catargena

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O único barulho disposto ao nosso redor era o maldito motor do carro

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O único barulho disposto ao nosso redor era o maldito motor do carro.

Manuseava o volante com tanta força que meus dedos ficaram brancos pela pressão, e mesmo que eu tentasse não encarar o que havia ao meu redor, era impossível. Eu podia ver claramente a incredulidade estampada no rosto de Louise, e puta merda, não podia culpá-la por isso, era difícil esperar outra reação depois de tudo.

Para ser sincero, eu preferiria mil vezes que ela surtasse, gritasse ou apontasse a porra de uma arma para minha cabeça, pois seria muito melhor que a droga do silêncio. Fora um trajeto de vinte minutos por conta do trânsito, e ainda assim, nenhuma palavra foi dita. Louise me viu estacionar em frente a uma lanchonete, observou o momento em que desci do veículo e a esperei do lado de fora com um cigarros entre os lábios, e mais uma vez, fomos envoltos pelo silêncio.

Tinha apenas que esperar por um momento, pois Murphy deveria aparecer a qualquer instante e em menos de três minutos, ele atravessou a porta do lugar.

— Está atrasado — ele disse e em seguida entregou uma sacola para Noonan — Aqui dentro tem uma peruca, vá para o banheiro à esquerda e seja discreta.

A gringa avaliou o interior da sacola e franziu o cenho, antes de tudo.

— Suponho que temos um lenço e um óculos de sol como nos filmes — Noonan suspirou e olhou para mim por um instante, como se esperasse uma indicação que já poderia sair.

Enquanto esperávamos, ficamos atentos ao que havia ao nosso redor, posicionando-nos de maneira que uma visão 360 fosse possível. Era claro que se o coronel já não soubesse dos nossos planos, ele teria uma boa ideia do que estaria por vir. Eu seria convocado assim que voltasse da viagem, investigado bem mais a fundo — tal qual 1985 — e quando não encontrassem nada, forjariam evidências, apenas para foder o agente que estragou o plano perfeito dele.

— Você perguntou para ela? — a voz de Murphy trouxe uma estranha sensação ao meu estômago, e como resposta apenas neguei com um gesto — Javi, você precisa perguntar.

— Não temos tempo, Murphy.

Ele olhou ao redor e descruzou os braços, encarou o relógio de pulso antes de se virar ligeiramente na minha direção.

— Vocês têm uma longa viagem pela frente, são o quê? Três ou quatro horas até lá? Acredito que haja tempo o suficiente. Tente fazer as coisas certas dessa vez — finalizou.

Depois de um tempo a porta foi aberta novamente, onde uma Louise, agora loira, parou à nossa frente. A peruca se ajustara perfeitamente, os fios dourados caíam na altura dos ombros, ondulados e uma franja reta um pouco abaixo das sobrancelhas fizera com que Louise não perdesse sua essência. Cacete, ela ficava mesmo bonita de qualquer jeito.

— Estou pronta para ser sequestrada em grande estilo.

Apesar de ter pensado nas palavras corretas para retrucar, não tive culhões. Noonan estava certa em chamar aquela ação de sequestro, tendo em vista que ela não fora perguntada sobre a viagem em nenhum momento e eu ainda menti sobre nosso destino. Duas vezes.

ULTRAVIOLENCE | PEDRO PASCALOnde histórias criam vida. Descubra agora