— Tenho que ajudar a esvaziar a casa e limpar tudo — lembrou, apenas para amenizar o fato para o Brekker.
— Eu sou péssimo — a confissão foi suspirada por Kaz um pouco antes dele levar as mãos ao rosto e apertar a palma das mãos nos olhos, fincando os dedos entre seu cabelo.
— Vai se sentir melhor amanhã — Inej prometeu, detestando ver o estado de Kaz.
— Jordie vai me matar... — O garoto sussurrou, jogando a cabeça para trás, deixando o pescoço tão arqueado que a Ghafa imaginou que mais um pouco e ele se machucaria. Um bufar os trouxe de volta e então Inej assistiu Kaz molhar os lábios antes murmurar mais um dos pensamentos que passaram rápidos em sua mente bêbada — Mas ao menos eu ainda vou ser o dono de Ketterdam... — a frase fez Inej rir em silêncio, não que Kaz estivesse de olhos abertos para presenciar esse fenômeno. E pelos próximos dez segundos eles viveram um silencio tão absoluto que a morena chegou a acreditar que o sono teria levado Kaz. Até que, quando ela deu as costas para o amigo, o ouviu novamente em um resmungo baixo — 'Nej? Eu preciso que me diga algo amanhã.
— Algo em específico? — Ela perguntou também em um tom mais baixo que sua voz habitual e o viu assentir de leve, mesmo que ele já estivesse puxando as cobertas e rolando na cama para o lado oposto.
— 'Nej, diga que eu já posso me atirar da janela — disse.
Inej o teria feito repetir a sentença se ela não houvesse soado tão clara para seus ouvidos. Sua testa se franziu ligeiramente.
— Você não está fazendo sentido, Kaz — murmurou confusa e curiosa sobre o que estaria acontecendo dentro da cabeça do Brekker naquele momento.
— Sim, estou — Ele rebateu mal humorado, ciente da forma como ela o segurou até chegarem ao quarto. Ciente de suas mãos pressionando seu estômago e tocando seu rosto. Ciente do roçar de seus dedos em seu pulso descoberto quando ela estava distraída. Ele poderia se converter por isso. Poderia pular da janela e agradecer se quebrasse as duas pernas.
— Por favor, acorde bem amanhã — Inej pediu, precisando se lembrar de que não desvendaria Kaz naquela noite. Ela mal o desvendaria sóbrio, certamente não o faria quando ele estava com os sentidos afetados.
— Eu não vou lembrar de nada — concluiu como se em um estalo, como se pudesse sentir a verdade das palavras se manifestando como uma praga. A Ghafa balançou a cabeça em uma negativa.
— Talvez seja melhor assim — Ela pensou alto, mas o ouviu gemer em protesto. Mais uma vez, ele se debateu na cama e se voltou para Inej, sustentando o olhar por meio segundo antes de suas pálpebras pesarem como se fossem de chumbo.
— Por favor, me lembre...
— Do que? — Inej indagou um pouco irritada com aquela história de se jogar de janelas e propensão a encher a cara em festas.
— Me diga que já posso me atirar da janela — a resposta a fez bufar, mas Kaz manteve a postura serena de quem estava falando a verdade e não apenas tentando deixá-la chateada.
— Santos... Apenas vá dormir — ela ralhou zangada, dessa vez não dando brechas para que o Brekker a impedisse de ir rumo à porta.
— Você está linda essa noite — a confissão foi sussurrada antes que Kaz pudesse ouvir a porta se fechando, era um último ato de coragem. Inej merecia saber... Ele só estava tão sonolento que não tinha certeza se teve forças e a capacidade de se fazer ser ouvido por ela. Kaz gostaria de pensar que sim, que o sorriso dela era por isso e não porque já ele estava sonhando.
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Drink! - Kaz Brekker
FanfictionKaz fica bêbado na festa de 19 anos do Jesper e ele faz pelo menos três coisas que se arrepende até o último fio de cabelo quando está sóbrio.