Capítulo 10

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Meu telefone tocou e eu o atendi rapidamente assim que vi que era da empresa da Dulce.

— Alô?

— Boa tarde, Sr. Uckermann. A sra. Uckermann está passando mal e mesmo que tenha pedido para eu não te ligar, resolvi fazer mesmo assim.

— Fez certo. Obrigado, Alice. O que ela está sentindo? – perguntei.

— Ela pediu que eu comprasse um remédio para cortar o enjôo. Após o almoço ela disse que teve que colocar tudo para fora e que sua cabeça está doendo muito.

— Certo, estou indo para aí. Obrigado por avisar.

— Imagina.

Encerrei a ligação, me levantei rapidamente, peguei as chaves do meu carro e avisei minha secretária que não voltaria mais naquele dia. Dulce estava um pouco estranha nos últimos dias, mas sempre dizia que deveria ser apenas um mal estar por causa das semanas que estavam sendo muito corridas.

No caminho até a empresa pensei se ela poderia ter comido algo que tenha feito mal. A menos que ela tenha comido durante o almoço de hoje, não havia nada diferente para que ela passasse mal.

Cheguei na empresa, estacionei meu carro e caminhei apressadamente até o elevador. Subi diretamente para seu andar, obviamente eu tinha livre acesso na empresa.

— Olá, Sr. Uckermann! – Alice disse assim que me viu e eu acenei com a cabeça – Os remédios ainda não chegaram, a Sra. Uckermann está deitada.

— Obrigado, Alice – fui rapidamente até a sala de Dulce. Quando entrei ela estava deitada de olhos fechados em um sofá que tinha na sala. Ela abriu os olhos e ficou surpresa ao me ver.

— Pedi para Alice que não te aborrecesse com isso.

— Ela não me aborreceu. Inclusive, ela fez muito bem em me ligar, Dulce. – me aproximei dela e beijei sua testa, sentando-me no chão para poder olhá-la de perto.

— É apenas um mal estar. A semana está sendo corrida, mais uma vez.

— Não pode ser apenas isso, Dulce. O que você almoçou hoje?

— O mesmo de sempre, no mesmo restaurante. Não tem como ser a comida.

— O que você está sentindo?

— Enjôo, tontura, também estou me sentindo muito cansada. Não costumo ter essa falta de disposição.

Realmente, Dulce sempre foi a pessoa mais ativa que já conheci. Não fazia corpo mole para quase nada, vê-la dessa forma era realmente muito estranho. Por isso, era impossível não me sentir tão preocupado.

— Não acha que deveria ir no médico, amor?

— Não sei, Christopher – ela mordeu o lábio, uma das coisas que fazia quando estava nervosa.

— Do que você está com medo?

— São sintomas de gravidez. Porque além de tudo, sinto vontade de ir ao banheiro o tempo todo.

— Será? – arregalei os olhos.

— Pedi que Alice também pedisse três testes de gravidez, mas estou com medo.

— Por que? – perguntei, confuso. Dulce sempre deixou claro que queria engravidar, não tinha com o que se preocupar.

— É realmente meu sonho, mas é uma grande mudança em nossas vidas. Tenho medo de não dar conta. Imagina só, um serzinho que vai depender de nós e que vai mudar nossa vida completamente para sempre – seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ela falava e eu apertei sua mão.

Há algum tempo atrás, eu provavelmente sairia correndo nesse momento para bem longe. Nunca me imaginei namorando, nem casado e muito menos pai. Além de tudo, quando acordei em uma vida completamente diferente da que eu vivia e descobri que minha esposa era nada mais, nada menos que a mulher que eu jurava odiar, poderia ter corrido para bem longe, mas surpreendentemente não consegui me afastar, tratá-la mal. Eu simplesmente não fugi de minhas responsabilidades mesmo que até hoje não fosse capaz de entender o que aconteceu. Agora, ouvindo Dulce falando isso, eu tinha uma visão e pensamento totalmente diferente.

— Nós vamos conseguir passar por tudo juntos. Se você realmente estiver grávida, é nossa família que estamos formando. Não seremos pais perfeitos, mas daremos o nosso melhor. – apertei sua mão e a beijei rapidamente.

— Eu te amo tanto – ela acariciou meu rosto com a outra mão e sorriu – Obrigada por ser tão incrível.

— Obrigado por ter me tornado um homem melhor – sorri. Mesmo não me lembrando de nada, sabia que Dulce era papel fundamental para o homem que me tornei.

— Não te tornei um homem melhor, meu amor. Você se tornou um homem melhor por sua própria vontade. Ninguém tem o poder de mudar ninguém. – ela disse sorrindo.

— Eu também te amo – eu disse sorrindo e a abracei.

»»»»

Dulce não teve coragem de fazer o teste na empresa. Como ela ainda não estava muito bem, fomos embora no meu carro e no dia seguinte buscaria o dela, já que se não melhorasse, não iria trabalhar no dia seguinte.

Quando chegamos em casa ela foi direto para o banheiro e eu me sentei no sofá completamente ansioso e nervoso. Mesmo tentando dar todo apoio para ela, não podia negar o quão nervoso eu estava. O que aconteceu comigo ainda era uma grande incógnita, o baque que eu levei foi grande e agora estava prestes a ser pai.

Não sabia explicar como meus pensamentos sobre tudo mudaram tão rapidamente. Eu deveria estar surtando e correndo para bem longe daqui, nunca quis ser pai e o antigo Christopher faria de tudo para correr dessa responsabilidade. Eu deveria pensar diferente e querer ser um pai melhor do que tive, mas infelizmente as coisas não eram assim. Fui um grande filho da puta, eu sei, mas essa é a verdade.

Quando foi que minha cabeça mudou dessa forma? Quando foi que eu deixei de odiar Dulce? Quando foi que eu comecei a ver tudo com outros olhos? Como tudo aconteceu? Eu precisava entender o que estava acontecendo comigo. Meus sentimentos estavam conflitantes.

Depois de longos minutos que mais pareceram horas, Dulce saiu do banheiro. Sua mão estava na boca e ela estava com os olhos cheios de lágrimas, ela não precisou dizer nada, apenas me olhou e assentiu com a cabeça. Apenas me levantei e fui até ela abraçá-la fortemente.

O mais louco é que eu estava me sentindo feliz. Meu sentimento pela Dulce me atingiu com mais força naquele momento, como se de repente eu sentisse que precisava dela para ser feliz.

Foi só então que a ficha realmente caiu... Meu Deus, eu serei pai! Eu e Dulce seremos pais!

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