102 - Conforto

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Lucas está fazendo questão de ficar até ter certeza de que eu estou completamente bem.

Ainda faltam algumas horas para Luna sair da escola, então Lucas não se apressou.

Ele faz um comentário engraçado sobre o filme que estamos assistindo agora, justo sobre a minha personagem favorita. Eu jogo pipoca nele enquanto finjo que não achei engraçado, mas não consigo mais prender o riso quando ele faz outro comentário.

- Que ódio! Você não me deixa nem fazer drama direito!

Ele ri mais um pouco.

Quando alguns segundos se passam, me aproximo dele no sofá.

A Mariana disse que eu só queria o Lucas por interesse, mas eu sei que ela está completamente errada. Nunca me passou pela cabeça ficar com o Lucas por isso.

Apesar de que as palavras dela quando disse sobre mim e a Luna tenham me afetado muito, eu não consigo evitar o sentimento de só conseguir me sentir bem agora; com o Lucas. De alguma forma, ele faz eu sentir que sou melhor agora. Não sei se é porque está me tratando de uma forma especial, ou se é simplismente a sua presença que faz eu sentir isso.

Querendo ou não, ele está se tornando meu porto seguro novamente. Não sei se esse sentimento é momentâneo, mas a única coisa que quero agora é aproveita-lo por enquanto que sinto. Por enquanto que meu passado com o Lucas não me atormenta como me atormentou quando ele tentou me beijar. Ah, droga. Se eu não estivesse pensando no quão ruim nos demos juntos, aquele dia, eu teria com certeza deixado ele me beijar.

Deitei minha cabeça no seu peito, ele passou seu braço por mim, deixando sua mão encostar na minha coxa coberta pelo meu shorts.

- Ah! Preciso te mostrar uma coisa. - levantei do sofá. - Vem cá.

Caminhei até o quarto, ele atrás de mim.

- Eu comprei uma coisa pra Luna. Já que ela gosta tanto de experimentar coisas novas, diferentes do que ela está acostumada então... - abri o guarda roupa e puxei o ukulele rosa. - eu queria dar isso pra ela, no seu aniversário.

- Bela... - ele sorriu. - Não acredito.

- Ela vai gostar? - perguntei.

- É claro que vai. Você sabe como a Luna é, né. Adora um desafio. Tenho certeza que vai aprender a tocar isso ai em 2 dias.

Ri um pouco, de felicidade e lembrando que o aniversário dela é daqui á duas semanas.

- Nossa, mano. Ela vai barulhar todos os dias na casa toda com isso ai.

- Eu sei que vai. - ri um pouco.

Guardei o ukulele no guarda roupa novamente.

Suspirei feliz e me joguei na cama, com as mãos atrás da cabeça.

- Eu estava desesperada atrás de um presente para Luna. É que... tem que ser algo muito legal, que ela realmente goste, sabe?

- Sim. - ele deitou do meu lado. - Você achou o presente perfeito, Bela.

- Ai eu ensino ela a tocar. Eu sei tocar ukulele, é facinho.

- Não me surpreendo que você saiba tocar isso. Já parou para contar o tanto de hobbies que você tem?

- Não. - ri fraco. - gosto de chutar. Acho que tenho uns... 422 hobbies diferentes.

- Ai já é demais, né. - quem riu foi ele, desta vez.

Lucas se aproximou de mim, tanto que me senti na liberdade de passar as unhas no seu cabelo. Acho que ele sentiu o mesmo que eu e deitou sua cabeça sobre meu peito. Não parecendo o suficiente, deitou seu corpo sobre o meu e seus braços podendo serem passados por debaixo das minhas costas, mas ele apenas deixou as mãos livres para conseguir tocar no meu cabelo jogado no travesseiro ou passar os dedos em cada lado do meu pescoço.

Ele colocou seu queixo no meu peito, podendo observar meu rosto assim como pude observar o seu.

Afundo minhas unhas no seu cabelo, fazendo carinho na cabeça dele com as duas mãos. Lucas sorri tão fraco, praticamente imperceptível, mas era nítido nos seus olhos um brilho muito bom. Ele se deitou por completo em mim quando virou o rosto e deitou a cabeça de lado no meu peito. Não pude mais olhar em seu rosto, mas apenas fechei os olhos enquanto fazia carinho na sua cabeça e, agora, incluindo o pescoço.

Ficamos em silêncio, mas acho que foi o melhor silêncio da minha vida.

Permanecemos na mesma posição até Lucas perceber que é quase a hora de buscar a Luna.

- Qualquer coisa, me manda mensagem, ok? - ele perguntou quando estavamos caminhando até a porta principal, seu braço se passava pelo meu ombro.

- Pode deixar. Diz para a Luna que eu mandei um beijo.

Ele assentiu com a cabeça e beijou o topo da minha cabeça antes de sair pela porta.

Depois de 30 segundos que precisei para processar o melhor beijo mais simples da minha vida, volto para o mundo real. Observo o sofá da sala.

Ele esqueceu a mochila da Luna.

Recomeçar - (T3ddy)Onde histórias criam vida. Descubra agora