Obviamente as três perguntas foram bem idiotas.
Quando ele descobriu? Aos 14 anos veio o diagnóstico.
Ele podia se relacionar normalmente? Obvio.
Ele pretendia falar mais disso? Não se pudesse evitar.
Gabriel já desceu da tribuna sendo cercado, e a recomendação do senhor Brown para mim era apenas esperar no carro, mas Muller escapou pela saída traseira e me acompanhou até o carro.
O caminho era curto, mas a reação das pessoas nos gerou uma sensação de que precisavamos sair sem ser vistos, ou pelo menos tentar.
Eu não sabia exatamente onde era a casa da família do Gabriel, mas nós estavamos indo em direção ao aeroporto outra vez. Na verdade eu não fazia a menor idéia de como havia voado de avião antes, e nem como seria agora, já que eu não tinha um documento em mãos, mas no fim, embarcamos no vôo direto para Seattle.
Embora eu estivesse tentando disfarçar, minha cara ainda expressava choque total, e no minuto que eu me sentei de frente para Gabriel no avião, provavelmente revelei tudo.
- A minha família pode ser bem desagrádavel, mas se você se sentir desconfortável, ofendida, ou desrespeitada, me avise imediatamente. — Ele finalmente quebrou o silêncio.
Eu não sabia exatamente o que responder, então só assenti e abaixei a cabeça em seguida.
A viagem não durou mais do que duas horas. Somando mais 15 minutos em um carro, nós chegamos a uma grande mansão.
Era bem maior que a casa de Gabriel. As paredes todas recém tingidas de gelo revelavam todos os detalhes esculpidos em gesso, inclusive as silhuetas nuas que pareciam saltar do terceiro andar.
Uma dúzia de funcionários se locomoviam de um lado para o outro, revelando a importância dessa reunião familiar.
Por dentro, a construção era ainda mais gloriosa. Simplicidade e elegância. Poucas cores, e muito brilho. Tudo e todos, -exceto eu- pareciam combinar e harmonizar no ambiente, mas havia um lindo piano de calda branco marmorizado que roubava toda a cena. Era impossível não olhar pra ele.
— Boa tarde, Senhor Muller, e senhorita...— Um mordomo nos recepcionou com um sorriso, mas assim que percebeu a minha presença, parou atónito. A cara confusa dele por não saber meu nome me fez soltar um sorriso automático.
— Boa tarde Carl, essa é a Senhorita Downson, minha acompanhante. — Gabriel quebrou o silêncio e me apresentou.
— Sejam bem vindos! — fez um pequeno gesto para indicar que deveríamos passar, mas sua expressão ainda era de susto ou surpresa.
Nós passamos diretamente para a sala de jantar, que era ainda mais luxuosa. Tinha um enorme lustre que caía no centro da mesa. Eu não conhecia de cristais, mas eu podia jurar que aqueles eram todos verdadeiros.
Eu prendi a respiração só em ver.
— Gabriel, você ainda teve coragem de vir? Eu admito que covarde você não é! — Um rapaz alto que aparentava uns 20 anos surgiu e caminhou até nós rindo ironicamente.
Ele tinha uma pinta meio arrogante. Era alguns centímetros mais alto que Gabriel, mas era bem mais magro, e tinha um cabelo castanho bem longo que caía sobre os seus olhos verdes.
— Primeiramente: boa tarde, Edgar. Acho estranho que uma criança tão arrogante como você saiba tanto sobre coragem. — Gabriel o rebateu sem fazer muito contato visual.
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Diário de Submissão
Storie d'amoreEmily, uma jovem perdida e insatisfeita acaba encontrando Gabriel Muller, um homem decidido e atraente que decide virar a vida dela de ponta cabeça. Esse é um romance cheio de jogos e cenas quentes.