Capitulo VI - Traidora.

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Ágatha Brooke.

Sei que talvez eu esteja cometendo uma loucura, talvez não, eu estou cometendo. Uma das bravas. Mas o que eu poderia fazer? Se Alana me ameaçou, ela ameaçou no ponto onde mais me dói. Não posso me dar esse luxo de ser expulsa do único lugar do mundo onde me sinto bem, onde me sinto encaixada e consigo respirar aliviada. Estou realizando um grande sonho. Não posso perder essa chance que a vida está me oferecendo. Lutei muito por conseguir essa bolsa, em uma das melhores universidades de Nova York. Eu mereço isso, estudei muito para isso e agora que tenho esse tão esperado sonho em minhas mãos, não posso deixá-lo partir, e não irei permitir que Alana me arranque isso, não posso. Não quando a vida já me retirou tudo o que eu tinha.

Deixo o ar sair do meu pulmão e sinto um frio na barriga ao me imaginar deixando meu apartamento por dois meses, minhas coisinhas, meu cantinho que tanto tenho apreço. Só eu sei o quanto eu lutei por conseguir tudo o que tenho, e agora, vem uma maluca e quer arrancar tudo de mim.

Odeio Alana Monterbegue. Odeio com toda minha alma.

E o pior disso tudo é que não sei o que acontece comigo quando ela se aproxima, tudo em mim fica em estado de choque, fazendo-me ficar sem reação e sem saber como agir, e como lidar. Me sinto uma idiota perto dela, sem forças para saber reagir. Por mais que eu me esforce, ela sempre me vence com suas frases prontas e seu sarcasmo.

Arg!

Termino de arrumar minha mala e pego minha gata no colo, a pretinha está chateada e sei que ela está assim por me ver triste. Não estou nada feliz e muito menos animada em ter que me mudar. Eu não conheço Alana, não sei nada sobre ela. Desde que cheguei em Nova York, depois da maldita festa de universitários eu desapareci, realmente. Não queria que ela me achasse, fiquei com medo de imediato, tudo foi tão tenso e estranho que realmente cheguei a pensar que ela fosse uma mafiosa. E sei que chamá-la assim a deixa irritada, e se ela me perturbar durante esses meses, ela irá escutar muito isso. Mas sim, eu desativei minhas contas e fiquei isolada por uns dias, mas sabia que não podia me isolar do mundo pra sempre, ainda mais que eu trabalho e estudo.

Mas o que eu não esperava era encontrar Alana na mesma faculdade que eu. Como ela estuda aqui e eu nunca a vi pelos corredores?

Se a vida está querendo me testar, ela está conseguindo. Eu nunca me imaginei passando por algo assim. É surreal.

Não tem sentido. E pior, por que raios eu iria me casar com alguém que não conheço?

E pior, muito pior, como eu me casei com uma mulher? Sabendo que não gosto de mulher.

E como se não bastasse, algo muito pior me gela a barriga, que me deixa fora de mim, e sem entender, é saber que nós nos beijamos, e eu consigo me lembrar perfeitamente que eu beijei Alana, e pior, eu quem pedi um beijo pra ela. Mas o que me frita a cabeça é saber que eu não gosto de mulher, e Alana conseguiu o que ninguém consegue, me fazer pedir um beijo pra alguém. Não tem sentido. Não faz nenhum sentido.

Por que eu pedi um beijo para uma mulher, se eu não gosto de mulher?

E como se não pudesse piorar, eu só consigo me lembrar disso. Me lembrei essa noite quando sonhei com alguns flashes do que aconteceu naquela festa.

Jogo meu corpo na cama e a pretinha sobe em minha barriga, se deitando sobre ela. Acaricio sua pelagem preta e macia e ela esfrega sua cabeça em minhas mãos.

Essa gata...

Ouço um barulho de notificação chegar em meu celular e já até imagino quem seja. Fecho os meus olhos em um intento de esquecer que irei fazer uma loucura dessas, mas as mensagens não param de chegar. Acabei me irritando, me levantei da cama e a pretinha saiu do meu colo resmungando.

Irresistível perdição [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora