Capítulo 21

900 51 19
                                    

Beatriz.


Desde a morte do meu pai as coisas não tem sido fácil pra mim, meu gatinho era o amor da minha vida e depois que ele se foi eu desmoronei, tentei buscar força pra seguir em frente pelo Lucas pela minha mãe e pela Gi, mas só eu e Deus sabemos como eu estava por dentro. O afastamento e o comportamento estranho do Luan depois que tudo aconteceu, de certa forma ajudou a me destruir ainda mais, não sei explicar legal o que eu senti por ele, sei que foi leal, pelo menos da minha parte

Quando eu descobri que era o meu marido e pai do meu filho o cara que levou meu pai pra boca do leão, meu mundo desmoronou de vez, porque parece que tudo o que eu vivi com ele foi uma mentira, me senti usada, culpada e tantos outros sentimento impossíveis de explicar

O que eu sentia por ele se transformou em odio, raiva e rancor, coisa que eu jamais imaginei sentir por alguém e muito menos pensei que algum dia esse alguém seria ele, tudo de bom que um dia eu senti por ele virou amargura e culpa, além do fato de ter sido eu quem coloquei dentro de casa o cara que armou a morte do meu pai, me sinto culpada também por ter escolhido ele como pai do Lucas.

Me arrependo amargamente de ter me envolvido com esse lixo imundo que descobri que era o Luan, eu nunca imaginaria que desde o começo o plano dele era estar no lugar do meu pai, me sinto uma idiota por ter deixado ele me usar pra chegar onde queria, tudo piora quando lembro que no meio disso tudo tem o meu filho, um ser inocente que mais tarde vai ter que lidar com essa parte podre da história que infelizmente também é dele

Mas se tem uma coisa que eu não me arrependo desse relacionamento, foi o nascimento do meu menino, isso jamais eu me arrependeria, foi a única parte boa que me restou dessa nojeira toda, mas como eu não posso mudar o que passou, decidi agir

Eu não iria esperar ninguém trazer o Luan de bandeija pra mim, não ia ficar parada e deixar que fizessem o trabalho sozinhos, esse problema era meu e por isso eu me dispus a resolver, bati o pé e fui atrás do filho da puta que um dia eu dividi a vida, na intenção de transformar esse ódio que eu tô sentindo em disposição pra acabar com esse inferno que ele causou, ele vai morrer na minha mão, posso carregar nas costas pra sempre o peso de ter matado o pai do meu filho, mas vou fazer isso pra ter minha alma lavada

Quando me bati com ele no meio daquele tiroteio não pensei em outra coisa a não ser correr atrás e não deixar ele fazer mal a mais ninguem que eu amo, na minha mente só tinha o desejo de me vingar e acabar com isso logo, pra tentar ter um pouco de paz

Depois que pegamos ele no terreno do barraco, ainda ouvi coisas horríveis, ele falava com uma naturalidade que talvez se fosse em outro momento eu desmoronaria ao ouvir aquilo, mas naquele momento eu só queria ver ele morto. Teve uma hora que perdi o controle e atirei mais uma vez, mas o lonca interviu e chamou reforço pra levar ele pro pinheirinho, não podia me deixar ser tomada pelo odio e dar a ele uma morte rápida, queria ver ele sofrer pra lavar minha alma , e aliviar um pouco dessa angústia que eu sinto desde o dia que meu pai se foi

Vejo os meninos levando o Luan, e vou saindo junto com o lonca que até agora não falou nada, pelo visto o Luan também atingiu um ponto que é bem sensível pra ele. Não sei como eu nunca reparei esse lado nojento dele antes

Nunca vou me cansar de dizer que tenho nojo desse embuste, e que me arrependo amargamente de um dia ter me envolvido com ele.

[...]

Entro no pinheiro e vejo vários e vários homens armados, uns até olham com piedade pra mim, mas não dou muita atenção pra cara deles, não quero que ninguem sinta pena ou nada parecido por mim, na verdade não quero nem saber que existem essas pessoas ao meu redor, meu foco é outro, preciso mais do que nunca acabar com isso de uma vez, acabar com ele.

ERA PRA SER Onde histórias criam vida. Descubra agora