Capítulo XVI - Fogos de artifícios.

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Ágatha Brooke.

A dor estava latente, tão latente que eu não podia aguentar e suportar tantas lembranças péssimas invadindo, voltando em meus pensamentos e perfurando o meu peito.

A paz que eu tanto busquei, acabou. Definitivamente acabou. E isso era algo arriscado, muito. Não podia deixar que isso estragasse a minha vida novamente, mas como eu iria sair disso? Como eu iria fugir dessa prisão? Desse pesadelo que eram essas lembranças horrendas dentro da minha mente inquieta? E como eu iria contar algo tão cruel assim, para a Alana? Como? O que ela pensaria de mim?

Engoli o choro todo o caminho até chegarmos na mansão das Monterbegues.

E uau. Que lugar maravilhoso e gigante. Bem que Alana havia me dito para não me assustar com o tamanho, porque as mães dela são exageradas e gostam de coisas grandiosas, que brilham e que tem cheiro de elegância. Coisas que eu não estava nem um pouco acostumada, mas, era muito divertido ver elas de perto, me deixava encantada e com o coração um pouco melhor. Não cem por cento, mas deixava-o bem.

Jantamos todas juntas, conheci o avô Rodolfo, o famoso tio Alan também, foi bem divertido. Demos risadas e fui bem recebida, todos me deixaram com uma sensação de querer ficar aqui para sempre, perto dessas pessoas tão maravilhosas e que te fazem sentir querida em todos os sentidos.

Admirava isso. Essa união familiar, era bom saber que existia algo assim para algumas pessoas, que tinham carinho, colo de montão e segurança, apoio. Era uma pena que comigo não foi assim, nada disso, e isso doía muito, doía tanto que só de lembrar, me dava falta de ar e vontade de sair correndo, fugindo de todos os demônios que carrego dentro do meu coração, e principalmente da minha cabeça.

Sinto os meus dedos gelados, a respiração não quer sair, a cabeça rodando e me atormentando como há tempos atrás, sinto meu peito doer, me falta forças, não consigo aguentar a tanta pressão. Olho para o lado e Alana está virada de costas, dormindo em um sono tão gostoso, que não posso acordá-la só para o meu egoísmo, deixo que ela continue assim, mas sou incapaz de continuar deitada. Me levanto da cama sem fazer ruídos, e mesmo sem conhecer muito bem essa mansão, vou andando com passos silenciosos até a cozinha, preciso de uma água que seja, e como Luna e Celeste me disseram que eu podia pegar o que eu quisesse para beber ou comer, me senti na confiança, mesmo sabendo que eu não sou assim, mas hoje preciso só de um pouco de água.

Ando nas pontinhas dos pés, para não despertar ninguém, até porque ainda é de madrugada e as pessoas estão dormindo. Encontro a cozinha e posso soltar um suspiro longo, ainda bem que não demorei para chegar.

Entro e vou direto nos armários, procuro por um copo e quando vejo em frente, existem tantos tipos, formatos e cores diferentes, que a minha cabeça dá um pane por um tempo.

Qual o sentido de tantos...

Dou um pulo pelo susto de sentir uma mão gelada tocar o meu braço.

— Aí, meu Deus!!! — girei meu corpo com tudo, e arregalei os olhos ao ver o tio Alan atrás de mim.

— Desculpa, não quis te assustar, eu percebi a sua confusão ao avistar a quantidade de copos diferentes e eu só quero ajudar... — ele sorriu sem jeito, fazendo meu corpo relaxar de novo.

— Ah, sim...eu... — havia ficado sem reação, não esperava que alguém me achasse assim, fuçando as coisas que eu não tinha liberdade — Desculpa, Alan, eu só fiquei perdida, são tantos né.

Ele ergueu sua mão e retirou dois copos comuns, de cor amarelo-escuro, do armário, o que me aliviou. Me estendeu um, e segurou um para si.

— O que você quer beber? — caminhou até a geladeira e quando abriu, tinha tantas coisas diferentes que a minha cabeça pifou de novo.

Irresistível perdição [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora