Parei em frente ao café que havia combinado com Maite e respirei fundo, rezava para que ela tivesse como me ajudar. Precisava entender o que estava acontecendo comigo ou acabaria enlouquecendo. Finalmente tomei coragem para entrar e encarar uma Maite que me ajudaria a entender toda essa situação ou me julgaria como o cara mais louco do mundo. Esperava que fosse a primeira opção, estava contando com isso.
Maite sorriu ao me ver e se levantou quando me aproximei para me dar um rápido abraço, nos sentamos na mesa em que ela estava e já tomava seu café.
— Como estão você e Dulce? – Ela perguntou sorrindo, enquanto ajeitava seu cabelo chanel atrás da orelha.
— Estamos bem. E você e Christian?
— Estamos ótimos, arrisco dizer que é o melhor momento do nosso relacionamento.
— Fico realmente muito feliz por isso.
— A que devo a honra de seu chamado? Te achei bem desesperado ao telefone.
Uma garçonete se aproximou de nossa mesa e eu fiz meu pedido, antes de responder a pergunta de Maite. Eu não sabia como abordar esse assunto sem parecer um completo maluco, mas na verdade não havia um jeito de dizer sem que ela me olhasse com uma careta, então, parei de enrolar e finalmente coloquei tudo para fora.
— Realmente não sei como te dizer isso sem parecer maluco, mas há dias atrás eu era um homem de vinte e nove anos, solteiro e meu único compromisso era com a farra. Me lembro que era véspera de natal e eu fui para a casa de Alfonso, mas após a festa, não me lembro de mais nada. Só sei que acordei com Dulce ao meu lado, estávamos casados e ela dizendo que me ama. Meu Deus, eu realmente não sei até agora como absorver tudo isso.
— Você enlouqueceu? – A careta que eu esperava em seu rosto estava ali. Se fosse Anahí, já estaria pulando em meu pescoço avisando que se eu machucasse sua melhor amiga, acabaria sem meu pau. Graças a Deus Maite é menos agressiva.
— Eu até queria estar louco, pelo menos assim não estaria tão confuso agora. Maite, eu realmente não sei o que está acontecendo! Por isso estou implorando por sua ajuda.
— Como eu posso te ajudar, Christopher? Não sou psiquiatra e muito menos neurologista. Você precisa procurar um médico.
— Você acreditava tanto nessas coisas de outras vidas, além das cartas de tarô.
— E o que isso tem a ver? Você não morreu! Está mais vivo do que nunca! – Ela tenta de todas as formas não se exaltar ou aumentar o tom de voz.
— Então você pode me explicar como as coisas mudaram totalmente de um dia para o outro?
— Christopher, eu simplesmente não tenho como te ajudar. Mas você já parou para pensar que se, supostamente, isso aconteceu é porque quem tem que achar o verdadeiro motivo é você e mais ninguém? Eu me lembro de como você era antes de Dulce, um cara mulherengo sem um pingo de responsabilidade na cara. Ninguém achava que você teria salvação, sua avó já estava cansada de pedir para que você tomasse jeito. Eu, no fundo, sempre soube que você e Dulce estavam destinados um ao outro e já tinha dito isso a Christian uma vez, mas não achava que você iria enxergar isso um dia. Porque por mais destinados que um seja ao outro, se não há comprometimento das duas partes não adianta. Entretanto, depois que você conheceu ela tudo mudou, eu pude ver a esperança nos olhos de sua avó quando você mesmo disse que queria cuidar da empresa, o modo como você ficava iluminado quando estava com ela. Se isso for realmente como você está dizendo, então quando você encontrar a resposta entenderá o que está acontecendo, mas se for apenas um surto seu por saudade de quando era solteiro, juro que me juntarei a Anahí para acabar com você.
— Não é um surto Maite, isso eu posso te afirmar com todas as letras. E eu simplesmente não sei por onde começar a procurar a resposta para tudo isso.
— Então deixe as coisas acontecerem e sempre esteja atento. É a única ajuda que eu posso te dar.
— Já foi uma grande ajuda, Maite. Obrigado, de verdade.
— Não tem que agradecer, só não machuque Dulce. Ela é uma pessoa incrível e não merece isso.
— Eu sei, Mai. Eu sei... – suspirei.
Apenas queria entender o que estava acontecendo e o sentido de tudo aquilo. Rezava para que a resposta aparecesse logo e eu estivesse livre dessa vida maluca. Tudo no seu devido lugar, e eu e Dulce nos odiando, que é o que fazemos de melhor.
Na volta para casa não conseguia parar de pensar em como eu faria para descobrir o porque estava nessa situação. Eu não fazia a menor ideia de como consertar essa loucura que aconteceu comigo, não sabia nem mesmo por onde começar.
Estaciono o carro na garagem e estranho que o carro de Dulce já estar ali. Era para ela estar com Anahí.
Desço do carro e entro em casa, encontrando Dulce enrolada nas cobertas enquanto assistia televisão. Quando ela me vê abre um grande sorriso.
— Onde você estava, amor?
Me pego querendo rir ao me lembrar que sempre disse que jamais aceitaria dar satisfações a uma mulher que não fosse minha avó. O destino realmente é muito observador pois adora rir da nossa cara sempre que tem a oportunidade.
— Estava dando uma volta por aí, sem rumo. E você não deveria estar com Anahi? – sorri, indo até ela e lhe dando um selinho – O que você tem?
— Estou com muita cólica. Não estava em condições de ficar lá.
Me lembro de ouvir algumas vezes Anahí dizendo que Dulce sofria com as cólicas quando estava naqueles dias, além de dores de cabeças. Eu a irritava sempre que tinha a oportunidade, mas foi em um desses dias que levei um soco dela bem na boca do estômago. Não brinquem com mulheres na TPM, elas ficam muito surradas. Eu aprendi minha lição e desde então sempre me certificava que Dulce não estava naqueles dias para poder irritá-la, porque o que ela tinha de baixinha também tinha de força.
— Já tomou remédio?
— Sim, mas acho que é um daqueles dias que nem medicamentos aliviam.
— Vai passar. – acariciei seus cabelos em um gesto involuntário e rapidamente afastei minha mão, já estava ficando muito esquisito – Vou trocar de roupa.
— Depois deita aqui comigo. – ela sorriu e eu apenas assenti.
Deus, eu precisava voltar a minha vida normal urgente.
Coloquei uma roupa mais confortável e voltei para a sala, sempre me lembrando que se Deus quiser logo esse pesadelo acabaria.
Deitei-me ao lado de Dulce que se aconchegou em meu peito, ela assistia a um desses filmes bem melosos que definitivamente eu não aguentava assistir um segundo sequer, então fechei os olhos para quem sabe tirar um cochilo.
Dulce acariciava minha barriga e por um momento me senti muito à vontade com suas carícias. Abri os olhos e a vi me olhando enquanto estampava um meio sorriso no rosto. Sabe aqueles sorrisos bobos? Além de seus olhos brilharem de uma forma que nunca vi antes.
— O que foi? – perguntei, me sentindo um pouco assustado.
— Estou apenas te olhando. Admirando o quanto você é lindo – ela me deu rápido beijo e continuou sorrindo.
— Você também – sorri, mas no fundo queria sair correndo dali.
— Estou com saudades do seu corpo, Christopher – sua voz era um pouco manhosa e precisei segurar o riso. Era realmente muito estranho estar assim com ela.
— Resolveremos isso quando você melhorar, está bem? – beijei o topo da sua cabeça para que ela relaxasse e fechei os olhos para dormir, com a esperança de que acordaria na minha vida normal e tão amada por mim.
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Wishes
Fanfiction(CONCLUÍDA) Christopher Uckermann é um mulherengo irresponsável que não quer saber de mais nada além de farrear, deixando sua avó Cecília de cabelos em pé, não sabendo mais a quem recorrer para que seu neto tomasse jeito! Um dia, ele acorda casado...