Capítulo XX - Posso tudo?

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Ágatha Brooke.

Tudo parecia um sonho. Daqueles que são bonitos e cheios de coisas impossíveis de se tornarem reais. Mas, para a minha alegria, não, eu realmente estava vivendo tudo isso. Não era um sonho, era a minha vida agora.

Mordi a pontinha da caneta, relembrando da noite em que eu e Alana transamos, aquele 69 não sai dos meus pensamentos e a cada vez que me lembro e fecho os meus olhos, posso sentir os seus lábios me chupando, arrastando aquela língua macia sobre eles. Posso sentir tudo ficar quente dentro de mim, as sensações são tão fortes que consigo sentir como se ela tivesse me chupando agora, coisa que não está, infelizmente.

A professora terminou de explicar como seria o nosso próximo trabalho em grupo, tirando-me dos meus pensamentos que me estavam cegando a mente. Precisava sentir Alana daquele jeito de novo, depois do rolou entre nós, não fizemos mais nada, essa semana a faculdade estava em semanas de provas, os trabalhos e apresentações em grupos para serem entregues e por isso, não tivemos tempo de nada, o cansaço falava mais alto e só conseguimos dormir uma ao lado da outra, o que foi perfeito para mim também. A companhia de Alana é mais que suficiente, tê-la comigo me faz tão bem, que não preciso de mais nada.

A aula encerrou, terminei de guardar os meus materiais e sai da sala de aula. E no corredor, lá estava Laura, com uma cara de poucos amigos, irritada com algo ou alguém, que eu iria descobrir em poucos segundos.

Cheguei perto, dando um leve empurrãozinho.

— Laura — falei, parando ao seu lado e esperando que ela notasse a minha presença.

Ela terminou de digitar algumas coisas em seu telefone, para virar em minha direção, me inspecionando da cabeça aos pés, e talvez, eu já soubesse o que ela iria me falar. Coisa que me estressava. Porque ela estava julgando-me com o seu olhar de ranço.

— Você por aqui, burrinha — burlou-se de mim, me deixando magoada no instante em que soltou esse apelido idiota que ela inventou por eu ter contado a ela, tudo o que rolou entre mim e Alana.

Laura não ficou nada feliz. Pelo contrário. Me disse que sou burra e que cairei do cavalo com tudo o que estou vivendo agora. Que uma pessoa como eu, não sei entender a cabeça de pessoas milionárias como ela, e Alana.

— Eu não sou burra, Laura — olhei em volta, as pessoas saindo das suas salas, indo em direção da saída da faculdade — Será que não vai parar de me chamar de assim?

Laura elevou sua sobrancelha direita, com um olhar de morte. Mascando seu chiclete.

— Você não entende que eu só quero o seu bem?

— Me zombando e me humilhando?

— É a única forma que você entende que está errada! — se exaltou, gesticulando suas mãos.

— Não é verdade, Laura, eu...

— Cala essa boca, Ágatha, será que não percebe que ninguém gosta de te ouvir, até mesmo estou farta de ouvir os seus choros, some da minha frente — sua atitude brutesca me chocou.

Laura me empurrou, desfilando com o seu corpo de capa de revista, pelo corredor que dava até a saída da faculdade. Um nó se formou de imediato na minha garganta, causando uma vontade de chorar enorme. Odiava quando ela me tratava assim, eu não entendia seu ódio por saber sobre Alana, mesmo eu explicando detalhadamente que minha esposa não era uma pessoa ruim comigo, e sim, muito incrível, mesmo assim, ela não acreditava e ainda assim, me dizia que eu iria me decepcionar absurdamente.

Comecei a caminhar até a saída da faculdade, precisava ir para o meu trabalho, hoje chegaria mercadoria, livros novos, lançamentos, e reposições de livros que se esgotaram, e sabia que Estevan estava precisando da minha ajuda. E ao dar cada passinho, sentia uma lágrima escorrer em minha face. Doía muito saber que minha única amiga não queria a minha companhia. Não entendia os seus motivos, mas uma coisa ela tem razão. Ninguém gosta da me ouvir, da minha companhia, ninguém.

Irresistível perdição [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora