- Desde quando? Desde quando você sabe de toda esse delírio da Celeste? - Gabriel me olhava com ódio outra vez.
Voltei a estaca zero e nesse momento, eu iria apanhar de propósito, não por um ato heróico.
Puta que pariu! Celeste veio em um péssimo momento. Eu nem precisava dessas desculpas e agradecimentos. Estava acostumada a não receber essas coisas.
- Eu achei certo contar a mãe dela. Não achei que deveria te dizer... - Eu tentei disfarçar meu medo.
- Você acha que eu sou idiota, Emily? Tudo o que acontece aqui deve ser dito primeiro a mim! Eu sou seu dono, e o dono dessa casa também! - Ele atirou um vaso de ceramica no chão.
Parecia caro. Parecia muito caro.
- Para que eu ia te avisar antes? O que você ia fazer? Ia matar o Juan Carlos? Ia arrancar o bebê da barriga dela? - Eu perigosamente levantei a voz.
Eu estava naquele paradoxo doentio de: Já está ruim mesmo, que se foda, piorar mais é impossível.
E adivinha? Podia piorar. E muito.
- Eu ia impedir esse plano suicida de se mudar e se casar na Colombia! Você agora é responsável por acabar coma adolescencia de uma menina! Satisfeita? - Gabriel veio na minha direçao sedento de sangue, e fez questão de me agarrar pelo pescoço, quase me levando a uma evacuação de fezes por urgência--Quase me caguei todinha--.
- Então planejava tirar dela e da mãe dela o direito de escolha? É o futuro dela, não temos nada a ver com isso. Eu não entendo por que de se meter tanto... - O olhei nos olhos, desafiando o perigo.
Eu estava tão cheia de medicações para a dor pelo meu olho, que se ele me batesse eu nem ia sentir tanto.- Eu estou cumprindo com o meu papel. É culpa da minha família a vida que a Celeste leva! Você é quem não tem nada a ver com isso! - Ele tinha um fundo de tristeza no meio de sua raiva.
- Não tem nada de errado na vida que ela leva! Ela tem comida, tem uma mãe que a ama, tem quem pague por seus estudos, e não lhe falta nada! Não é só por que você é rico que pode achar que quem não é vive uma vida miserável. - Eu tirei a mão dele do meu pescoço.
- Mas ela tinha direito a uma vida muito melhor! Tinha direito a tudo o que eu tenho. - Gabriel virou de costas para mim rapidamente.
- Meu Deus... Você tem outros funcionários que tem filhos, e não é protetor assim com eles... A Celeste por acaso não seria... Meu Deus! A Celeste é sua irmã?! - Dei um salto de susto com as palavras que saíram da minha própria boca.
Tudo aquilo fazia muito mais sentido agora. A casa que Gabriel deu de presente a Rosa, a escola mais cara, o interesse absurdo pela vida pessoal dela, a cobrança por notas boas e bom coportamento... Eles eram irmãos! Celeste era extremamente bonita, o que combinava com a família Muller, e ela tinha a pele clara, como a de Gabriel e como a de Anne, e os olhos eram cor de mel. Tudo aquilo parecia um quebra-cabeças. Como eu não havia percebido antes? Havia semelhança, havia evidencias.
Gabriel apenas ficou quieto, o que confirmou toda a história.
- Você é o único da sua família que sabe? - Eu perguntei ainda atônita.
- Meus irmãos são idiotas demais pra perceber que a empregada que morava em um quartinho da casa, não tinha contato com nenhum homem, e que não faltava nunca estava grávida. Eles não prestam a atenção em nenhum funcionário. Eu era quase adolescente. Só vivia na cozinha, mais precisamente dentro da dispensa. Estava sempre desenhando ou lendo rótulos. Um dia ouvi meu pai chegar na cozinha. Pensei que ele estava me procurando, e que ia brigar comigo, então fechei a porta e não fiz nenhum barulho. Escutei ela dizer que estava grávida, e que era ele o pai. E ele dizia que nunca tinha estado com ela, e que ninguém acreditaria. No final, ele ofereceu um cheque de 10 mil dólares pelo silêncio dela, só por que sabia das dívidas da família dela na Bolívia. Ela aceitou por ignorância. - Ele disse ainda de costas.
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Diário de Submissão
RomanceEmily, uma jovem perdida e insatisfeita acaba encontrando Gabriel Muller, um homem decidido e atraente que decide virar a vida dela de ponta cabeça. Esse é um romance cheio de jogos e cenas quentes.