26 - Oportunidad

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Ao acordar, percebi de imediato a ausência de Gabriel.
Eu estava por morrer de fome, e a explicação era o horário. Meio dia.
Muller jamais me deixaria dormir tanto em um dia comum, e minha intuição me trazia um sentimento de medo. Na realidade, tudo o que estava acontecendo na vida de Gabriel era novo, e pra ele isso poderia ser muito chocante, e o choque dele me deixava preocupada.
Eu almocei, sentindo-me como uma criança curiosa ignorada pelos pais. Rosa botou minha comida na mesa e saiu antes que eu pudesse perguntar algo, e todos os funcionários pareciam se esquivar da minha presença.
Depois de almoçar, resolvi ligar para Gabriel. Na verdade eu nem sabia o que ia dizer/perguntar, mas queria averiguar a razão da estranheza de todos ao meu redor.
Obviamente minha chamada foi ignorada, e isso não era uma surpresa tão grande, então apenas aceitei.
Uma pulga apareceu na minha orelha, e eu resolvi verificar o saldo da minha conta. Quando se é muito pobre, e tens muitas dívidas, olhar o saldo da conta é extremamente doloroso, então eu havia me acostumado a evitar a dor, mas agora eu deveria olhar todos os dias pra sentir prazer.

$37.879,25

Eu nunca imaginei que isso poderia acontecer.

Gabriel me havia dado bônus até demais. Eu estava embasbacada, e infelizmente não tinha nenhuma amiga a quem pudesse contar, e mesmo se tivesse, nem poderia dizer nada.

Eu odiava tanto ter sido pobre demais pra sair com os meus colegas de escola e faculdade. Ou ter negado todos os convites por ter que trabalhar... Eu nunca fui antisocial e nem esquisitona, apenas era fechada demais. Nunca havia me interessado por manter laços de amizade com ninguém, e isso me trouxe até aqui. Se eu tivesse alguma amiga, com certeza teria pra onde ir depois de incendiar meu próprio apartamento. Ou não seria tão depressiva e sequelada. Eu sempre acreditei que as amizades curam, pelo simples fato de ter alguém que possa te ouvir. Só de ter alguém pra ler suas mensagens e reagir a elas. Alguém pra te ver surtar.

Minha prima de 15 anos se mudava demais e não podia fazer muitas amizades, então ela escrevia um blog. Eu teria um blog pra desabafar as vezes...

Decidido! Eu fiz uma conta de blog pra ser um diario secreto. A ideia era escrever o que acontecia comigo, mesmo que ninguém acreditasse.

Comecei a escrever tudo o que havia acontecido desde o dia que conheci o Gabriel. Obviamente não havia nenhuma visualização nas primeiras 3h, então só fechei o aplicativo antes que Gabriel se desse conta das horas de tela que usei a mais.

As 20h ele ainda não havia chegado, mas deixou uma mensagem:

Gabriel: Quebrarei regras hoje, mas você também quebrou. Não estarei para o jantar, e nem dormirei com você, mas coma no horário e não durma muito. Falaremos melhor depois. Qualquer emergência ligue para a Anne.

Ele era bizarro, mas eu achei melhor ignorar a sabedoria absoluta que possuía o deus grego.

Eu não sabia o que estava acontecendo mas de fato estava acontecendo algo.

Decidi deixar uma mensagem a Anne:

"Tá acontecendo algo? Eu não tô entendendo nada, Ann."

Obviamente ela não respondeu na hora, mas pelo menos eu tinha esperança de que me responderia em algum momento.

Após o jantar eu verifiquei o blog, e havia ganhado 2 seguidores e 1 comentário.

Hwstella: Se eu não tivesse lido todos os livros desse genero, eu poderia dizer que acredito na sua história, mas ainda assim gosto da sua pitada de realidade no meio de toda a ficção.

Era exatamente isso que eu queria, que pensasem que era uma fanfic. Eu tinha escrito o blog em espanhol para não atrair norte-americanos que já viram de tudo.

Diário de SubmissãoOnde histórias criam vida. Descubra agora