~ Lucas
A sala de casa está escura, iluminada apenas pela luz da televisão. Estou deitado no sofá e Bela sobre mim, encostando sua cabeça no meu peito e está coberta por um edredom.
Meu celular vibra e eu pego o aparelho que estava do meu lado.
Mariana
Oi Lu, tudo bem?
Tô com sdds
O que você acha de sairmos um dia desses?
[12:00h]Lembro que da ultima vez que vi ela, foi quando ela prometeu que ia ajudar a Luna na festa do pijama com as amigas. E, na noite em que ela devia vir, simplismente não deu sinal nenhum, apenas saiu com a Cecília como se estivesse esquecido da Luna ou a iguinorado. Só por isso eu já teria cortado tanta comunicação entre nós. Não foi a primeira vez que ela fez isso mesmo prometendo que não ia mais fazer. E agora que eu soube o que aconteceu entre ela e a Bela, não tenho mais nenhuma mínima vontade de responder suas mensagens, principalmente as como essa que ela acabou de mandar.
Bela passa a mão pelo meu colo algumas vezes, fazendo carinho. Isso sinaliza que está acordada - ela estava cochilando há alguns minutos.
- Lucas.
- Oi, amor. - largo o celular no sofá novamente.
- Não está na hora de busca a Luna, não? - Ela rola pro lado das costas do sofá, saindo de cima de mim.
- Que horas são? - Levanto do sofá.
Ela liga meu celular que está jogado no móvel.
- Olha. Já são 12:35. Acabou de ser liberada. Ela sai de 12:20, não é?
- Puta merda. - praticamente corro até o quarto para pegar uma blusa. - Ela nunca ficou tanto tempo me esperando.
Bela passa as mãos pelo cabelo e se aproxima da porta, a abrindo para nós.
Chegamos na escola da Luna e não avisto tantas crianças como sempre. Com certeza porque já se passaram 15 minutos desde o fim do turno, por isso a maioria já foi embora. Na creche, as crianças esperam os pais no lado de dentro, e apesar de ter visão do pátio mesmo fora da escola, não estranho em não avistar Luna por lá. Eu me aproximei do portão e o senhor que fica sentado próximo a entrada franziu o cenho quando me viu, o que não é comum de se acontecer. Ele sempre recebe todos os pais com a maior gentileza.
- O senhor veio buscar a Luna?
- Sim. - concordei.
- Estranho. A Luna já foi.
- Como... com quem?
- A mãezinha dela.
- A mãe da Luna?
- Sim, a moça meio ruiva, branquinha...
Mariana.
- Não, ela não é mãe da Luna.
- O senhor vinha buscar a Luna com essa moça muitas vezes, por isso achei que era a mãe dela e deixei elas sairem. A Luna também não recuou quando viu a moça, então não estranhei nada.
Coçei a nuca, tentando manter a calma mais uma vez. Eu não acho que Mariana faça algo ruim com a Luna, com certeza não. Mas se ela ja me decepcionou algumas vezes com questões envolvendo a Luna, pode muito bem fazer isso novamente. E se ela não tiver paciência o suficiente? A Luna pergunta demais. Ou se ela não for responsável o suficiente? As vezes duvido que ela seja.
- Tudo bem. Só peço que não deixem mais a Luna sair com ninguém que não seja eu, por favor. - pedi, tirando o celular do bolso.
Dou as costas para a escola e percebo que Bela me olha atenta, caminho até o carro enquanto ligo para Mariana.
- Tá tudo bem? Cadê a Luna?
Entrei no carro.
- A Mariana veio buscar ela antes de mim. - disse permitindo que o estresse saísse no meu tom de voz.
- E deixaram ela sair com a Mariana?!
- Acharam que era a mãe da Luna. - a Mariana finalmente atendeu. - Mariana, você está com a Luna?
- Oi. Sim, Lucas, está tudo bem. E você? - ela diz do outro lado da linha.
Suspiro.
- Mari, a Luna está com você, não está? - perguntei mais uma vez.
- Sim, sim - ela responde. - Está comigo.
- Por que você não me avisou... sei lá...
- Você não quer falar comigo. Iguinorou minha mensagem.
- Agora é diferente. Estou indo buscar a Luna.
- Então, Lucas. Nós estamos chegando no seu prédio.
(...)
Quando eu e Bela chegamos no prédio, elas tinham acabado de chegar na portaria.
- Eu estava passando perto da escola da Luna e vi ela no pátio, sozinha. Ela estava pensando que você esqueceu dela e estava triste, por isso a trouxe. - Mariana explicou. - Até fomos num parque no caminho.
Olho para Luna.
- Pai, por que você demorou para me buscar? - ela agarrou a minha perna.
- Filhota, eu perdi o horário. Mas prometo que não vai acontecer de novo. Promessa de dedinho?
- Promessa de dedinho!
Não demorou muito para ela abraçar a Bela.
- Você esqueceu de buscar a Luna porque estava transando, então? - Mariana.
Suspiro.
- Eu preciso levar a minha filha para casa.
- E não vai nem me agradecer?
Demoro um pouco para responder.
- Obrigado, Mariana.
- Tchauzinho, Bela. - Mariana sorriu para ela e disse.
- Tchau. - Bela está com a Luna no colo e responde.
- Até outro dia, Luninha! - Mari se aproximou da Bela e deu um beijo na bochecha da Luna, sorrindo, com uma expressão meiga.
Bela me encara.