10 - El silencio del principe

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Gabriel entrou, jogou a bolsa em cima da mesa do quarto e saiu sem dizer sequer uma palavra.
Mesmo não tendo feito nada, parte de mim sentia culpa por algo. Ainda mais por que Gabriel provavelmente conseguiu ver-me bisbilhotando notícias sobre ele. Que vergonha.
Eu larguei o celular e saí do quarto. Gabriel estava na sala de estar ao telefone. Parecia agitado mas a sua voz seguia tranquila e ríspida.
Assim que me viu descer as escadas, ele foi até a varanda. Me senti uma criança sendo afastada dos assuntos de adulto. Principalmente pela maneira como ele me olhou.
Eu me dirigi até a cozinha em busca de uma interação humana que fosse menos decepcionante: Rosa.

- Hoje eu vou morrer enforcada! - Resmunguei me sentando no balcão perto de Rosa.

- Cruz Credo! Não fica falando esse negócio de morrer não! Isso é mau agouro! - Rosa se assustou.

- Foi mal, foi péssimo. Perdão. É que o Outro entrou meio bravo... Nem falou nada. Acho que ele vai me mat... - Ela me interrompeu.

- Menina, não diga isso! Matar alguém é coisa muito séria. E o menino Gabriel não gosta que fique falando assim.

- Perdão outra vez. É que ele parecia meio aborrecido, me ignorou completamente, e agora me olhou com aqueles olhos. - me ajeitei no balcão.

- Deve ter acontecido alguma coisa ruim no trabalho. Ele não é ruim, é um bom menino. - Rosa seguia sovando uma massa que parecia ser de pão.

- Então deve ser um problema comigo. - Bufei.

- Eu não gosto de me meter em relação de homem e mulher não, hein! Eu acho que vocês dois precisam passar um tempo juntos. A senhorita vai conhecer o menino Gabriel melhor e entender como lidar com ele, e vice versa. Relações são assim.

- Nós não somos assim. Eu nem sequer chamaria isso de relação.

- Eu tenho até medo de saber dos detalhes. - Rosa riu e me olhou de canto.

Nós ficamos mais uns 10 minutos totalmente quietas.

Eu só voltei a ver o Gabriel no jantar. Ele apareceu por 10 minutos, comeu mais rápido do que o normal, em completo silêncio, e em seguida sumiu nos jardins.

Ele também não apareceu pra dormir.

No sábado eu não vi nem a sombra do Gabriel. Os funcionários pareciam inquietos, e o senhor Brown, o secretário, só apareceu com uma mala de viagem de 10kg bege e algumas bolsas de roupa.

Eu usei meu muito tempo livre para arrumar a mala e fazer um desfile privado com todos os casacos e vestidos de luxo que estavam dentro da bolsa.
Alguns não couberam, outros ficaram largos demais. Os ricos sempre comprando coisas desnecessárias só pra poupar trabalho ou pensamento lógico.

Ao final do dia eu já tinha refeito a mala umas quinhentas vezes.
Me deitei no sofá da sala de estar agarrando um casaco de pelúcia branco e adormeci.

Acordei com a visão desafortunada de Gabriel e aquele olhar vazio.

- Vamos logo, precisamos viajar. - Ele puxou o casaco da minha mão.

- Bom dia primeiramente! - Tentei manter o equilíbrio enquanto piscava os olhos levemente.

- Não tente me ensinar boas maneiras, garotinha! - Gabriel me puxou forte e agarrou meu rosto com uma das mãos.

Eu engoli seco. Ele falou baixo sob um tom tranquilo, mas os seus olhos pegavam fogo.
Assim que ele me soltou, eu levantei. Peguei a minha mala no quarto, e apenas segui Gabriel em silêncio.
Foram mais de duas horas silenciosas no carro, depois umas 10 horas silenciosas no avião.
Eu nunca tinha andado de avião, mas estava nervosa demais para prestar a atenção nisso.
Já passava da meia noite em Milão, então as ruas estavam meio vazias e muito escuras.
Nós fomos direto para o hotel. Pra minha sorte o hotel era a menos de cinco minutos do aeroporto, então chegamos rápido.
O hotel era cinco estrelas. Hiper sofisticado, com uma estrutura espaçosa e confortável. A decoração era bem minimalista e priorizava tons mais claros como bege, dourado, branco, cinza, e salmão.
O quarto era igualmente lindo, e parecia mais uma casa. Gabriel fez questão da suíte presidencial.
Eu coloquei a mala em um canto qualquer e me joguei no sofá de couro cinza. Gabriel chegou logo atrás.

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