Capítulo 15

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— Você disse que quer conversar comigo? – Dulce perguntou quando se sentou na mesa em que eu estava a esperando.

De manhã havia mandado uma mensagem para Dulce convidando-a para almoçar comigo, porque queria conversar com ela. Tenho certeza que ela estranhou meu convite, mas aceitou.

— Sim – sorri.

— Sobre Anahí e Alfonso? – ela franziu um pouco o cenho.

— Não... Quer dizer, também podemos falar sobre isso depois, mas eu te convidei para vir hoje porque quero conversar sobre nós.

— Sobre nós? – ela arregalou levemente os olhos.

— Sim. Nós sempre vivemos como cão e gato, já nos insultamos muito e além de tudo, eu sempre fui muito imaturo. Eu acordei com uma visão e pensamentos totalmente diferentes de quando entrei em coma, Dulce. Realmente quero deixar todas aquelas desavenças entre nós no passado. Peço desculpas por tudo.

Dulce não conseguia esconder a surpresa estampada no seu rosto. Entendia perfeitamente sua surpresa e seu silêncio naquele momento, com certeza tentava absorver tudo o que disse e para ajudar, o garçom se aproximou perguntando o que queríamos pedir para comer, levando mais alguns minutos para que escolhêssemos e pedimos o que queríamos.

— Christopher, eu realmente nem sei o que dizer... – ela disse quando o garçom se afastou.

— Eu sei o que deve estar passando em sua cabeça, eu nunca fui um cara fácil.

— É que eu nunca imaginei uma situação como essa. – ela mordeu o lábio e parecia estar um pouco sem jeito.

— Eu sei, Dulce. Mas, como eu disse, acordei com um pensamento totalmente diferente do que tinha antes, não sei explicar.

— Eu acredito, Christopher. Isso jamais aconteceria se você ainda tivesse o mesmo pensamento. É possível ver em seus olhos o quanto você está diferente.

Não pude deixar de sorrir, ela acreditava em mim.

— Então você me desculpa e podemos recomeçar?

— Claro que sim. – sorriu.

— Você não imagina o quão feliz estou por isso.

— Eu também – ela continuava sorrindo – Quando o acidente aconteceu fiquei mal também Christopher, apesar de tudo. Eu ficava com você para sua avó descansar realmente, porque ela dizia que a única pessoa que ligaria para ela se acontecesse alguma coisa era eu. Ela confiou demais em mim. Eu senti as dores junto com a Cecília.

— Obrigado por estar com minha avó, ela gosta muito de você.

— Eu gosto muito dela também.

Sorrimos, mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, o garçom se aproximou com nossas refeições. Almoçamos em silêncio, talvez ela ainda estivesse tentando absorver tudo, eu também precisaria disso.

— Você ainda quer tentar juntar Anahí e Alfonso? – ela perguntou, mudando o assunto.

— Quero. Eles se amam e não conseguem admitir.

— Você sabe que não vai ser fácil, não é? – Dulce perguntou.

— Eu já acho que não vai ser tão difícil – sorri.

— Então você tem uma ideia?

— A única forma de estarmos todos no mesmo ambiente é fazendo uma festa. Nada de chamar muitas pessoas, só quem temos em comum, sabe? Os mais próximos.

— Entendi. E como vamos juntá-los lá?

— Podemos fazer algumas brincadeiras com bebidas. Acho que eles só precisam de um empurrão para se entregar, mas precisamos de mais alguns cúmplices também.

— Maite e Christian! – ela disse sorrindo.

— Isso! – sorri.

— Vamos fazer algo no sábado, então?

— Combinado – estendi minha mão.

Ela sorriu e apertou minha mão. Nos encaramos por alguns segundos e eu jurava que podia ver desejo em seu olhar. Nem preciso dizer que senti meu corpo inteiro reclamar de saudades dela e a vontade de me levantar e agarrá-la quase falou mais alto. Mas eu precisava ir com calma, em algum momento eu teria Dulce em meus braços.

[...]

— A que devo a honra? – Maite perguntou se sentando no sofá da sala de Dulce, Christian se sentou ao seu lado. Eu e Dulce estávamos sentados na frente deles em dois puffs.

Havíamos chamado Maite e Christian para conversar e contar nosso plano para eles. Sabíamos que eles seriam nossos cúmplices, eles também viam o quanto Anahí e Alfonso se gostavam.

— Eu e Christopher temos um plano de juntar Anahí e Alfonso. Na verdade, foi ideia do Christopher.

Maite me olhou surpresa e sorriu.

— Você está realmente diferente, Ucker.

Apenas sorri.

— Já entendi que vocês nos querem como cúmplices. Qual é o plano? – Christian disse.

— Eu pensei em fazer uma festa no sábado, mas só para os mais próximos. Os que são realmente em comum e próximos entre nós. Aí, podíamos fazer umas brincadeiras com bebidas para irmos nos soltando, e em algum momento induzi-los a se beijar ou algo do tipo.

— Você acha que isso tem chances de dar certo? – Christian perguntou.

— Amor, aqueles dois só precisam de um empurrãozinho! Tantos anos de tesão reprimido vai nos ajudar também.

— Mas Anahí não está com aquele cara ridículo? – Christian perguntou.

— Não estão mais juntos, ele deu em cima da chefe dela no dia em que foi buscá-la para almoçar.

— Que idiota! – Maite revirou os olhos.

— Não esperava menos daquele babaca, aquele dia lá em casa ele só faltava te comer com os olhos, Dulce. – revirei os olhos, não conseguindo conter meu ciúmes.

Dulce me olhou com o cenho franzido, Christian me olhava confuso e Maite segurava o riso. Quase me soquei por não conseguir segurar minha língua.

— Enfim, meus lindos, então vocês querem que a gente ajude durante as brincadeiras, não é? – Maite quebrou o silêncio constrangedor que havia se instalado na sala.

— Exatamente – Dulce disse – Não temos um script, vamos deixar rolar conforme a noite for acontecendo e também sabemos o quanto a May é animada nessas festas.

— Sempre foi meu sonho juntar aqueles dois! Já perdi as contas de quantas vezes vi eles xingando os parceiros um do outro por pura implicância.

— Nem tanta implicância assim, né May? – eu disse – Cá entre nós, Anahí tem o dedo bem podre.

— E Alfonso não? – Dulce me olhou – A última mulher que ele "namorou" – fez aspas com os dedos – roubou o dinheiro que ele tinha na carteira. Cá entre nós – ela me imitou – não é flor que se cheira, né?

— Eles só arranjam essas pessoas porque na verdade gostam um do outro, nenhum dos dois está realmente atrás de um relacionamento sério e mesmo que estivessem, não conseguiriam engatar nenhum namoro. É difícil estar com uma pessoas quando você só consegue pensar em outra. – Maite disse, já cortando nossa quase discussão – Vocês deveriam saber como é isso.

— O que? – Dulce perguntou semicerrando os olhos.

— Nada, Dulce María.

Antes que eu pudesse dizer algo, Christian voltou para o assunto da festa e conversamos sobre como seria. Sabíamos que teríamos a presença dos dois porque eles nunca negavam uma festa, ainda mais após tudo o que aconteceu comigo. A única preocupação era que tudo ocorresse bem e tivéssemos sucesso em nossa missão de junta-los.

— Estamos fechados nessa, então? – perguntei.

— Com certeza! Fechadíssimos! – Maite disse animada e piscou para nós.

Dulce me olhou animada e mostrou a palma de sua mão para que eu batesse nela, bati e nós sorrimos um para o outro.

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