Capítulo XXII - Vamos?

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Ágatha Brooke.

Obviamente, as coisas tomaram um rumo que me deixava assustada, por exemplo, agora estamos indo ao encontro da minha mãe Elizabeth e meu irmão Bryan, tudo é muito estranho dentro de mim, ao meu redor, me sinto acolhida sim pela família de Alana, mas pela minha? Não. E isso é algo diferente, pois... não deveria ser ao contrário? Ou, sei lá, se sentir acolhida por ambas?

Mas tudo na minha vida sempre foi tão difícil e doloroso, que não seria diferente dessa vez. Meu coração está mais agitado e meu corpo todo está ansioso, a sensação de medo e angústia cresce a cada passo que dou, mesmo Alana com sua mão entrelaçada na minha, me sinto nervosa, não sei como será ver Elizabeth depois de tudo o que rolou ou como ela irá reagir. Mentiria se dissesse que não sinto a saudade de todos, eu sinto, sim, mas são tantas lembranças doloridas, que me dói e prefiro evitá-las.

Nos aproximamos da casa das mães de Alana, foi onde elas quiserem que rolasse esse reencontro, a casa está rodeada de segurança e isso me assusta de certa maneira, mas minha esposa explicou que Celeste e Luna preferem assim, não querem correr risco de que nada de ruim nos aconteça.

Respiro fundo, deixando todo o barulho da minha cabeça de lado pelo menos uns minutos, sinto o agarre dos dedos de Alana intensificar em minha mão, me fazendo sentir um embrulho no estômago, me sentia perdida, completamente. E era muito ruim saber que estava assim, pelo fato de rever a minha família, depois de tantos anos, tantos anos me escondendo e me fazendo invisível, com medo do monstro do meu pai me encontrar. Era esmagador saber que vivia algo assim no momento, havia me acostumado com a solidão, que acabou se tornando solitude com o passar dos anos, e de entender muitas coisas sobre isso.

Não sabia se iria me acostumar com a presença deles novamente e não sabia se realmente queria isso, havia muitas feridas fechadas dentro de mim, e eu não sabia se queria abri-las. E estar aqui, a pouco centímetros da minha família, era abri-las de novo e dar a chance de novas mágoas surgirem. Não sabia se queria isso, não sabendo que havia demorado um tempo infinito para fechá-las e deixá-las em uma parte do meu coração, que não queria e nem sentia vontade de mexer de novo.

Estava ficando louca de tanto pensar.

— Bonita? — a voz baixinha de Alana, apareceu próxima ao meu ouvido, fazendo-me sair dos pensamentos ruins.

Demorei a engolir a saliva, com dificuldade, não sabia como me sentir, mal podia me sustentar, se não fosse as mãos firmes de Alana, me dando uma força, não aguentaria a tanta pressão dentro do meu peito. Era desesperador.

Olhei para ela, e os seus olhos me deixaram tremular por um segundo, havia tanto apoio, tanto cuidado e zelo comigo, que não sabia se realmente merecia tudo isso. Era assustador.

— Oi — sentia minhas mãos suarem, e mais uma vez, os dedos de Alana intensificaram o agarre em minha mão, deixando-me um pouco calma, e seu olhar me analisou, cauteloso, e com muito cuidado, como sempre tinha comigo.

Sua feição cambiou, olhando-me com tentativas de tentar adivinhar o que se passava em meus pensamentos, que estavam todos conturbados e cheios de incertezas.

— Estamos com você, tudo bem? — parei meu andar, fazendo-a parar também, seu corpo entrou em minha frente — Ágatha...

Abaixei a cabeça, queria chorar, queria sair correndo e não enfrentar nada disso, não estava pronta para algo assim, mas não queria decepcionar Luna e Celeste, não queria fazer isso, elas moveram muitas coisas e todo o tempo que elas quase nem tinham, para me ajudar, não podia simplesmente fugir.

A mão de Alana pegou meu queixo delicadamente e ergueu minha cabeça, ficando na sua direção, seus olhos me analisando e me olhando profundamente. Os seus olhos, cor de mel, me deixavam sempre absorta, era como se eu só tivesse olhos para ela, e isso me deixava ansiosa também, não sabia até que ponto eu queria que isso se aprofundasse.

Irresistível perdição [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora