Após meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...
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Enquanto as palavras de Murphy ainda dançavam na minha mente, permaneci em completo silêncio, tentando entender o que diabos estava acontecendo. E se você está confuso em como diabos Murphy chegou em Cali no meio da madrugada, pode ter certeza que eu também estava.
Num movimento rápido, afastei o telefone e cobri o alto-falante, meu olhar encontrando o de Louise. Um milhar de perguntas fervilhavam em minha mente, e eu conseguia sentir a breve vibração do telefone sobre a palma da mão, indicando que meu parceiro ainda falava.
— Quando você encontrou La Quica? — Perguntei analisando-a atentamente.
— Ontem pela madrugada, como disse. Aconteceu alguma coisa? Você parece tenso.
— Ele está em Cali. Sabe de algo sobre isso? — As palavras saíram da minha boca rápido demais, atropelando algumas sílabas.
Os olhos dela se arregalaram e sua expressão não era apenas de surpresa, mas também um temor quase genuíno. Naquele momento eu percebi que havia algo muito errado.
— Javi... sicários não fazem negócios, Pablo Escobar usa seu advogado, Fernando. É impossível que ele esteja em Cali.
Puta merda.
Meus dedos se fechavam em torno do telefone, num movimento rápido, o levei ao ouvido e eu podia sentir meu coração pulsando nas têmporas. Segurei o aparelho um pouco mais firme, como se isso pudesse de alguma forma melhorar a situação de merda que tínhamos.
— Você precisa sair daí.
— Não se preocupe, nós colocaremos seu...— um som abrupto e ensurdecedor irrompeu pelo telefone, algo retorcido e próximo demais.
O som da explosão reverberou pelo quarto chamando também a atenção de Noonan. Segurei o telefone com tanta força que minhas juntas pareciam prestes a estourar e nesse meio tempo ela se pôs mais próxima de mim, colando o ouvido no aparelho para que pudesse também escutar.
— Murphy?
— Isso foi uma explosão? — a voz de Noonan soou como um murmúrio distante, mesmo que ela estivesse há poucos centímetros de mim.
— Steve fale comigo — do outro lado da linha havia apenas caos, tiros e incertezas — Mas que caralho.
Era como estar na borda de um precipício com os olhos vendados, com a maldita incerteza corrompendo cada fibra do meu ser. As palavras do coronel dançaram em minha mente, então me recordei das ligações em italiano, das fotografias e a maldita desconfiança.
— O que você sabe sobre Cali?
— Nada relevante — ela disse, e ao me ver levantar, me seguiu — espera, você não está pensando em ir para lá, está? São mais de oito horas, Javi.
Fora nesse momento que um som distante surgiu.
— Finalmente — eu disse, irritado. Era engraçado pensar que tudo aconteceu em uma fração desordenada de segundos — Achei que tivessem te explodido.
