ela só existe quando você está prestes a gozar?

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Stephen Murphy era um sonho americano

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Stephen Murphy era um sonho americano. Rosto anguloso, olhos azuis num tom quase ciano, cabelos dourados e sempre penteados para trás, contribuindo para a imagem perfeita que ele gostava de manter. Parecia sempre à vontade em qualquer ambiente, como se estivesse acostumado a chamar a atenção das pessoas ao seu redor, o que de fato acontecia.

No departamento, éramos uma equipe sólida, mas também tínhamos nossas diferenças e desentendimentos. No entanto, eu não podia negar que havia algo fascinante em trabalhar ao lado do desgraçado. No começo de tudo, tanto Carrillo quanto eu não confiávamos em um americano típico de Miami, que corria atrás de traficantes de maconha, contudo, as coisas haviam mudado drasticamente. Toda a imagem de bom moço, policial correto que levaria todos à justiça, havia mudado em suas primeiras semanas dentro da Colômbia, ao enfrentar um verdadeiro cartel de drogas.

— Você só pode estar de brincadeira — disse ao jogar as cinzas do cigarro pela janela, o vento cortante daquela tarde fizera com que a puta natureza fumasse metade do meu cigarro.

— Estou dizendo, cara. Aqueles desgraçados disseram que ela passou a noite toda me encarando e quando cheguei lá, Connie nem ao menos havia percebido a minha presença no bar — Enquanto ele falava, não consegui evitar uma risada.

 — E o que você fez?

— Pedi para ela anotar um número qualquer no guardanapo para que eu não saísse por baixo, e no fim da noite, ao chegar em casa, pensei "porque não?" e disquei — sempre que Murphy falava de sua esposa, era possível observar um brilho genuíno em seu olhar — e quanto a você?

— Não sou bom com mulheres.

— Você praticamente fode com uma a cada semana e diz que não é bom com mulheres?

— Sou bom em foder com mulheres e não com relacionamentos, ainda mais depois do meu fracasso como noivo.

Abri a garrafa de café e enchi meu copo até a metade. Haviam se passado quarenta e um dias desde a operação parcialmente fracassada na danceteria. A informação que Soárez nos passou acabou não dando em resultado nenhum, tendo em vista que Escobar mudou suas principais rotas e trocou praticamente todos os sicários de linha de frente. Agora, com a Embaixadora receosa e sem querer liberar muitos recursos para as investigações, Murphy e eu passávamos nossos dias enfiados dentro de uma comuna, vigiando a rotina dos moradores e fazendo anotações.

— E a Torres? Já notei o jeito que você olha para ela.

— É complicado.

— Mais complicado do que pedir o telefone de uma estranha num bar? — ele arqueou a sobrancelha, sugestivo.

Stephen Murphy costumava sorrir de canto quando queria insinuar algo.

— Eu sou extremamente atraído pela Sam — admiti sem rodeios — e já cogitei a ideia milhares de vezes, mas acontece que eu a conheço há tempo demais e se por um acaso não der certo, o que eu sei que não vai dar, apenas estragaria nossa amizade.

ULTRAVIOLENCE | PEDRO PASCALOnde histórias criam vida. Descubra agora