Capítulo 21

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1 mês depois...

Christopher.

— Oi, vovó – eu disse quando entrei.

— Oi, meu lindo! – ela estava sentada no sofá e sorriu – Como foi a procura?

— Acho que encontrei um bom apartamento, vovó.

— Sério, meu lindo? Onde?

— É em um prédio perto da empresa, posso até mesmo ir andando. Tem uma suíte e um quarto para visitas, outro banheiro, sala e cozinha. Eu não quero algo muito grande, vou morar sozinho. Aline disse que vai resolver as últimas coisas e me liga para ver e assinar o contrato. O valor é bom, o apartamento já é mobiliado.

— Que bom! Fico feliz que tenha gostado! Vou sentir sua falta aqui em casa, mas entendo que você quer seu espaço. Só espero que não fique trazendo muitas mulheres para dentro do apê, hein!

— Vó, não vou ficar trazendo várias mulheres. Eu quase nem saio mais, realmente mudei.

— Que bom, meu filho. – ela sorriu – Fico feliz de ver que hoje você tem um novo pensamento. Foi um grande susto o acidente que você sofreu, tive muito medo de nunca mais poder te ver, mas hoje entendo que tudo aconteceu para que você pudesse renascer, ver tudo com uma visão. Estou feliz pelo homem que você está se tornando, as responsabilidade que está tendo com a empresa e com tudo.

— Fico feliz em saber que a senhora está orgulhosa de mim, vovó. Sei o quanto você sofreu enquanto eu estava em coma, não quero te ver assim nunca mais. Sei que só te dava dor de cabeça, mas quero ver você sempre orgulhosa de hoje em diante!

Vovó se levantou e me abraçou forte, dando vários beijos em meu rosto. Ela apertou minha bochecha e sorriu. Podia ver um brilho em seus olhos nunca visto antes e me senti feliz por saber que era por minha causa que seus olhos brilhavam naquele momento.

— Inclusive, vovó, tenho mais uma coisa para te contar. Acredito que você irá ficar ainda mais feliz.

— Não vai me dizer que vou ser bisavó? – ela ficou séria – Christopher, eu infarto! Acabamos de conversar sobre e... – a interrompi.

— Não, vovó! Ainda não é isso – ri quando vi ela suspirando aliviada – Eu estou com Dulce.

Os olhos de minha avó se arregalaram, acho que ela nunca esperou uma notícia dessas. Realmente surpreendi dona Cecília.

— Vocês estão namorando?

— Não, porque ainda não fiz o pedido. Estou preparando algo ainda, mas em breve iremos assumir para a família e amigos. Estamos nos conhecendo melhor, algo que nunca demos chance antes.

— Tem certeza que não vou ser bisavó? Eu não acharia ruim nesse caso! – ela disse rindo.

— Não! Está cedo para isso ainda, vovó. Vamos com calma! – ri.

— Não faz ideia do quanto eu estou feliz por vocês! Eu sempre soube, Christopher! Sempre soube! – ela disse animada – Mesmo com toda a implicância entre vocês desde pequeninos, que era apenas uma tentativa de disfarçar o que sentiam, eu via como vocês se olhavam! E com o passar dos anos isso nunca mudou. Meu lindo, você não faz ideia de como Dulce ficou quando soube de seu acidente! Ela dizia que estava preocupada comigo e sempre se oferecia para ficar com você para que eu e seus pais descansássemos. Alfonso também sempre foi muito prestativo, mas era visível que a preocupação de Dulce não era apenas comigo, como ela dizia. Vocês não eram próximos, ela não tinha a menor obrigação de ficar ali, mas ficou. Eu via a preocupação nos olhos dela, Christopher. E sabe de mais uma coisa?

— O que? – perguntei, sentindo meu coração bater mais forte por imaginar toda a preocupação que Dulce teve comigo, mesmo quando eu não era a melhor pessoa para ela.

— Uma vez, quando ela estava de acompanhante, ela disse que começou a conversar com você e pediu que você voltasse, que todos estávamos sentindo sua falta. Ela disse que na hora você apertou a mão dela e parecia ter tentado acordar. Algo que você nunca fez com nenhum de nós.

Eu me lembrava desse dia! Foi quando eu ouvi uma voz me chamando em um sonho, na outra "realidade". Me lembro que pensei que era Dulce que tentava me acordar, mas ela estava dormindo. Agora tudo fazia sentido, era realmente a voz dela.

— Vovó, preciso te contar uma coisa e talvez você pode não entender muito bem. Vamos nos sentar porque a história é longa.

— Você está me deixando preocupada.

— Não precisa, fique tranquila.

Ela assentiu e nós nos sentamos no sofá.

Eu comecei a contar o que aconteceu na outra vida, cada detalhe. Só deixei de fora a parte em que meu último dia naquela realidade foi quando Dulce descobriu que estava grávida. Contei que era casado com ela, que tínhamos juntado Alfonso e Anahí e que eles tinham uma filha. Contei as partes em que conversei com ela e as histórias que ela me contou. Também contei que foi só aí que percebi e admiti o quanto gostava de Dulce.

Vovó ouvia tudo com atenção, parecia até um pouco chocada com as coisas.

— Christopher, não sei nem o que te dizer. Nós nunca conversamos sobre o dia em que você e Dulce se conheceram e tudo realmente aconteceu, até meus pensamentos! E também preciso contar algo, que não sei realmente se tem a ver. No dia do acidente, quando você saiu para ir até a casa do Alfonso, meu pedido de natal foi que você se apaixonasse ou que tivesse uma nova vida e responsabilidades, assim que fiz meu pedido um homem vestido de papai Noel passou aqui na frente, me olhou e deu um pequeno sorriso, depois continuou andando como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei curiosa, mas não dei muita importância. Tinha me esquecido totalmente disso, até você contar agora.

— Vovó, isso é loucura! – eu disse, completamente assustado.

— Tudo parece loucura! Mas se olharmos bem, tudo se encaixa. Você precisou ver como era ter Dulce por perto para perceber que a amava e que a quer ao seu lado. Precisou que esse acidente acontecesse para que tudo mudasse. Tenho certeza que também serviu para que ela não estivesse tão na defensiva com você, caso contrário você nunca estaria com ela agora.

— Eu fiz a mesma coisa que fiz na outra realidade, segunda ela, pedi que ela me ajudasse a juntar Poncho e Anahí. Funcionou porque eles estão juntos e nós também. Provavelmente na outra realidade esse não era o meu objetivo, mas nessa era o principal! Além de querer que um dia Ayla venha ao mundo, vovó ela é uma menina tão esperta e incrível. Sei que nada daquilo era real, mas sinto falta dela.

— Anahi e Alfonso estão juntos? – ela colocou a mão na boca em choque – É muita informação para um dia só!

— Mas não é para contar para ninguém. Nós descobrimos sem querer, eles querem se conhecer melhor, tem medo de não dar certo. Estão indo devagar.

— Christopher, acho que tudo acontece por um motivo. Isso que você viveu enquanto estava em coma teve seu propósito, que agora está sendo realizado. Talvez Ayla também venha ao mundo, futuramente. Não sei dizer como tudo isso pôde acontecer, não sei como Deus faz as coisas, mas se está dando certo então não tem do que ter medo. Dulce sabe dessas coisas?

— Ainda não contei, mas em algum momento irei contar. É muito complexo, tenho medo que ela não entenda.

— Ela vai entender, tenho certeza. Não se preocupe. – ela acariciou minha mão e sorriu – E quero que você a convide para jantar aqui em casa, preciso vê-los juntos com meus próprios olhos para ter certeza de que não é um sonho. Obrigada meu Deus! Pedi tanto por isso.

— Vou falar com ela, vovó. Quando quiser nós marcamos.

— Se for possível, pode ser na sexta.

— Ok! Vou falar com ela e te aviso. Obrigada por me ouvir e não achar que eu estou maluco, vovó.

— Não tem o porquê de pensar isso, Christopher. A vida é cheia de mistérios, nunca saberemos tudo. Eu acredito que tudo pode acontecer. Amo você, meu menino.

— Também amo você, vovó – beijei sua bochecha e ela me abraçou. 

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