— Oi! Não sabia que vocês estavam saindo — disse Torres, franzindo o cenho, claramente aturdida com a cena que presenciara.
— Não estamos saindo — respondemos em uníssono, como se ensaiássemos uma coreografia, e nossos olhares se encontraram por um segundo.
As palavras contraditórias só adicionavam mais confusão ao momento, tendo em vista que eu estava de camiseta e samba-canção enquanto Noonan vestia apenas a camiseta branca, me fazendo lembrar que a diaba estava sem peças íntimas. Por um instante, o silêncio pairou sobre nós, e eu me senti perdido em meio àquelas duas mulheres tão distintas, mas que exerciam uma influência gigante sobre mim. A presença de Torres me fazia lembrar das consequências de me envolver com Louise, enquanto a presença de Louise só parecia me causar confusão.
— Não é da minha conta. Fiz alguns patacones, espero que tenha alguma coisa para beber que não seja cerveja.
Abri espaço observando Torres adentrar meu apartamento pela segunda vez desde que nos conhecemos. Ela analisou cada centímetro com atenção, como se buscasse por alguma coisa. Nesse tempo, Louise apenas caminhou descendo o degrau que separava a sala de jantar da sala e foi para o quarto, provavelmente para se vestir.
— Posso explicar isso melhor posteriormente — murmurei, me aproximando dela e sentindo um arrepio percorrer minha espinha quando nossos olhares se encontraram — mas você não pode contar para ninguém sobre esse pequeno deslize.
A expressão de Torres endureceu por um momento, e ela olhou ao redor, verificando se estávamos de fato sozinhos. Parecia que ela estava processando minhas palavras, decidindo se poderia ou não confiar em mim.
— Certamente a embaixadora ficaria furiosa, você sabe o quanto ela está puta contigo. — A voz dela era baixa e carregada de desconfiança.
— Acredito que todos estão depois da operação — comentei, encostando parte do corpo no arco de acesso à cozinha, observando Samantha buscar talheres — Então?
Ela soltou um longo suspiro, e sua expressão indicava que estava dividida entre o desejo de ajudar e a cautela em não se envolver demais.
— Estou aqui porque confio apenas em ti — disse sem hesitação, embora tenha olhado ao redor para ter certeza de que estávamos mesmo sozinhos — Acredito que as coordenadas foram implantadas para brincar conosco. Sabemos que Escobar tem olhos e ouvidos em todos os lugares, e em algum canto da embaixada, ele está vendo e escutando tudo. Não consigo pensar em ninguém que possa querer nos ferrar, mas você não achou estranho o ritmo que as coisas aconteceram?
Balancei a cabeça em concordância, sentindo uma pontada de raiva surgir dentro de mim ao relembrar os eventos confusos da operação. Nada fazia sentido, e parecia que estávamos constantemente pisando em ovos, à mercê de um inimigo invisível.
— Não há nada sobre essa maldita operação que eu não ache estranho, para ser sincero. — A frustração era evidente em minha voz.
Torres colocou os pratos na mesa, e eu pude notar o quanto ela estava se apropriando do meu apartamento. Onde diabos estava Louise?
VOCÊ ESTÁ LENDO
ULTRAVIOLENCE | PEDRO PASCAL
FanfictionApós meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...