Salvation ● Pedro Guilherme

forty-five ● 45

Os raios solares invadem meu quarto através da janela de vidro, perturbando meus olhos e causando uma irritação que me leva a coçá-los. Enquanto isso, o som do galo ecoa, anunciando o início do dia. Decido virar meu rosto para o outro lado e abro os olhos, deparando-me com o despertador cor de rosa na cômoda, que marcava exatamente 07:00.

-- acho que vou dormir só mais um pouquinho -- murmurei puxando a coberta para cima do meu rosto

Ontem, vivenciei um dia de extrema exaustão que certamente deixará sequelas, pois fui incumbida de coordenar uma operação, por ser apenas uma residente. No entanto, agradeço imensamente a Deus, pois o paciente reagiu positivamente, o que aliviou um pouco o peso em meus ombros.

Mas sei que hoje serei bombardeada por diversas reclamações provenientes de setores distintos, especialmente vindas de Laura, cuja equipe tive que assumir a direção durante a operação. Ela chegou no meio do procedimento e lançou-me um olhar repleto de descontentamento, deixando claro seu descontentamento com minha atuação.

Enquanto minha mente vagueia pelos acontecimentos recentes, inevitavelmente, acabo pensando nele.

Pedro Guilherme.

Suas lembranças invadem meus pensamentos, desde seu beijo que tinha o poder de me transportar para um estado de deleite, até o seu cheiro que era capaz de envolver todos os meus sentidos. Seu sorriso irradiava luz, e seu cabelo, tão característico, despertava uma inexplicável nostalgia. Ah, como eu sinto falta de seu abraço reconfortante, capaz de me fazer esquecer de todo o peso do mundo. E suas mãos, ah, suas mãos habilidosas que eram capazes de transmitir tanto afeto e segurança.

Três longos anos se passaram desde que nossos caminhos se separaram, e desde então, tenho me esforçado em vão para me apaixonar novamente ou, ao menos, beijar alguém. Por mais que eu tente, é como se Pedro Guilherme tivesse deixado uma marca indelével em meu coração, impossível de ser apagada. Suas memórias persistem, assombrando meus pensamentos e trazendo à tona um misto de saudade, melancolia e um desejo incontrolável de tê-lo novamente ao meu lado ao mesmo tempo sinto raiva dele.

As vezes tento forcar minha mente a todo custo de fazer lembra-la novamente de como éramos antes do acidente, mas isso só ocasionava muitas dores na minha cabeça, um dia cheguei a desmaiar por tanto forçá-la.

Queria lembrar de tudo como era antes, talvez assim o entendesse e conseguisse perdoa-lo

Pego o meu telefone entrando no Instagram dele e o desbloqueando

-- porque eu não consigo te esquecer -- sinto as lágrimas descerem observando a sua foto.

As lagrimas rolam e cai sobre o meu telefone e numa tentativa de retirá-las acabo curtinho sua foto me fazendo arregalar os meus olhos

-- merda. -- disse alto irritada e tento descurtir mesmo sabendo que não ira fazer diferença já que a notificação ficava do mesmo jeito -- meu Deus, ele com certeza vai falar algo no grupo.