A minha respiração permanecia pesada, preenchendo o ar com um ritmo acelerado e incontrolável. Os dedos longos se afundavam em meus cabelos, criando uma sensação quase hipnótica, capaz de me relaxar como um entorpecente. Pelo reflexo da janela, conseguia observar perfeitamente a forma com que ela encarava a televisão do quarto, distraída com a programação, mas não o suficiente para deixar de ser afável e isso me deixava fodidamente incomodado. O quão fodido psicologicamente eu estava ao ponto de ligar para uma foda casual em busca de conforto?
— Eu não costumo fazer isso.
— Fazer o quê? — um sorriso travesso dançou em seus lábios, como se esperasse que eu fosse dizer alguma besteira.
A fitei por um instante, nossos olhares se encontraram na luz suave da televisão, que agora mantinha cores amareladas, fazendo com que a tez de Noonan se tornasse mais dourada e luminosa.
— Receber afeto dessa forma.
— Porque você fode prostitutas por diversão — ela disse e eu rompi nosso vínculo de quase quinze minutos para poder fitá-la melhor — Torres fala demais, mas não se preocupe, Javi — voltou a mover seus dedos sobre meu cabelo, me deixando com uma sensação de relaxamento quase instantânea — Agora estou sendo sua amiga e não namorada.
Naquele momento em específico, o movimento dos seus dedos trouxe uma sensação contraditória. Por um lado, eu me sentia reconfortado por sua presença e afago, mas por outro, meu cérebro passava a ficar ciente da armadilha em que estava me enfiando. Um sentimento azedo percorreu todo o corpo, e as raízes da desconfiança criaram um espaço notório dentro de mim. Era estranho pensar que Noonan chegara num momento em que eu estava a ponto de surtar, e mais estranho ainda era o fato dela parecer saber exatamente o que eu precisava.
Não era como se eu precisasse de mais uma foda para a semana, longe disso. De algum jeito, Louise Noonan conseguia ser o combo perfeito entre o sexo selvagem e o conforto, que teria as palavras certas e estaria por mim quando eu precisasse e esse misto de sentimentos desgraçados permaneceu por anos. O pior de tudo era que a menção de prostitutas me perturbou para um caralho, pois, de fato, ela estava certa. Minha vida estava cheia de relações vazias, tentando preencher um vazio emocional com encontros casuais em que eu criava desculpas para mim mesmo.
Demorei para perceber, mas durante todos os meses que seguiram, eu sentia como se estivesse caminhando em uma corda bamba, sabendo que qualquer passo em falso poderia ser a ruína para o meu equilíbrio emocional e Noonan, desgraçada dos infernos, era a mão erguida que me impediria de cair. Mas esse assunto pode ser desbravado mais para frente. Onde eu estava? Ah, claro. Como pude esquecer?
Enquanto ela acariciava meus cabelos, respirei fundo, a vontade fodida de um cigarro preencheu cada pedaço do meu ser. Me desvencilhei dela, observando suas lumes castanhas me encarando fixa e atentamente.
— Quando você desligou, eu larguei tudo e vim o mais rápido que pude, Javi — disse a mulher que não teve tempo de vestir algo decente, mas pôde preparar dois sanduíches antes de sair de casa.
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ULTRAVIOLENCE | PEDRO PASCAL
FanfictionApós meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...