Após meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...
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Desde que cheguei à Colômbia, fui forçado a trilhar um caminho sombrio, criando meus próprios métodos de trabalho, num equilíbrio delicado entre pagar pequenos criminosos por informações e me envolver com prostitutas desesperadas por uma chance de mudar de vida. Entendia que as minhas escolhas haviam cobrado um preço alto demais e a cada nova investida, promessa não cumprida e corpos caindo sem vida, eu perdia um pouco da minha própria essência. Estava revestido por marcas invisíveis corrompidas pela ideia de que estávamos fazendo bem, mas se fosse parar para analisar, em alguns pontos, conseguíamos ser equivalentes ou ainda piores do que aqueles que gostaríamos de dissipar.
O sabor amadeirado do uísque bailou pela língua de forma saborosa, mesmo eu prometendo a mim mesmo que não deveria beber durante a operação. Os sons animados da danceteria pulsavam ao redor com vozes exageradas, movimentos sensuais e a mais pura selvageria escondida debaixo das mesas quadradas. Conseguia ver os rostos que refletiam a miséria humana, a ganância desenfreada e a violência.
Corri os olhos pela pela pista de dança, foi frustrante ver aqueles malditos caminhando livres pela cidade sem poder fazer nada a respeito, bom pelo menos ainda não podíamos fazer nada. Cada policial envolvido na operação ansiava pelo seu momento de glória e vingança, pela bala que deveria dançar pelo ar e abraçar grotescamente a carne do outro, onde o sorriso vitorioso haveria de acontecer.
— Javi, seu telefone — ela me sinalizou fazendo com que a minha atenção voltasse para o devido lugar.
Mas antes mesmo que eu pudesse pegá-lo, uma explosão ensurdecedora irrompeu no ar. O som ecoou pelos meus ouvidos, enviando um arrepio de choque através do meu corpo. Instintivamente, eu recuei, puxando Torres para perto.
Enquanto a confusão se desenrolava diante dos meus olhos, mirei toda a minha atenção em Samantha Torres, que se mantivera paralisada sem nem ao menos conseguir piscar direito. Isso era exatamente o que eu queria evitar ao máximo, pois, apesar de ser uma agente, Sam não fazia linha de frente e tinha perdido totalmente sua afinidade com armas de fogo e situações de perigo.
— Hey, está tudo bem. Vamos sair daqui, okay? — murmurei a vendo assentir, ainda aturdida com o som da explosão que ecoava em nossos ouvidos como um apito.
Meus olhos varreram o local, tentando entender o que diabos estava acontecendo. O caos reinava, as pessoas gritavam, corriam em todas as direções, procurando abrigo e segurança, escombros espalhados pelo chão, vidros quebrados, pedaços de concreto voando pelo ar e o maldito odor acre de fumaça que queimava as narinas. Um ímpeto arrepio percorreu minha tez ao sentir a textura fria do metal pressionado contra minha têmpora. A onda de adrenalina preencheu cada pedaço meu, fazendo o estômago se retorcer, os músculos se contraíram enquanto eu lutava para manter a calma diante daquela situação de merda.
— Deixem-na — pedi virando a face para mirá-los, fazendo com que a maldita pistola ficasse apontada para minha testa.
Tentei manter uma expressão impassível, disfarçando o turbilhão de emoções que se agitava em meu interior.