Capítulo XI - Sufocante.

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Alana Monterbegue.

As expressões de Ágatha eram surreais. Ela estava tão impactada com a presença das minhas mães, que eu percebi que ela não sabia o que me falar, como falar e como agir em determinadas situações.

E isso era engraçado de certa forma, mas também era aterrorizador pra mim, porque minha mãe Luna era terrível e ela sentia cheiro de coisas erradas de longe. Já Celeste era pior, ela sondava mansamente, até conseguir o que realmente queria.

— Sentem-se – falei para as três mulheres que me olhavam atentas.

Luna sorriu de canto. Já Celeste franziu a testa, me inspecionando e averiguando todos os meus passos.
E Ágatha mordeu seu lábio inferior, muito nervosa e ansiosa por todo o clima mega tenso na mesa para o jantar.

Me sentei na mesa já posta, com todas as comidas que eu havia preparado. Pois sabia que tudo tinha que sair na perfeição, porque minhas mães eram a minha base de tudo, não queria desapontá-las em nada, até mesmo em um jantar.

Luna ainda não engoliu a notícia, porque o pior não foi ela saber que eu havia me casado, mas sim, ela saber por parte da minha mãe Celeste e não por mim. Elas sempre me deram total segurança e confiança para falar sobre tudo com elas, mas, sabemos que isso eu não podia, eu não teria forças para desapontá-las assim, nesse nível tão profundo.

Mas eu sabia que havia errado, porque eu deveria ter dito antes, eu queria ter contado, mas eu não sabia como, eu não tive forças. E agora estávamos aqui, com um clima tenso no ar.

Voltei a minha atenção para a mesa, depois para a Ágatha, e ela sorriu e isso aliviou um pouco o meu peito, ela sorriu quando viu que eu havia preparado salmão grelhado, com molho de maracujá. Eu havia feito uma de suas comidas preferidas e eu sabia disso por ela ter escrito no seu manual de instruções sobre seus gostos e manias. E não sei dizer ao certo o porque eu quis fazer algo pra ela, se no fundo eu sei que ela me irrita e me deixa com as sensações em um nível diferente do que eu estou acostumada. E essas malditas sensações me intrigam mais do que deveriam.

— Não acredito...– ela me olhou com os olhos sorrindo e isso fez meu coração se tornar pequeno diante de algo simples pra mim — Eu amo salmão grelhado, Alana, eu...

Dei um leve sorriso, porque ela estava tão feliz, que minhas mães me olharam estranho.

— Eu sei disso, bonita – falei, enquanto cortava um pedaço da peça do salmão para depositá-lo em seu prato — Eu fiz exatamente por isso, por ser sua comida preferida.

Sua feição mudou de riso, para seriedade. Pois ela me advertiu com o olhar que era pra eu parar de chamá-la assim, mas ela sabia que eu não pararia. E também ela percebeu que precisávamos fingir e ela estava um pouco lenta atuando no momento.

— Parece que vocês estão se conhecendo agora – Luna colocou os seus antebraços sobre a mesa e nos investigou com o seu olhar analítico.

E isso me gelou a barriga. Me gelou por inteira.

— Não é isso, mãe – olhei diretamente em seus olhos e senti como se o peso do mundo estivesse em minhas costas.

Porque odiava mentir para elas, era horrível a sensação.

— Então nos explique o que é! – Celeste se exaltou um pouco, deixando-me com os nervos aflorados.

— É que todos os dias é uma surpresa ao lado de Alana – a voz de minha falsa esposa surgiu no ambiente, aliviando a tensão dos meus ombros.

Olhei para ela com o coração apertado e ela pareceu entender a minha aflição.

Luna soltou um riso irônico e Celeste balançou com a cabeça meio indignada.

Irresistível perdição [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora