Após meses de investigações incansáveis e confrontos brutais com o Cartel de Medellín, Peña encontra-se exausto, com sua mente e espírito desgastados pela violência constante. Em busca de alívio e um breve refúgio, ele encontra consolo mergulhando e...
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Estava demorando demais. Não importava o tamanho do esforço que colocássemos em nossas operações secretas, algo sempre dava errado no último minuto. Murphy e eu passamos boa parte da nossa folga em frente a emissora em que Valéria trabalhava, e por alguma razão, mesmo sendo uma repórter de rua, a desgraçada não saiu o dia todo. Lembra quando eu te disse que a cada passo que dávamos, Escobar já estava dois na frente? Pois bem. Esse filho da puta deveria saber de nossos planos. Nada mais explicaria meses de perseguição sem um puto progresso.
Todos os malditos dias em que deixava a embaixada para minha missão ultra confidencial, as palavras do meu parceiro dançavam na minha mente, provocantes. Sabia que usar tudo que estivesse ao nosso alcance era a saída mais lógica, mas a ideia de realmente fazê-lo me assombrava pra caralho. Não tinha mais jeito. Nem o Bloco de Buscas, a CIA ou os nossos informantes eram o suficiente. Precisávamos da porra de um milagre.
Deixei que a água gelada me despertasse, enfim. Seria mais um longo dia sentado num carro quente esperando uma intervenção divina. Coloquei minha melhor camisa e passei uma colônia refrescante. Abri a gaveta da escrivaninha e enfiei o caderno dentro de um envelope. Já passava das seis e trinta quando deixei o local a fim de encontrar meu parceiro. Claro que nunca nos encontrávamos perto da embaixada, na verdade, cada dia tínhamos um ponto de encontro diferente.
Murphy bebia um café quando cheguei. Pedi um salgado qualquer no balcão e fui ter com ele. Depois de tanto, me senti confiante o bastante para explanar meu plano audacioso. Após nos cumprimentarmos, varri o local com o olhar antes de abrir o mapa na mesa. Nele haviam inúmeras rotas pintadas de vermelho e azul.
Meu parceiro tomou seu devido tempo, bebericou da cafeína e pareceu pronto para falar.
— Finalmente conseguimos as rotas dos sicários?
— Melhor do que isso — Sorri de forma presunçosa — Esses são os lugares mais frequentados por Fernando e Valéria nos últimos três meses.
— Quem você precisou foder para conseguir isso aqui?
Depois de tantos anos tornou-se impossível não sabermos um do outro apenas com olhares e comportamentos. Quando estava saindo com Louise, evitei sair com outras pessoas por não ver necessidade, afinal além do sexo maravilhoso, ela também me proporcionava informações cruciais sobre a operação. Noonan não estava mais aqui e eu precisava correr contra o tempo, encontrar uma maneira mais rápida de conseguir o necessário para prosseguirmos, pois graças a todas as limitações impostas, ficamos de mãos atadas.
— A ideia é que pequenos grupos cerquem esses lugares à paisana — falei focando no que realmente importava — duas ou três pessoas no máximo para não levantar suspeitas. Cada dia da semana o grupo será realocado para outro ponto, fazendo trocas estratégicas até encontrarmos algo significativo, e em vez de irmos com força total de uma só vez, voltaremos no dia seguinte com reforço e uma equipe bem estruturada. Conseguiu gravar todos os detalhes?