107 - Mais alguns dias

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~ Lucas

A sala de casa está escura, iluminada apenas pela luz da televisão. Estou deitado no sofá e Bela sobre mim, encostando sua cabeça no meu peito e está coberta por um edredom.

Meu celular vibra e eu pego o aparelho que estava do meu lado.

Mariana

Oi Lu, tudo bem?
Tô com sdds
O que você acha de sairmos um dia desses?
[12:00h]

Lembro que da ultima vez que vi ela, foi quando ela prometeu que ia ajudar a Luna na festa do pijama com as amigas. E, na noite em que ela devia vir, simplismente não deu sinal nenhum, apenas saiu com a Cecília como se estivesse esquecido da Luna ou a iguinorado. Só por isso eu já teria cortado tanta comunicação entre nós. Não foi a primeira vez que ela fez isso mesmo prometendo que não ia mais fazer. E agora que eu soube o que aconteceu entre ela e a Bela, não tenho mais nenhuma mínima vontade de responder suas mensagens, principalmente as como essa que ela acabou de mandar.

Bela passa a mão pelo meu colo algumas vezes, fazendo carinho. Isso sinaliza que está acordada - ela estava cochilando há alguns minutos.

- Lucas.

- Oi, amor. - largo o celular no sofá novamente.

- Não está na hora de busca a Luna, não? - Ela rola pro lado das costas do sofá, saindo de cima de mim.

- Que horas são? - Levanto do sofá.

Ela liga meu celular que está jogado no móvel.

- Olha. Já são 12:35. Acabou de ser liberada. Ela sai de 12:20, não é?

- Puta merda. - praticamente corro até o quarto para pegar uma blusa. - Ela nunca ficou tanto tempo me esperando.

Bela passa as mãos pelo cabelo e se aproxima da porta, a abrindo para nós.

Chegamos na escola da Luna e não avisto tantas crianças como sempre. Com certeza porque já se passaram 15 minutos desde o fim do turno, por isso a maioria já foi embora. Na creche, as crianças esperam os pais no lado de dentro, e apesar de ter visão do pátio mesmo fora da escola, não estranho em não avistar Luna por lá. Eu me aproximei do portão e o senhor que fica sentado próximo a entrada franziu o cenho quando me viu, o que não é comum de se acontecer. Ele sempre recebe todos os pais com a maior gentileza.

- O senhor veio buscar a Luna?

- Sim. - concordei.

- Estranho. A Luna já foi.

- Como... com quem?

- A mãezinha dela.

- A mãe da Luna?

- Sim, a moça meio ruiva, branquinha...

Mariana.

- Não, ela não é mãe da Luna.

- O senhor vinha buscar a Luna com essa moça muitas vezes, por isso achei que era a mãe dela e deixei elas sairem. A Luna também não recuou quando viu a moça, então não estranhei nada.

Coçei a nuca, tentando manter a calma mais uma vez. Eu não acho que Mariana faça algo ruim com a Luna, com certeza não. Mas se ela ja me decepcionou algumas vezes com questões envolvendo a Luna, pode muito bem fazer isso novamente. E se ela não tiver paciência o suficiente? A Luna pergunta demais. Ou se ela não for responsável o suficiente? As vezes duvido que ela seja.

- Tudo bem. Só peço que não deixem mais a Luna sair com ninguém que não seja eu, por favor. - pedi, tirando o celular do bolso.

Dou as costas para a escola e percebo que Bela me olha atenta, caminho até o carro enquanto ligo para Mariana.

- Tá tudo bem? Cadê a Luna?

Entrei no carro.

- A Mariana veio buscar ela antes de mim. - disse permitindo que o estresse saísse no meu tom de voz.

- E deixaram ela sair com a Mariana?!

- Acharam que era a mãe da Luna. - a Mariana finalmente atendeu. - Mariana, você está com a Luna?

- Oi. Sim, Lucas, está tudo bem. E você? - ela diz do outro lado da linha.

Suspiro.

- Mari, a Luna está com você, não está? - perguntei mais uma vez.

- Sim, sim  - ela responde. - Está comigo.

- Por que você não me avisou... sei lá...

- Você não quer falar comigo. Iguinorou minha mensagem.

- Agora é diferente. Estou indo buscar a Luna.

- Então, Lucas. Nós estamos chegando no seu prédio.

(...)

Quando eu e Bela chegamos no prédio, elas tinham acabado de chegar na portaria.

- Eu estava passando perto da escola da Luna e vi ela no pátio, sozinha. Ela estava pensando que você esqueceu dela e estava triste, por isso a trouxe. - Mariana explicou. - Até fomos num parque no caminho.

Olho para Luna.

- Pai, por que você demorou para me buscar? - ela agarrou a minha perna.

- Filhota, eu perdi o horário. Mas prometo que não vai acontecer de novo. Promessa de dedinho?

- Promessa de dedinho!

Não demorou muito para ela abraçar a Bela.

- Você esqueceu de buscar a Luna porque estava transando, então? - Mariana.

Suspiro.

- Eu preciso levar a minha filha para casa.

- E não vai nem me agradecer?

Demoro um pouco para responder.

- Obrigado, Mariana.

- Tchauzinho, Bela. - Mariana sorriu para ela e disse.

- Tchau. - Bela está com a Luna no colo e responde.

- Até outro dia, Luninha! - Mari se aproximou da Bela e deu um beijo na bochecha da Luna, sorrindo, com uma expressão meiga.

Bela me encara.

Recomeçar - (T3ddy)Onde histórias criam vida. Descubra agora