Noonan fora transferida para um dormitório no subsolo da embaixada, e o que seria provisório, tornou-se uma jornada desconfortável de oito meses. Aquele era um lugar que, à primeira vista, parecia mais uma solução emergencial do que um local adequado para alguém ficar por muito tempo. Pequeno e claustrofóbico, com beliches ocupando boa parte do espaço disponível. As camas, cobertas por lençóis amarelos e simples, eram dispostas uma sobre a outra, como se tentassem maximizar o espaço. Ventiladores presos na parede faziam o ar circular, tendo em vista que não haviam janelas. O ar, estagnado, carregava uma sensação de confinamento. Basicamente uma prisão.
Minha respiração se mantivera entrecortada pelo pico de adrenalina e uma pitada de tesão. Mirei Louise por um instante, as lumes estavam fitas sobre o tecido escuro da cortina, e mesmo que o lugar estivesse seguro, nenhum de nós teve a audácia de ser o primeiro a sair. O som das vozes se dissiparam diante de nós, e a minha maldita ereção estava intacta.
"Precisamos ser mais cautelosos", eu lhe disse certa vez, mas a diaba respondera apenas que a graça era justamente foder na cara do perigo, e por Deus, ela estava coberta de razão. Afastei a cortina da face e dei alguns passos para frente, e apenas assim fui seguido pela gringa.
— Terminamos isso depois — disse ao abrir a porta e olhar ao redor.
— Ou podemos terminar agora — ela riu-se, travessa — Está tarde para trabalhar.
— Adoraria, mas prometi para Steve que iria ajudá-lo, então isso é um boa noite.
Subi as escadas sem esperar por respostas, cruzando os corredores escuros até ao que eu chamava de sala. Foram meses exaustivos e frustrantes, onde o silêncio era nosso pior inimigo. Mesmo vigiando todas as comunas principais, sobrevoando todo o território de Medellín com ajuda da equipe de triangulação e escutando centenas de ligações, não tínhamos nada. Era como se o Cartel tivesse simplesmente sumido do mapa. Um suspiro cansado escapou enquanto minha mão instintivamente subiu para esfregar os olhos.
— Não queria ser esse cara, mas — a voz de Steve surgiu entrelinhas, fazendo-me quase saltar pela surpresa — Você perdeu a porra da cabeça?
Meu parceiro mantinha uma nova caneca de café em mãos, e uma caneta preta repousava sobre sua orelha esquerda.
— Não sei do que está falando — puxei a cadeira e sentei, analisando o amontoado de fitas dispostas sobre a mesa.
— Negue o quanto quiser, mas se for pra foder dentro da embaixada, você poderia pelo menos me avisar para que eu possa te cobrir. Aliás, pedi uma pizza e você é quem vai pagar.
Ergui o dedo médio para ele e mordi o lábio, arrancando uma pele parcialmente solta. Gastamos mais uma noite escutando ligações, fazendo anotações e comendo pizza com cerveja — uma combinação péssima, por sinal. Em algum momento da noite no qual não me recordo mais, Murphy foi para casa e eu fiquei imerso em suposições. Cocei os olhos e franzi as sobrancelhas ao escutar a mesma ligação pela quarta vez.
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ULTRAVIOLENCE | PEDRO PASCAL
FanfictionApós meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...