~ Lucas
Tenho 3 panelas no fogo e sou apenas 1 pessoa. Me sinto desesperado por ter que tomar conta dessas 3 panelas ao mesmo tempo.
Bom, eu convidei a Bela para jantar em casa, mas eu queria poder dizer "fui eu que cozinhei" após ouvir ela elogiando a comida. Então, tive a brilhante ideia de realmente cozinhar para ela.
Não que eu cozinhe como robbie ou realmente saiba cozinhar bem diversas comidas. Mas eu tenho uma cozinha, um celular para pesquisas e materiais de cozinha. Não tem como dar errado.
Finalmente pude parar com as panelas e comecei a arrumar a mesa. Coloquei os pratos, talheres e guardanapo na mesa.
(...)
- Oi, Bela. - lhe abracei. - Tudo bem?
- Oi, Lucas. Tudo bem. E contigo? - ela me olhou depois do abraço.
Quase que solto um "melhor agora".
- Tudo bem. - Agora, sorri sem mostrar os dentes.
Nos levei até minha casa.
Peguei o doce que ela tinha nas mãos e coloquei na mesa.
Ela pendurou sua jaqueta na cadeira e reparou na mesa.
- Uau.
Sorri.
- Você que arrumou a mesa?
- Sim. - respondi.
Ela sorriu.
Depois fez uma careta.
- Você tá sentido esse cheiro?
- Cheiro? Que chei..- PUTA MERDA! - corri para cozinha. Ela veio atrás de mim.
- Você que tá cozinhando? - Ela questionou.
- Sim. - Disse enquanto tirava a comida, ou melhor, a pedra de carvão do forno.
- Mas você me disse que cozinhar não era o seu forte. - Ela disse confusa, mas um pouco rindo.
- É que eu tentei, né. - lhe olhei.
Ela terminou de rir.
- Você é um fofo.
Bela me ajudou a tirar o cheiro de queimado da cozinha. Sentamos no sofá.
- Lucas, você pode colocar o temporizador no forno ou no celular mesmo. - ela disse sentando no sofá.
Fiz uma careta. Confesso que não imaginei, não cogitei e muito menos me preparei para a possibilidade de dar errado. Isso me decepcionou.
- Bom, a gente não pode comer só arroz e salada. - eu disse sentando ao seu lado.
- Tem razão. - Bela pegou o celular. - Vamos escolher algo pra pedir.
Ficamos indecisos na hora, mas pedimos.
...
- Sabe, Lucas. O arroz tá bom e a salada também. - Ela disse num sorrisinho.
Ri fraco.
- Eu que fiz. - dei de ombros.
Ela riu também.
Tem uma música tocando na caixinha, ficamos comendo em silêncio por poucos minutos.
- hm.. - ela largou o garfo no prato. - Porque você nunca me disse que era famoso?
Senti minhas bochecas queimarem.
- Ah. Eu não sou famoso "famoso". Só... um youtuber conhecido.
- com mais de 10 milhões de inscritos?
Suspirei. Ela sorriu.
- Eu nunca tive a oportunidade de falar.
- Entendi. Mas é legal isso? Tipo, você nunca teve que mudar de endereço porque seus fãns descobriram onde você mora e se reuniram no portão da sua casa?
- Não. - ri fraco. - Na verdade eu sou meio reservado quanto a minha vida pessoal. E, sim. Em partes, é legal ser famoso. Você recebe o carinho de muitas pessoas que adimiram o seu trabalho, que gostam do que você faz.
- E a outra parte?
Pensei um pouco.
- Assim como as pessoas podem mostrar como te adimiram, algumas podem mostrar como te odeiam também. Mas isso varia muito. - disse. - Se você é uma pessoa que se importa demais ou não se conhece direito, o que as pessoas dizem sobre você acabam pesando demais. Mas se você sabe quem você é e não se importa com comentários maldosos, isso não pesa tanto.
- Entendi. Mas e você? Você gosta? - ela tomou um pouco do vinho que tinha em sua taça.
- Sim. - sorri. - Mas agora, chega de falar do meu trabalho. Quero falar sobre o seu.
- Bom... eu tô terminando de estudar arquitetura e, por enquanto, trabalho numa biblioteca.
- Terminando? Quantos anos você tem?
- Eu tenho 23. Comecei logo com os meus 18.
- Legal. - ele sorriu. - e porque você escolheu isso?
- sobre a biblioteca, eu procurei emprego por lá porque é só ficar a tarde inteira numa sala grande com arcondicionados e silêncio. - ela me fez rir fraco. - E sobre a arquitetura...
Bela pensou, e continuou.
- Eu nunca tive uma profissão dos sonhos. Quero dizer, não uma só. Em alguns momentos eu queria ser atriz, em outros eu queria só vender arte na praia. - ela disse quase rindo. - Eu sempre quis muita coisa, mas eu só tenho uma vida, então escolhi algo não tão chato, não tão grande e nem tão simples. Mas que me desse a oportunidade de sentir que eu fiz algo legal.
Sorri.
Autora: não tem um momento em que eles não passem sem sorrir. Bjoo
